Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
A dificuldade que o PT tem neste momento resume-se a um fato básico: a sua volta ao governo deu errado
Luiz Inácio Lula da Silva, durante o videocast Conversa com o Presidente, no Palácio da Alvorada, em Brasília (DF) | Foto: Ricardo Stuckert/PR
Há pelo menos uma coisa que não muda nunca na vida do PT.
A cada vez que encontra uma dificuldade prática, fica mais radical.
Nunca procura uma solução construtiva para sair da dificuldade que encontrou. Não tenta construir uma proposta, ou apresentar uma ideia. Não aceita negociar nada — o único tipo de negociação que o PT entende é a compra e venda, e a única forma de negócio que conhece é dar dinheiro do Tesouro Nacional para os políticos profissionais que estão em oferta no mercado, os gatos gordos da máquina estatal e os servidores dos seus sistemas de propaganda.
Em vez de mudar, melhorar seu desempenho ou trabalhar mais, corre automaticamente para a saída de incêndio que fica do lado esquerdo.
Essa via de escape, a cada problema, leva o partido para decisões mais e mais extremistas.
É o que está acontecendo de novo agora.
Lula fala, com acessos de cólera, que o PT precisa ressuscitar a militância e fazer “alianças”. Mas fecha com as alas mais doentias da sua direção — e tenta mostrar que ninguém é mais radical do que ele.
A dificuldade que o PT tem neste momento resume-se a um fato básico: a sua volta ao governo deu errado.
Era óbvio, mesmo antes de assumir, que não podia dar certo, levando-se em conta que Lula jamais pensou em nada parecido com um projeto coerente para governar o Brasil.
Tinha apenas um delírio e uma equipe de governo formada quase que unicamente por fugitivos do Código Penal, perdedores de eleição, parasitas irrecuperáveis e gente que passou a vida sem jamais ter nenhum contato com o trabalho, a produção e o mérito.
Mas não faz mais diferença, a esta altura, examinar por que, exatamente, o governo Lula-3 fracassou tão rapidamente — o fato é que fracassou, e não tem a menor ideia viável para sair do fracasso.
Lula sabe que não ganhou a eleição de 2022;só é presidente porque foi colocado na sua cadeira pela dupla STF-TSE.
Mas a junta de governo que formou com o alto Judiciáriolhe deu apenas a Presidência da República — e garante a execução de suas vontades, a proteção penal para os seus aliados e a sua própria imunidade perante a lei.
Não o ajuda a governar.
O STF simplesmente não consegue fazer nada de útil para resolver um único problema real do Brasil ou do governo — nem um que seja.
Como Lula e o PT também não conseguem, fica tudo travado.
A casa só não caiu, até agora, por causa da herança bendita que a economia de 2023 recebeu dos quatro anos de governo Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes.
Mas não pode viver desse capital para sempre, nem continuar utilizando a mentira, eternamente, como seu único mecanismo de gestão pública.
As porcas começam a espanar, mais cedo ou mais tarde — no caso, já começaram. A economia não cresce. O emprego não aumenta. Os salários não melhoram. O que estava ruim continua ruim, e pode ficar pior.
O que teria de acontecer de bom não aconteceu — nem vai acontecer.
O crime organizado ganha cada vez mais espaço; o desorganizado, também. Há PAC, mas não há obra. As pesquisas de “intenção de voto” que dão a ele e ao PT 100% dos eleitores não servem agora para nada.
A popularidade do governo começou a cair no primeiro mês, e não parou mais. Lula e o PT ficam doentes com essas coisas.
O que adianta, a esta altura, colocar Flávio Dino no Supremo?
Qual das questões acima ele pode ajudar a resolver?
Também não resolve nada ficar exibindo o ministro Alexandre de Moraes como um herói do governo e das massas populares.
Há, por acaso, um único candidato do PT que queira o seu apoio no palanque, nas eleições municipais do ano que vem?
É inútil falar ao povo se não há povo. Lula continua incapaz de andar 100 metros em qualquer rua do país; só fala para auditórios fechados e só para os mesmos militantes.
Seu programa de televisão, no qual vinha tentando imitar as lives de Bolsonaro (com as despesas pagas com dinheiro público), teve de sair do ar por falta de audiência.
O PT não tem candidatos para as prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro, as duas maiores cidades do Brasil, e em várias outras capitais importantes.
Suas lideranças começaram a falar abertamente que estão caminhando para uma derrota nas eleições de 2024.
Lula exige que a militância diga ao eleitor, diante da nulidade do seu primeiro ano de governo, que os resultados vão acontecer no futuro — não houve até agora melhora nenhuma para o cidadão comum, mas vai haver.
Esta é a realidade dos fatos — o “sistema caiu” e os técnicos estão trabalhando junto com o STF-TSE para que o governo passe a operar quando possível.
Enquanto isso, e sobretudo se as coisas continuarem do jeito que estão, o PT e o seu comandante apostam tudo em jogar gasolina na fogueira e fazer declarações de guerra; é sempre mais fácil do que trabalhar para a entrega de algum resultado, sobretudo quando o Exército está por trás deles para garantir que combatam sem risco nenhum.
Lula, como sempre, corre para a frente da turma do linchamento.
Em sua última fala pública, para mais uma plateia só de camisas vermelhas, fez um manifesto pela divisão do povo brasileiro, pelo confronto e pelo rancor; quem não está com o PT é um inimigo que deve ser destruído. “Essa eleição vai ser entre eu e o Bolsonaro”, disse ele na ocasião. Aí, resumiu o que acha do adversário — e, possivelmente, dos 58 milhões de eleitores que votaram nele em 2022. “Se um cachorro late para a gente,” disse o presidente da República, “a gente tem de fazer ele ficar com medo da gente”.
Para o partido do presidente, as finanças públicas do Brasil não são um assunto público, que interessa diretamente aos 200 milhões de brasileiros. São uma questão particular do PT; devem ser geridas com o objetivo exclusivo de servir aos interesses eleitorais do partido e de Lula
Lula, o PT e seus satélites da extrema esquerda sabem que todos os seus esforços para ter uma posição mais confortável no Congresso deram em água de bacalhau.
Passaram o ano inteiro torrando bilhões de reais do orçamento para comprar o apoio dos deputados e senadores; eles recebem o dinheiro, mas no dia seguinte já estão querendo mais, e a coisa toda continua no mesmo lugar. Sua proposta para resolver o problema do Congresso é jogar ainda mais dinheiro em cima dele.
A presidente do PT, em público, diz que o ministro da Fazenda está cometendo um “austericídio” com as suas tentativas de suavizar um pouco o déficit financeiro do governo. Exige, então, que o déficit vá para o raio que o parta — senão, diz ela, “esse Congresso engole a gente”.
É assim que o PT trata o Legislativo, quando os parlamentares não obedecem a suas ordens: como uma ameaça, uma doença ruim que tem de ser combatida, e não como o Poder eleito pelos brasileiros para fazer as leis. “Esse Congresso” é o único que o país tem. O que o PT propõe? Que seja copiado o programa “Mais Médicos” —e que o governo crie um “Mais Deputados”, importando gente de Cuba para lhe dar a maioria de votos que não consegue ter no plenário?
