- seu governo é reprovado por 70% dos brasileiros;
- seu preposto na chefia da Polícia Federal colocou a Operação Abafa a Jato na vitrine; e,
- sua reforma da Previdência tomou o caminho do brejo.
Não tendo nada a dizer sobre nenhum desses temas, Temer optou por mudar de assunto. Pendurou nas manchetes uma intervenção no setor de segurança pública do Rio de Janeiro. Acha que a ousadia fará seu projeto de reeleição ascender por gravidade. Contudo, o mais provável é que tenha apenas se jogado no centro de um incêndio onde não há saída de emergência.
Temer pensa dez vezes antes de mover os lábios. Não dá um “bom dia” sem uma profunda reflexão. Quando ordenou aos ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Raul Jungmann (Defesa) que fossem buscar o governador Luiz Fernando Pezão no Rio de Janeiro, sabia que a lei manda que não se mexa na Constituição enquanto houver Estados sob intervenção federal. Há quem sustente que reformas como a da Previdência poderiam tramitar, desde que não fossem promulgadas. Mas esse é outro debate. Por ora, o que importa para Temer é cavar um pretexto que lhe permita sair de fininho de uma reforma que definhou por insuficiência de votos.
[Temer corre o risco de arder no incêndio pela falta de decisão - não ter coragem de decidir é seu ponto forte;
Acertadamente,
percebe que alguma coisa precisa ser feita para conter a criminalidade
no Rio - a ação das Forças Armadas e das Polícia Civil e Militar tendo
que combater os bandidos, obedecendo uma parcial e absurda legislação de
direitos humanos (que concede dezenas e dezenas de direitos humanos a
bandidos, impedindo uma ação efetiva das autoridades de segurança) tem
se revelado ineficaz.
Só
que a intervenção federal para ser exitosa impõe a necessidade de
várias medidas e falta ao presidente a decisão de adotá-las, então ele
optou pelo caminha mais fácil, mais cômodo e ineficaz: uma intervenção
federal que não é intervenção federal.
Logo alguma associação de advogados estará ingressando na Justiça com ação pedindo a suspensão da intervenção que não é anônima.
Ou
então o MP ou mesmo aquele senador Rodrigues, de Roraima, que usa seu
mandato não para apresentar projetos úteis ao Brasil e ao seu Estado e
sim para aparecer.]Pezão fez cara de dúvida quando soube o motivo da visita de Jungmann e Moreira. A ideia de uma intervenção formal não lhe caiu bem. Preferia algo informal. Acalmou-se ao saber que Temer havia jurado que não daria um passo sem o seu consentimento. O pseudo-governador não dispõe de um itinerário. Mas acha que ainda está no volante.
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