“Aqueles que gritam, que não colocam argumentos na mesa, isso é o bolsonarismo”, falou Barroso. “Lutei contra a ditadura e contra o bolsonarismo”, continuou. “Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”. (Leia em Poder 360°)
Isso
foi dito , durante o Congresso da UNE (eterno braço do
PCB). O ministro estava ao lado de Flávio Dino e do deputado Orlando
Silva. Fora confrontado por um protesto de estudantes que reprovavam sua
conduta no impeachment da presidente Dilma e em relação ao piso da
enfermagem. Barroso elevou o tom para um padrão de discurso e quis
valorizar-se perante a militância ali congregada.
O que disse, vindo do
homem do “Perdeu mané!” e que acabou de exaltar aqui em Porto Alegre a
ascensão do STF à condição de Poder Político é de cair os butiás do
bolso, como se diz aqui no RS para denotar grande estupefação.
Não porque
constitua novidade, multidões sabem como os fatos transcorreram e se
agudizaram as tensões desde que o militante ministro atravessou a
pequena distância que separa a sede do STF da Câmara dos Deputados para
tratar das urnas com impressora.
A Comissão de Constituição e Justiça
tinha ampla maioria para aprovação de um sistema com votos recontáveis;
quando o ministro foi embora, líderes partidários trocaram mais de uma
dúzia de membros da comissão, revertendo o resultado.
A partir daí, o
ambiente político e, na sequência, o ambiente eleitoral,
desestabilizou-se. E veio a censura que o ministro disse haver combatido
e vieram as ameaças e os excessos que assinalaram o processo eleitoral
do ano passado.
Grave, da
maior gravidade, é haver o ministro, agora, espontaneamente, microfone
na mão, consignado à nação sua luta pessoal e a luta colegiada contra o
bolsonarismo.
Isso, vindo de quem presidiu o TSE e vai presidir o STF,
torna ainda pior o que já estava ruim.
Acendem-se as luzes no pelourinho
da opinião pública.
No país do discurso do ministro, o que ele disse
teria consequências. E no Brasil real?
Percival Puggina - Conservadores e liberais