Na mesma linha, o líder do PT na Câmara de Deputados diz o seguinte: “Se tiver que fazer déficit nós vamos ter que fazer. Porque, senão, a gente não ganha a eleição de 2024”. Para o partido do presidente, as finanças públicas do Brasil não são um assunto público, que interessa diretamente aos 200 milhões de brasileiros. São uma questão particular do PT; devem ser geridas com o objetivo exclusivo de servir aos interesses eleitorais do partido e de Lula. Isso não é fazer política. Não é apresentar propostas ou ideias. É extremismo. Não se pensa em diálogo, nem que o dinheiro do povo é propriedade do povo; para eles, o dinheiro é de quem manda no governo. Lula, aí, piora o que já está péssimo.
Não lhe passa pela cabeça a responsabilidade que tem como presidente do Brasil — e que o obriga, num caso desses, a ter a coragem mínima de optar ou pela posição do seu próprio ministro da Fazenda ou pela posição da presidente do PT.
Em vez de assumir o seu dever, finge que está dando razão para os dois — quando quer apenas atiçar um contra o outro para favorecer a opção mais extrema.
A mulher do presidente juntou-se ao bando que se especializa em ir ao campo de batalha para executar os feridos.“Se tudo der certo”, anunciou num desses comícios cada vez mais neurastênicos que viraram a grife do governo Lula, “o Bolsonaro logo vai estar na cadeia”. Que diabo ela quer dizer com isso? Que o marido já combinou com o STF a condenação do ex-presidente?
Janja disse também que não se deve chamar mais ninguém de “bolsonarista” — a partir de agora tem de ser “fascista”, direto.
E os deputados, senadores, governadores e outras autoridades que apoiam Bolsonaro em público — também são todos fascistas?
E os brasileiros que votaram nele em 2018 e em 2022, exercendo seu direito constitucional ao voto livre?
Para completar, disse aos que exercem outro direito fundamental, o de dar a própria opinião, e criticam o seu desempenho como a mais óbvia papagaia de pirata que a República já conheceu desde 1889: “Dane-se”. Declarou, enfim: “Eu conquistei este lugar”. É como se tivesse passado num concurso público, ou sido aprovada no exame do Enem.
Poucas cenas de neurose radical, nessa escalada toda, poderiam ser tão instrutivas como os esforços de Lula e do PT para transformar o ministro Alexandre de Moraes em Guia Supremo da esquerda nacional. O ministro, que está hoje nos Top Ten do extremismo político do Brasil, foi o astro do comício em circuito fechado que montaram há pouco para comemorar o “programa de proteção” ao morador de rua — o PAC dos Sem-Teto, exigido por ele e anunciado pelo governo.
Não há notícia da participação de um juiz da “suprema corte”, como diz Lula, num projeto de propaganda como esse. Mas o pior foi o coro do auditório. Gritava-se ali, diante dos sorrisos do presidente da República e do seu ministro dos Direitos Humanos: “Sem anistia” — anistia para os cidadãos que estão sendo condenados pelo STF a até 17 anos de cadeia por terem participado de um quebra-quebra em Brasília.
É um prodígio, realmente, que se grite contra a anistia num ato de compaixão, como deveria ser qualquer tentativa genuína de apoio aos pobres — e ainda mais diante do ministro dos Direitos Humanos, logo ele. A anistia é um direito humano básico. No Brasil é uma “ameaça à democracia”.
É para onde nos conduziu o naufrágio do governo Lula. Sem solução para nada,num arco que vai do Congresso às eleições municipais, joga tudo o que tem em Alexandre de Moraes, Flávio Dino, cadeia para Bolsonaro, cassação de Sergio Moro, desordem nas contas públicas, STF, Exército, polícia. É assim que Lula, o PT e os seus satélites pretendem sobreviver.
Detalhe de “O Juízo Final”, de Fra Angelico. - Foto: Wikimedia Commons/Domínio público [quem observa esta foto e ler o post, logo pensa no atual presidente do Brasil; qual a razão? uns acham que é intimidade dele com a mentira - da qual é o pai - e outras coisas mais. E você]
Ele tem a voz do diabo, a mesma cor vermelha, os olhos injetados. Ele vocifera, ele é colérico, é ódio puro, raiva, desejo de vingança.
E dá vazão a toda sua ira. Ele é incendiário, é infernal. Ele é comunista, e isso é bem mais importante do que ser democrata...
No incêndio destruidor de tudo, ainda há quem afirme que ele é “sabidamente democrata e que vem arriscando de forma consciente a própria reputação”. Nas enormes labaredas, ainda há quem propague, disfarçadamente ou não, que ele deveria ser um “ditador benigno do Brasil”. Para ele tudo é meio relativo. Ele é a mentira.Tudo o que diz e faz deixa claro que tem parte com o demônio, mas ele se considera Deus.
Ele é contra a família, os costumes, o patriotismo. É contra as leis naturais, a lei moral, contra as leis dos homens, contra os direitos humanos, as liberdades fundamentais.
Suas leis são todos os males reunidos.
Ele abraça um coletivo diabólico que acha normal o expurgo de opositores, de qualquer um que queira combater o fogo em que ardem o alento e a esperança. Venezuela, Nicarágua, Cuba, ele não condena as ditaduras porque deseja para o Brasil algo parecido... E atiça, a todo momento, o fogo do inferno.
Ele não tem alma, muito menos a mais honesta de todas.
Ele não é o benfeitor dos benfeitores, o democrata conciliador, o redentor dos brasileiros, o redentor do planeta. Ele é insano, asqueroso, ordinário, imundo
O capiroto é atrevido, ardiloso, enganador. Ele finge que nazismo e comunismo são antagônicos.
Fala mal de Israel, dos Estados Unidos, se indispõe com a Europa, com o Ocidente.
O que deseja são as diabruras da China, da Rússia, do Irã.
Ele é contra a liberdade econômica, o agronegócio, o mundo real, contra o que sempre deu certo. Defende diabolicamente o desastre.
Ele é como Mussolini, quer que tudo seja pelo, para e no Estado, mas fascistas são os outros.
E, nesse inferno, não há parlamento que não possa ser comprado. Ele tem bilhões e bilhões para distribuir.
Ele diz que foi golpe o que não foi golpe.Diz que foi tentativa de golpe o que não foi tentativa de golpe...
Ele é viciado em golpes, é milionário. Seus filhos são milionários. A pobreza é para os outros.
Sua vontade é que pelo menos metade da população brasileira continue sem saneamento básico, sem rede de esgoto ou sem água tratada, ou sem os dois. E não sente culpa. A culpa, toda ela, é de governos anteriores, de cúmplices que o abandonaram e que, agora, ele amaldiçoa. A culpa também pode ser da sua mulher morta... O fogo queima tudo.
VEJA publica relatos exclusivos de um representante de cada Poder sobre os momentos marcantes do epicentro de um dia triste que não pode ser esquecido
Dependendo do observador,os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023 podem ser vistos, interpretados e mensurados de ângulos e maneiras diferentes.
Uma constatação, porém, é inegável à luz dos fatos: a invasão e a depredação das sedes dos Três Poderes passaram para a história como o dia em que a democracia brasileira foi insultada e afrontada em sua essência por bárbaros agindo sob o impulso de mentes perturbadas que se escondiam — e ainda se escondem — nas sombras.
Foi um domingo em que milhões de brasileiros acompanharam, atônitos, cenas execráveis dentro do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Seis meses depois, as autoridades ainda divergem sobre o que exatamente teria motivado os ataques.
Para uns, foi o primeiro ato de um golpe de Estado que não se concretizou. Para outros, uma baderna derivada do extremismo político. [OPINIÃO: para nós, no campo da conjectura e com fundamento na conduta criminosa que caracteriza a militância da esquerda, foram atos realizados por infiltrados petistas e outros da mesma laia, buscando fornecer elementos para um endurecimento da repressão do atual governo - algo tipo o incêndio do Reichstag.]
Era um fim de semana como outro qualquer em Brasília. O presidenteLulavisitava bairros atingidos por uma enchente em Araraquara (SP). Com o recesso parlamentar, o senador Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso, passeava em Paris. O presidente da Câmara, Arthur Lira, descansava numa praia em Maceió. Rosa Weber, presidente do STF, era uma das poucas autoridades que estavam na cidade, quando milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro deixaram um acampamento montado no QG do Exército em direção à Esplanada. No dia anterior, a Polícia Federal havia advertido sobre a possibilidade de a manifestação descambar para atos de violência. Não houve, porém, reforço algum na segurança. [segurança da responsabilidade do atual governo e sob seu comando .]
O Congresso foi o primeiro prédio a ser atacado.Os vândalos quebraram os vidros, destruíram equipamentos, depredaram obras de arte e, de lá, seguiram em direção ao Planalto. Sem resistência, subiram a rampa do palácio e foram arrebentando tudo que encontravam pela frente, até chegar ao gabinete do Presidente da República. A terceira e última escalada foi a que deixou o maior rastro de devastação. Os criminosos atearam fogo no plenário do Supremo, picharam as paredes e simularam defecar sobre os móveis. Foram quatro horas de barbárie. Vencida a perplexidade, as instituições reagiram com vigor.
Mais de 1 200 pessoas respondem hoje a processos, cerca de 250 estão presas desde então e uma Comissão Parlamentar de Inquérito foi criada para apurar o caso.
VEJA publica relatos exclusivos de um representante de cada Poder sobre os momentos marcantes que ficaram na memória de quem esteve no epicentro de um dia triste que não pode ser esquecido.
FLÁVIO DINO: “TEVE DEDOS EM RISTE DE LADO A LADO” Nervoso, o ministro da Justiça discutiu com generais, diz ter certeza de que houve uma tentativa de golpe contra o presidente Lula [Entendemos ser indispensável destacar que o golpe que iria ocorrer, "tentado", se concretizado, seria o primeiro GOLPE DE ESTADO, em toda a História Mundial, realizado por pessoas desarmadas, em sua maioria sexagenários e, completando o modelo inusitado de golpe, o seu natural beneficiário estava há mais de 10 dias fora do Brasil - nos Estados Unidos - o cargo havia sido transmitido normalmente e a posse do novo presidente ocorrido na data aprazada - 1º jan 2023 - tudo conforme a Constituição.]efetuada e afirma que os militares estavam torcendo por uma virada de mesa.
"Percebi que a coisa poderia sair do controle e rumei para o ministério. Era apenas o início de um dia que ainda não acabou. A invasão do Congresso aconteceu diante dos meus olhos. Da janela do meu gabinete, vi quando a multidão derrubou as grades, jogou uma viatura no espelho d’água e escalou o prédio. Havia uns poucos policiais tentando conter os criminosos. Entrei em pânico. Era preciso falar com o presidente. Aquela invasão poderia incentivar protestos similares em todo o Brasil. Lula estava vendo pela TV. Ficamos com medo de perder o controle do país. Se aquilo se multiplicasse, não teríamos força para superar. O golpe seria consumado. Nervoso, xinguei o Bolsonaro, o bolsonarismo, xinguei quem havia tramado aquilo e as forças de segurança [imperioso destacar que as forças de segurança estavam sob o comando do novo governo] que permitiram aquele caos." Invadiram o Planalto e estavam quebrando tudo. Da minha janela vi uma fumacinha preta subindo do prédio do Supremo. Estavam tocando fogo no STF. O caos havia se espalhado. Era preciso agir rápido. Minha ordem era prender todo mundo. Mas nem isso foi possível de imediato.
Depois da destruição, deu-se um embate com os militares. Fui ao Quartel do Exército e disse que a gente ia prender todo mundo que estava no acampamento. Foi quando vi tanques saindo de uma ruazinha. Se alguém ainda tinha alguma dúvida de que um golpe estava em andamento, ela se dissipou naquele momento. A maioria do Alto-Comando torcia — e friso este verbo, torcia — para que o levante tivesse dado certo. Repeti sem parar para o comandante do Exército: ‘General, nós vamos pegar todos, sem exceção. É a minha ordem’. Ele tentou crescer para cima de mim. Teve dedos em riste de lado a lado. A adrenalina estava a mil. Eu repetia: ‘Estão todos presos, estão todos presos’. Ele dizia: ‘Não, não, não’. No meio dessa discussão, outro general interveio e disse que a polícia nunca tinha entrado no quartel para prender pessoas. Essa é uma evidência acima de qualquer dúvida razoável de que havia a simpatia nas Forças por uma virada de mesa. O Exército estava dividido entre bolsonaristas golpistas e bolsonaristas legalistas, mas sempre bolsonaristas.
Diante de um confronto iminente, concordamos em efetuar as prisões dos golpistas apenas no dia seguinte. Vendo hoje, seis meses depois, acho que foi o certo a fazer. Se fosse diferente, seria perigoso para as pessoas e talvez pior ainda para a democracia. Imagina a PM de um lado e o Exército do outro…"
(...)
GILMAR MENDES: “FELIZMENTE ISSO ACONTECEU EM JANEIRO” Decano do Supremo Tribunal Federal, que chorou ao ver os escombros, destaca a forte reação das instituições e diz que o ataque teria desfecho imprevisível caso tivesse ocorrido durante o governo de Jair Bolsonaro
"Almoçava com um amigo juiz em Portugal e, por coincidência, falávamos sobre como havia sido relativamente pacífica a transição de governo no Brasil quando recebi pelo celular as primeiras imagens da confusão. Fiquei em choque. Logo lembrei que tinha feito um prognóstico caso Bolsonaro ganhasse as eleições: o conflito com o Supremo Tribunal aumentaria. Pessoas próximas afirmavam que, se ele vencesse, teríamos de deixar o país. Tudo que eu estava falando sobre o sucesso da passagem de poder tinha acabado de ser revogado. Desde as comemorações do Sete de Setembro de 2021 eu temia que algo como aquilo ocorresse. Liguei de imediato para os ministros Flávio Dino, Alexandre de Moraes, e para a presidente Rosa Weber. Todos estavam tentando entender o que estava acontecendo. Flávio me descreveu pari passu a invasão dos prédios, a omissão da polícia e discutimos o que poderia ser feito de imediato.
(...)
Ainda existem detalhes obscuros nessa história. Tenho a impressão de que a maioria do Alto-Comando das Forças Armadas é legalista, mas não foi por acaso que a polícia de Brasília não fez nada naquele dia.
É preciso investigar a fundo e punir quem cometeu crimes.
Percebi também que a canalização do ódio contra o tribunal foi muito maior do que com o Planalto e o Congresso. Acho até elogioso porque, pelo menos na cabeça das pessoas que destruíram tudo, isso mostra que fomos o órgão que mais guerreou, mais enfrentou, mais tentou colocar limites a esse poder inabalável. Enquanto caminhava pelos escombros, procurei respostas para duas perguntas: o que fizemos para chegar a esse ponto e o que devemos fazer para evitar que isso não se repita. Nenhum avião cai por causa de um erro só e tivemos uma sucessão consorciada de equívocos. Aliás, cometemos uma série deles desde que deixamos o populismo avançar, o que resultou na eleição de Bolsonaro. Repito: não acreditava e continuo não acreditando que houvesse condições para um golpe. Havia pessoas que alimentavam essa ideia maluca. Felizmente tudo ocorreu em janeiro. Se tivesse sido antes, durante o governo anterior, muito provavelmente teríamos a decretação da Garantia da Lei e da Ordem e, a partir daí, só Deus pode responder."
ARTHUR LIRA: “A DIREITA E O BOLSONARISMO PERDERAM” O presidente da Câmara avalia que os ataques foram consequência da polarização política que ainda divide o país e defende o aprofundamento das investigações para evitar a consolidação de narrativas falsas
"Estava descansando na minha casa de praia, na Barra de São Miguel (AL), naquela tarde de domingo. O telefone, de repente, começou a tocar sem parar. Meus assessores e o pessoal da Polícia Legislativa estavam preocupados com a manifestação, que começava a se deslocar em direção ao Congresso. Telefonei para o governador Ibaneis Rocha, que me garantiu que estava tudo sob controle. ‘Governador, eu não estou vendo a polícia na televisão. Não sei onde ela está’, insisti. Ele reafirmou que estava tudo normal. Minutos depois, entraram no Congresso. A segurança começou a me enviar áudios terríveis: ‘Bum!’, bombas, muito barulho, gente gritando. Não houve como conter a invasão. O Congresso é um prédio todo de vidro. Sem a proteção externa, torna-se totalmente vulnerável.
(...)
O problema naquele momento era outro. O presidente culpava o Exército por não ter desmontado o acampamento de onde partiram os manifestantes. Queria que todos fossem imediatamente presos, mas os militares resistiam a cumprir a ordem. Minha percepção é que o governo não tinha o apoio das Forças Armadas nem das Polícias Militares. O clima era tenso. Lula estava revoltado e preocupado com a situação, como todos.
Outros afirmam que foi uma tentativa de golpe. As narrativas reproduzem a polarização política no país. O que a gente pode afirmar é que houve um movimento organizado de desrespeito à ordem, uma agressão inominável às instituições, uma tentativa de criação de um Estado anárquico. Para um golpe, era preciso apoio bélico, militar, e não acredito que se chegou a esse ponto. Torço e trabalho para que esse episódio seja completamente esclarecido, que passe para a história sem versões de conveniência, com os responsáveis devidamente punidos, para que isso nunca mais se repita.
Ministro
da Justiça deve apresentar as medidas ao presidente Lula ainda nesta
semana; objetivo é impedir novos atos ataques contra as instituições
[PERGUNTAS que não querem calar: - o atual ministro da Justiça pretende transformar o Brasil em uma Coreia do Norte? quem ele vai indicar para ser o Kim Jong-un brasileiro? já
foi tudo combinado com os parlamentares que tomam posse na próxima
semana?
Talvez uma Guarda Republicana, nos moldes da do Irã, combine mais.
Respeitosamente, lembramos que os planos daquela autoridade
nos remetem ao incêndio do Reichstag em 1933 ...]
Numa contraofensiva aos ataques de 8 de janeiro, o ministro da Justiça,
Flávio Dino, apresentará ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um
pacote de medidas para coibir novos atentados contra as instituições.
Três das propostas que deverão ser entregues ao petista já estão sobre a
mesa de Dino: a criação de uma força policial para proteger órgãos
federais; a elaboração de um projeto de lei para punir financiadores de
manifestações golpistas; e o lançamento de ferramentas para “moderar”
conteúdos considerados extremistas nas redes sociais.
O ministro da Justiça deve levar o que ele apelidou de “pacote
pró-democracia” a Lula até o fim desta semana. Parte das propostas
precisa ser submetida ao Congresso.
O plano de Dino é aproveitar a comoção ainda latente dos parlamentares
com as cenas de destruição na Câmara e Senado para aprová-las com
celeridade. A elaboração das medidas está sendo articulada pelo
secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz.— Há um sentimento no Congresso. A votação da intervenção (federal na
segurança do DF) teve maioria esmagadora. É uma questão da defesa do
Estado Democrático de Direito. Eu acho que isso unifica uma parte muito
importante do Parlamento, independente da visão ideológica — afirmou
Vaz.
Na avaliação do ministro da Defesa e de outros integrantes do governo,
há diversas lições a serem tiradas de 8 de janeiro. Uma das principais é
que o perímetro das sedes dos Três Poderes da República, dos Palácios
da Alvorada e Jaburu, além de embaixadas, não poderia ficar sob
responsabilidade da Polícia Militar, vinculada a um governo distrital,
que pode fazer oposição ao governo federal.
A nova Guarda, subordinada ao Ministério da Justiça, faria policiamento
ostensivo especializado em conter manifestações e invasões.A pauta,
porém, precisa do aval do Legislativo. Quem está cuidando desse tema é o
Secretário Nacional de Segurança Pública (Senasp), Tadeu Alencar, que
também é responsável pela Força Nacional.
Já o projeto de criação de novos tipos penais para enquadrar os
golpistas prevê, por exemplo, sanções não apenas a pessoas físicas.
Estabelece que empresas acusadas de patrocinar investidas
antidemocráticas sejam impedidas de participar de licitações e receber
benefícios fiscais. Esse texto está sob a responsabilidade do Secretário
Nacional de Justiça (Senajus), Augusto de Arruda Botelho, que é
advogado criminalista.— O Código Penal deixa claro que certos crimes podem contar com
coautores e partícipes. No caso dos atos golpistas, seriam os
financiadores, mas não há uma tipificação específica para eles — diz
Botelho.
Além de falhas de segurança e da atuação dos financiadores, integrantes
do governo federal concluíram que as redes sociais foram a principal
ferramenta para a convocação dos ataques violentos, batizados pelos
golpistas de “Festa da Selma” nas salas de bate-papo virtuais.
Nesse cenário, o ministério planeja propor leis que criem mecanismos
para obrigar as plataformas a serem mais rigorosas no monitoramento e
combate a postagens que claramente atentem contra o Estado Democrático
de Direito. Esse item do pacote, entretanto, é o que tem mais potencial de gerar
polêmicas. Em outras ocasiões, tentativas de moderação de conteúdos e
propostas de remoção de publicações sem decisão judicial já geraram
fortes críticas tanto das plataformas quanto de entidades de defesa da
liberdade de expressão.
Não há indícios de
vazamento, segundo agência da ONU; ataque provoca condenação de vários
líderes mundiais e evidencia riscos de combates em área nuclear
Forças da Rússia capturam a maior central nuclear da Europa após incêndio gerar pânico de radiação
Chamas foram controladas e não há indícios de vazamento segundo agência
da ONU; ataque despertou condenação de vários líderes mundiais e
evidencia riscos de conflito em área nuclear
Tropas russas no Sudeste da Ucrânia assumiram nesta
sexta-feira o controle da maior usina nuclear da Europa, após um ataque
provocar um incêndio e despertar apreensão em todo o mundo, informaram
autoridades ucranianas. Segundo a Agência Internacional de Energia
Atômica (AIEA), as chamas foram extintas sem a detecção de sinais de
vazamento de radiação.
Durante a madrugada, houve grande temor de
que o fogo pudesse se espalhar para os seis reatores da central e
provocar um vazamento nuclear. Monitores internacionais disseram na
manhã de sexta-feira, no entanto, que não há nenhum sinal imediato de
mudança nos níveis de radiação registrados.
De acordo com a AIEA, o
incêndio foi apagado sem se espalhar, nenhum reator nuclear ou
equipamento essencial foi danificado e os níveis de radiação são
normais. A equipe ucraniana da fábrica continua a operar as instalações e
os sistemas de segurança estão funcionando. [vamos deixar os líderes mundiais com seu palavrório inútil - Biden é um deles, o que diminui o valor do apelido - e expressar nossa modéstia opinião de que não há, nem houve risco de acidente nuclear.
Nos parece que o risco aumentou apenas no tocante a que agora além de ter condições, basta querer, para reduzir em 40% o fornecimento de gás para a Europa, os russos podem desligar a usina nuclear - desligamento que aumentará a níveis altíssimos a carência de energia na Europa.
Situação que em nossa opinião leiga, apresenta risco zero de radiação.]
Líderes mundiais condenaram o ataque “imprudente” à usina de
Zaporíjia, que danificou um prédio. Enquanto isso, o Ministério da
Defesa da Rússia acusou as forças ucranianas de iniciar o incêndio e
realizar uma “provocação monstruosa”.
As
forças russas avançam em várias frentes na Ucrânia, com uma estratégia
de cercar cidades e tentar controlar portos e infraestrutura crucial,enquanto organizam cadeias de suprimentos e lentamente conduzem um cerco
a Kiev, em preparação para uma ofensiva. A situação está
especialmente grave em Mariupol, a 220 km a leste da usina, onde a
população de 460 mil pessoas sofre escassez de comida, água e energia
elétrica em função do cerco em andamento.
O
Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia pediu para outros países
adotarem medidas punitivas decisivas contra a Rússia, acusando-a de
gerar o perigo de um desastre nuclear sem precedentes. O
ministério disse que qualquer dano a uma instalação de armazenamento de
combustível nuclear usado pode liberar radiação nuclear. "Como
resultado, um desastre nuclear dessa escala pode exceder todos os
acidentes anteriores em usinas nucleares", afirmou em comunicado.
A usina atualmente opera com apenas uma pequena fração de sua
capacidade máxima. Dois membros da equipe de segurança da instalação
ficaram feridos após um projétil atingi-la durante a noite, enquanto
ocorria uma batalha entre forças russas e ucranianas em seus arredores. O
diretor geral da AIEA, Rafael Grossi, se ofereceu para viajar à central
de Chernobyl e negociar com Ucrânia e Rússia garantias para a segurança
das instalações nucleares ucranianas.
Grossi mostrou uma foto
aérea da instalação de Zaporíjia. O prédio que foi atingido, que abriga
laboratórios e unidades de treinamento, fica perto, mas claramente
separada da fileira de edifícios dos reatores. — O que entendemos é que este projétil veio das forças russas. Não temos detalhes sobre o tipo de projétil — disse Grossi.
Grossi
sugeriu um encontro com autoridades russas e ucranianas na extinta
usina de Chernobyl, onde nos primeiros dias da ofensiva a Rússia assumiu
o controle das imediações da região onde ocorreu o pior acidente
nuclear do mundo, em 1986. A equipe de plantão em Chernobyl não foi
trocada desde que foi apreendida na semana passada, apesar dos repetidos
apelos de Grossi.
A situação em Zaporíjia é semelhante, pois a Rússia a controla, mas a equipe ucraniana continua a operá-la.
O
presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, usou o incidente para pedir
um endurecimento maior contra a Rússia. Ele disse que conversou com
vários líderes mundiais nas primeiras horas de sexta-feira, acusando a
Rússia de atacar deliberadamente os reatores. — É necessário
endurecer imediatamente as sanções contra o Estado terrorista nuclear —
declarou Zelensky em um vídeo. — É necessário impedir que a Europa
morra de um desastre nuclear. [ao nosso entendimento,só tem um endurecimento que favorecerá o povo ucraniano e a própria Europa = a remoção imediato do ainda presidente ucraniano. Aquele cidadão já teve tempo amais que suficiente para entender que palavrório, falação e coisas do tipo, não resolverão o problema. Enquanto ele permanecer na presidência o sofrimento do povo ucraniano só vai aumentar.]
Um
porta-voz do Ministério da Defesa russo descreveu os eventos em uma
versão inteiramente oposta à ucraniana. Ele disse que a usina nuclear
está operando normalmente e que a área está sob controle russo desde 28
de fevereiro. — No entanto, ontem à noite, no território adjacente
à usina, foi feita uma tentativa do regime nacionalista de Kiev de
realizar uma provocação monstruosa — disse o porta-voz Igor Konashenkov.
— Por volta das 2 da manhã, durante uma patrulha do território vigiado
adjacente à usina nuclear,uma patrulha móvel da Guarda Nacional foi
atacada por um grupo de sabotagem ucraniano.Para provocar um
contra-ataque no prédio, disparos pesados de armas leves foram lançados
contra militares da Guarda Nacional Russa das janelas de vários andares
de um complexo de treinamento localizado fora da usina.
Ele disse que a patrulha russa respondeu ao fogo para reprimir o
ataque, e o "grupo de sabotagem" abandonou o complexo de treinamento,
incendiando-o ao sair.
Condenação de líderes O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou com Zelensky e classificou a ação como uma “irresponsabilidade” da Rússia, mesma definição usada pelo secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg.
Boris
Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, condenou as “ações
imprudentes” de Putin e disse que pedirá uma reunião emergencial do
Conselho de Segurança da ONU. Já Justin Trudeau, do Canadá, pediu que os
“ataques horríveis” cessassem imediatamente.
Na hora do ataque,quatro dos seis reatores da usina estavam sendo resfriados de acordo com
procedimentos operacionais seguros, informou a inspetoria nuclear da
Ucrânia. O órgão advertiu que impedir a resfriação das unidades de
energia pode levar a “liberações radioativas significativas".
Oleksandr
Kharchenko, consultor do ministro da Energia ucraniano, disse que o
maior risco seria uma possível interrupção no fornecimento de energia da
usina e nos geradores de reserva. — Se estes também fossem
cortados, isso afetaria o sistema de resfriamento do reator — afirmou,
citado pelo Financial Times. — Se isso for danificado, ninguém pode
prever as consequências.
A central nuclear de Zaporíjia fica no Sul da Ucrânia, às margens do
rio Dnieper, a 525 km de Chernobyl. Ela tem uma capacidade total de
quase 6.000 megawatts, suficiente para abastecer quatro milhões de
residências. Em
um período normal, a usina produzia 20% da energia elétrica do país e
quase metade de sua energia nuclear.A construção do primeiro reator
começou em 1979 e o último entrou em operação em 1995. O local tem seis
reatores VVER-1000 de concepção soviética. Estes reatores têm duração
média de entre 40 e 60 anos, e possivelmente mais, caso passe por
ajustes tecnológicos.
Embora o ministro das Relações Exteriores da
Ucrânia, Dmytro Kuleba, tenha alertado para um desastre “10 vezes
maior” do que Chernobyl, analistas disseram que isso era improvável. Os
reatores nucleares em Zaporíjia têm um design diferente, com uma concha
de contenção, e desde então foram atualizados para novos regulamentos. —
Se não houver danos militares significativos em seus múltiplos sistemas
de segurança redundantes, os reatores devem permanecer em um estado
seguro e estável — disse à Bloomberg Lake Barrett,ex-funcionário da
Comissão Reguladora Nuclear dos EUA que esteve envolvido na limpeza da
usina nuclear de Three Mile Island, nos EUA, onde houve um acidente em
1979.
Nos dias que antecederam o ataque, a AIEA considerou uma zona de
exclusão de 30 quilômetros ao redor de todos os reatores da Ucrânia,
reconhecendo a natureza sem precedentes de combates dentro e ao redor
das instalações. Nunca houve um ataque militar a uma usina nuclear em
operação, disseram analistas.
A
informação sobre o fogo na usina foi divulgada primeiramente pelo
prefeito da cidade de Energodar, Dmytro Orlov, em um vídeo postado em
seu canal no Telegram. Ele citou o que chamou de ameaça à segurança
mundial, mas sem dar detalhes. Mais cedo, Orlov já tinha afirmado
que uma coluna de soldados russas se direcionava para a usina nuclear,
relatando que "tiros altos podiam ser ouvidos na cidade".
Ataques sucessivos envolvem ONGs, jornalistas, governos
estrangeiros e as chamadas revistas especializadas
Secas prolongadas e chuvas em excesso. Pragas e
ervas daninhas, além de muita saúva. Foi-se o tempo em que esses eram os
grandes inimigos do agronegócio brasileiro. Hoje, no Brasil, os
sabotadores da agricultura e da pecuária são igualmente nocivos, mas
combatê-los é bem mais difícil. Eles nascem em organizações não
governamentais, brotam em redações jornalísticas, desenvolvem-se em
agências de publicidade, crescem em gabinetes de Brasília, proliferam em
governos estrangeiros e se camuflam nas chamadas “revistas
especializadas”.
Em outubro de 2017, por exemplo, um artigo publicado pelo Psol
qualificou de “ecocida” o agronegócio brasileiro, acusado de ter
provocado um incêndio no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
Fernando Tatagiba, então diretor do parque, também tentou envolver na
fogueira os fazendeiros da região, mesmo confessando que não existiam
elementos suficientes para identificar culpados. “O fato de o incêndio
ter surgido no interior do aceiro (espécie de trilha aberta no meio da vegetação ou próximo a estradas para tentar conter o avanço do fogo)
me leva a crer que alguém adentrou no parque e botou fogo”, disse
Tatagiba. “Não temos elementos para dizer quem é o responsável, mas
podemos dizer, com certeza, que é criminoso.”
Uma reportagem do Estadãomostrou que a resposta não era tão
singela. Os fazendeiros classificaram de absurda a acusação. “Estão
politizando o incêndio, querendo criminalizar os produtores, quando o
responsável por isso é o tempo seco”, disse Pedro Sérgio Beskow,
produtor rural em Cavalcante e presidente da Associação Cidadania,
Transparência e Participação, entidade que reúne pequenos e médios
ruralistas da região. O texto não descartava a hipótese de o fogo ter-se
originado de causas naturais.
Em outubro de 2021, militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST) invadiram a sede da Associação Brasileira dos Produtores
de Soja (Aprosoja Brasil), em Brasília, depredaram o local e picharam
frases como “Agro é morte”, “Agro é fome” e “Soja não mata a fome”. O
surto de vandalismo teve repercussão internacional — traduzida em
manifestações de apoio aos baderneiros.
Em março passado, a fabricante de cervejas Heineken aderiu ao Dia
Mundial sem Carne. “Que tal comer e beber mais verde?”, propunha uma
postagem nas redes sociais da marca. “A cerveja feita com água, malte,
lúpulo e nada mais é a opção perfeita para o acompanhamento de hoje.”
Nove meses depois, o Bradesco teve uma ideia parecida. Num informe
publicitário, o banco resolveu relacionar o aquecimento global à pecuária brasileira.
No vídeo, três influenciadoras de YouTube sugeriam uma versão nacional
da Segunda-Feira sem Carne, com o objetivo de preservar o meio ambiente.
As ofensivas também vêm do outro lado do Atlântico. “Depender da soja
do Brasil é endossar o desmatamento da Amazônia”, delirou Emmanuel
Macron, em janeiro de 2021.[o gênio francês é também o autor de plantar em segundo andar no território do país que preside.]O presidente da França conclamava os países
europeus a produzir e consumir sua própria soja,para evitar a compra do
grão que, na sua cabeça, “era feito a partir da floresta destruída”.
Também essa declaração ecoou na imprensa historicamente desinformada.
Além de não serem grandes produtoras de soja, as propriedades rurais
localizadas na Amazônia são obrigadas a preservar 80% de sua área.
“É
como se você tivesse um carro, mas só pudesse usar o banco do
motorista”, compara Michel Muniz, assessor do projeto Farmun, que
estimula pesquisas científicas ligadas ao agronegócio em escolas de Mato
Grosso. “Ou como uma casa de cinco cômodos, em que só um pode ser
ocupado. Os outros devem ser arrumados e mantidos em ordem, mas ninguém
pode usá-los.”
Entre os incontáveis sabotadores do agro brasileiro, os engajados em
ONGs talvez sejam os mais agressivos. Em outubro do ano passado, a
organização austríaca AllRise chegou à estratosfera:denunciou o
presidente Jair Bolsonaro ao Tribunal de Haia por crime ambiental, em
razão dos desmatamentos na Amazônia. Numa reportagem da BBC, a ONG
afirmou que “as emissões de gases do efeito estufa advindas de queimadas
e da pecuária em escala industrial na floresta são agora maiores que o
total de emissões anuais da Itália ou da Espanha e estão levando a
Amazônia em direção ao ponto de desequilíbrio, para além do qual a
floresta entraria em estado de seca”. Para justificar o “crime contra a
humanidade”, a ONG atribui ao desmatamento no Brasil “as ondas de calor e
os incêndios florestais que se repetem no sul da Europa, em regiões do
Oceano Pacífico da América do Norte e na Austrália, além de enchentes e
outros problemas climáticos na Alemanha, Estados Unidos e China”.
Ciclo vicioso “Em 2009, durante a convenção do clima, foi pactuado que os países ricos iriam mobilizar US$ 100 bilhões por ano para serem investidos nos países em desenvolvimento e pobres, para que eles pudessem fazer transformações tecnológicas”, lembra Eduardo Lunardelli, produtor rural e ex-secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente na gestão de Ricardo Salles. “Estamos falando de R$ 1,2 trilhão. Só que eles não aportaram até agora nem sequer US$ 12 bilhões. Ou seja, 1% do prometido.”
(...)
Essa dinheirama, contudo, acaba nas mãos de meia dúzia de ONGs. “Em muitos casos, é vetada a doação do dinheiro para a iniciativa privada, seja para pequenas empresas, cooperativas, tribos indígenas e outros agentes econômicos que não sejam ONGs”, diz Lunardelli. “Dessa forma, não há cooperação, inovação, inclusão, fomento ao empreendedorismo e à livre-iniciativa. Isso não beneficia quem está na ponta, não é usado contra o desmatamento nem para socorrer índios ou proteger a fauna e a flora silvestres. Os recursos são consumidos em estudos, workshops e viagens”. Lunardelli acusa também a existência de um grande esquema envolvendo forças à esquerda. “Se eu tivesse sido secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente no governo do PT, hoje estaria na FAO”, exemplifica. “Receberia o dinheiro para a locação, ficaria lá dois ou três anos, depois montaria uma ONG e iria para a ponta recebedora. Ou alguém realmente acredita que esses países estão doando dinheiro a fundo perdido para resolver um problema climático, ambiental?”
Golpe baixo Entre os beneficiários dessas doações, Lunardelli inclui dois dos 12 signatários de um artigo que configurou o mais recente golpe baixo contra o agronegócio brasileiro: Raoni Rajão, professor da UFMG, e o climatologista Carlos Nobre. Rajão é fundador do Laboratório de Gestão de Recursos Ambientais (Lagesa), integrado ao Departamento de Engenharia de Produção da Escola de Engenharia (Laesa, da UFMG), que tem estreitas relações com o Observatório do Código Florestal e com instituições ligadas aos governos da Noruega, dos Estados Unidos, da Alemanha. O Observatório é composto das ONGs WWF, Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA), SOS Mata Atlântica, The Nature Conservancy e Kanindé. JP Morgan, Intel e Ford são algumas das empresas envolvidas nessa rede.
Publicado na revista Biological Conservation, vinculada à empresa holandesa Elsevier, o artigo procura alvejar a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e um de seus mais respeitados membros: Evaristo de Miranda.
Doutor em Ecologia e chefe-geral da Embrapa Territorial até dezembro do ano passado, Miranda é um dos mais respeitados especialistas em meio ambiente e agronegócio. (...) Para tentar desqualificar Miranda, que colaborou com todos os governos desde o presidido por José Sarney, o artigo começa por referir-se a ele como “guru ambiental de Bolsonaro”. A expressão foi usada pela revista Piauí em março de 2021. O conteúdo dos dois textos sugere que seus autores trocaram ideias intensamente.
Ficção e realidade Entre as acusações infundadas a Miranda, está a de que sua influência contribuiu para o “afrouxamento de normas ambientais”. Outra crítica mira o novo Código Florestal, considerado pelo mundo inteiro — com exceção dos autores da Biological Conservation — o mais rigoroso do planeta. “O Código Florestal foi uma tentativa bem-sucedida de proteger o meio ambiente e, ao mesmo tempo, garantir segurança jurídica aos agricultores”, resumiu Aldo Rebelo, relator do código e ex-ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff. “Ele é extremamente severo com os agricultores. É só pesquisar o tamanho da reserva legal que um proprietário sueco, por exemplo, destinada ao meio ambiente. No Brasil, são em média 50%.”
A Embrapa contribuiu para que o Brasil, importador de alimentos na década de 1970, se transformasse num dos maiores exportadores de produtos agrícolas
Para Gustavo Spadotti, chefe da Embrapa Territorial, uma das provas do sucesso do código é que nem ambientalistas nem produtores rurais ficaram totalmente satisfeitos. “Talvez tenha sido a lei mais debatida da história”, observa. “Foram cerca de 200 audiências públicas até se atingir o equilíbrio entre produção e preservação.” Nesta quinta-feira, 10, a Embrapa soltou uma nota em que divulga as mais de 15 manifestações de apoio que recebeu das principais entidades agropecuárias do país desde a publicação do artigo.
O currículo de Miranda mostra que é possível conciliar o agro com a preservação ambiental. “Existe o agro antes e depois do livro Tons de Verde”, conta Lunardelli. “Escrito por Miranda, a publicação comprova que somos muito melhores do ponto de vista ambiental do que qualquer outro produtor rural do mundo. Podemos falar com orgulho que, para cada metro quadrado que o brasileiro planta, outro é dedicado à conservação.”
Essa realidade ajuda a entender a fúria de governos estrangeiros: os fatos desmontam a falácia que responsabiliza o agronegócio pelo desmatamento no Brasil. Lunardelli registra que o Brasil possui a maior reserva de água potável, terras agricultáveis não exploradas, biodiversidade e jazidas de minério do planeta. “Para os países desenvolvidos, sempre foi interessante articular estratégias para impedir a ocupação territorial do Brasil, que é basicamente uma reserva global”, diz. “Se um dia faltar minério no mundo, haverá na Amazônia. Se acabar água, a Amazônia terá de sobra. Especialista em análise de uso e ocupação territorial, Miranda provou que dois terços do território nacional são cobertos por vegetação nativa — e que 50% dessas áreas estão dentro dos imóveis rurais. A verdade é que ninguém quer salvar o planeta. Tudo é 100% interesse econômico.”
O país que alimenta o mundo
A Embrapa contribuiu para que o Brasil, importador de alimentos na década de 1970, se transformasse num dos maiores exportadores de produtos agrícolas. Projeções feitas por Elisio Contini e Adalberto Aragão, pesquisadores da Embrapa, atestam que o país alimentou, só com grãos, cerca de 800 milhões de terráqueos em 2020 — quase 10% da população mundial. Somente em grãos, foram 31 quilos de comida por habitante da Terra. Campos de soja, girassol e milho | Foto: Shutterstock
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os frangos existentes no país somaram 1,5 bilhão de cabeças em 2020. Em segundo lugar aparecem os 220 milhões de bovinos. O terceiro lugar fica com os mais de 40 milhões de suínos. Essa trinca gerou 30 milhões de toneladas de carnes, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Caso fosse consumido exclusivamente em hambúrgueres, esse colosso abasteceria 500 bilhões de sanduíches — 65 por habitante no planeta. O Brasil também é o maior fornecedor mundial de açúcar, soja, café e suco de laranja.
Produção com preservação Paralelamente a essas cifras superlativas, o país preserva quase 67% do seu território: 10% desse total são unidades de conservação. Outros 14% são terras indígenas e outros 10%, “terras devolutas e não cadastradas”. Mais de 33% — ou seja, um terço do país — de áreas dedicadas à preservação da vegetação nativa estão em propriedades rurais, em terras privadas. Estudos da Embrapa revelam que fazendas e sítios brasileiros preservam uma área de florestaequivalente à soma de dez países europeus:Irlanda, Reino Unido, Portugal, Espanha, França, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Áustria e Itália.
O agronegócio utiliza menos de 30% das terras brasileiras (250 milhões de hectares). Desse total, pouco mais de 21% são ocupados por pastagens. As lavouras não chegam a 8% do território brasileiro. O 1% restante são florestas plantadas, sobretudo eucalipto. Nos Estados Unidos, quase 75% do território é destinado à agropecuária. Os agricultores brasileiros sabem explorar a terra como poucos: em 2022, enquanto a média mundial alcança menos de 3 toneladas de soja por hectare, a brasileira atinge incríveis 3,5 toneladas colhidas por hectare.
Não é surpreendente que esses números atrapalhem o sono de dezenas de países incapazes de competir com o Brasil. O que lhes resta é o jogo sujo. Para reduzir a pujança do agro brasileiro, no entanto, será preciso muito mais que manifestos publicados na Biological Conservation. Ou na revista Piauí.
O laudo preliminar da análise no transformador que pegou fogo em uma subestação em Macapá detectou que o incêndio teve início após uma peça do equipamento superaquecer. Esse mesmo laudo descarta a versão de que teria sido 1 raio o causador da avaria do transformador. Além disso, o para-raios do local não acusou nenhuma anormalidade.
O incêndio provocou 1apagãoque afeta cerca de 700 mil pessoas em todo o Estado desde 3 de novembro.
“O perito emitiu uma constatação informando que o problema ocorreu em uma das buchas do transformador, houve 1 superaquecimento, e isso gerou o incêndio. E esse incêndio foi contido pelo Corpo de Bombeiros do Estado. Na empresa não havia uma guarnição que pudesse conter o fogo”, informou a delegada Janeci Monteiro, da Polícia Civil do Amapá, em entrevista concedida nessa 4ª feira (11.nov). Dos 3 transformadores no local, 1 pegou fogo e sobrecarregou o 2º, que acabou danificado. O 3º já não estava funcionando.
Segundo a polícia, haverá outro laudo mais detalhado, com informações mais precisas, que ainda estão sendo apuradas. A polícia abriu investigações para verificar se o incêndio foi provocado por ação humana. Essa suspeita levou a polícia a cumprir mandados no escritório da empresa responsável pela subestação.
A empresa responsável pela transmissão de energia é a Linhas de Macapá Transmissora de Energia. Pertence ao grupo Gemini, e que comprou a Isolux, empresa que prestava o serviço anteriormente. Caso seja comprovada a responsabilidade da empresa, os responsáveis legais poderão responder pelo crime de atentado à segurança ou ao fornecimento de serviço público. A pena é de 1 a 5 anos de reclusão, além de reparação civil.
O apagão deixou praticamente todo o Estado do Amapá sem energia por cerca de 80 horas. Após esse 1º momento, a luz começou a ser distribuída, mas em regime de rodízio. Regiões ficam por algumas horas com luz e depois ela é cortada, para que outras regiões passem a receber luz. Mas os moradores reclamam que o rodízio está sendo feito de forma desigual, com alguns locais recebendo energia por mais tempo que outros.
Empresa Em relação aos pontos levantados pela Polícia Civil do Amapá, a Linhas de Macapá Transmissora de Energia informou que estava operando de acordo com o contrato vigente e a anuência dos órgãos reguladores; que as causas do acidente estão sendo investigadas pela empresa e pelos órgãos competentes e ainda não há como esclarecer a origem do problema.
A empresa afirmou também que as medidas de contenção respeitaram todas as normas, tendo evitado, inclusive a propagação do fogo para os demais equipamentos da subestação. A LMTE também disse que não tomou conhecimento de nenhuma acusação formal ou processo judicial sobre supostas alegações de atentado ao serviço público e bloqueio de bens da empresa.
Coluna publicada em O Globo - Economia 12 de março de 2020
Eis como a situação
econômica, em qualquer país, pode se complicar, em consequência das
restrições impostas para o controle do coronavírus. Começa que a empresa
perde receita ou porque teve que fechar(cinemas, por exemplo)ou
porque os consumidores não vão às compras.
Mas continua com suas
obrigações básicas, pagamento de salários, impostos e prestações de
empréstimos, além da conta de insumos adquiridos anteriormente. Se essa
situação se prolonga, a empresa atrasa impostos, dá o cano nos bancos e
demite funcionários. E a crise passa para o governo, que perde receita,
para os bancos, que levam calote, e, mais importante e grave, para os
trabalhadores que perdem emprego. É a partir daí que
todos, governo e sociedade, devem organizar as respostas para dividir os
prejuízos.
No fundo, sabe-se o que fazer. A questão política é como
coordenar as medidas nacional e globalmente. Governos podem adiar o
pagamento de impostos, especialmente para os setores mais atingidos.
Bancos podem negociar a reestruturação de financiamentos. Na Itália, a
associação de bancos disse que seus membros podem suspender as dívidas
de pequenas empresas e de pessoas, incluindo hipotecas. E as empresas em
geral podem evitar as demissões, por exemplo, reduzindo a jornada de
trabalho, com redução equivalente de salários. Mesmo assim, governos
devem estender os benefícios de desemprego.
Tudo isso custa
dinheiro e requer outras ações para amenizar os danos. Os bancos
centrais já se preparam para injetar dinheiro no sistema financeiro,
comprando títulos de bancos e empresas. Em muitos países, a taxa de
juros já está a zero ou negativa – era uma resposta à desaceleração
econômica que já acontecia antes do coronavírus. Nesses casos, só resta a
opção de dar liquidez ao mercado. Mas nos Estados Unidos, por exemplo, é
praticamente certa a redução dos juros a zero. E, finalmente, todos os governos precisam gastar muito dinheiro no controle da epidemia.
Nada disso é novidade.
As medidas econômicas de combate à recessão foram aplicadas na crise de
2008/09, com bastante sucesso. E houve uma extraordinária coordenação
entre governos, bancos centrais e instituições globais, como o FMI e o
Banco Mundial. E aqui já aparecem
alguns problemas. A coordenação nacional e global, por exemplo, é menos
provável hoje. Peça fundamental, o governo americano, com Trump, está
mais para tentar tirar vantagem (América primeiro) do que para cooperar.
Aliás, como Bolsonaro nesta semana, Trump já havia dito que a epidemia
era mais coisa da imprensa e dos democratas. Agora, está dizendo que os
democratas bloqueiam as medidas de controle do vírus. Também se
vangloriou com a frase: temos uma economia muito forte, mas isso causa
inveja no mundo (em tradução livre).
De outro lado, existe a
situação específica de cada país. No Brasil, por exemplo, os governos
federal e estaduais estão em déficit, fazendo ajuste fiscal. Como
poderiam aumentar gastos e perder receita com adiamento do pagamento de
impostos?Sem dúvida, uma reação
lógica está na aceleração das reformas. A tributária, por exemplo,
facilitaria em muito a vida das empresas. Também seria importante a
aprovação da “PEC emergencial”, que permitiria mudanças nos gastos, com a
redução no pagamento de salários e aumento de despesas em outras áreas,
como saúde e infraestrutura.Ocorre que a pressão no Congresso será na direção contrária: não cortar nada e aumentar gastos em geral.
Nesse quadro, não ajuda
em nada a atitude agressiva do presidente Bolsonaro e seu pessoal em
relação ao Congresso e à mídia, esta que tem importante função de
informar e esclarecer. Se o presidente diz que a crise é mais coisa da
grande mídia, isso pode desmobilizar esforços e cuidados que todos
deveriam tomar. Além disso, atrapalha a
coordenação que deveria ocorrer em todas as instâncias da administração
para combater a epidemia e seus efeitos na economia. A guerra de preços do petróleo
lançada pela Arábia Saudita foi, literalmente, gasolina no incêndio. Mas
é mais provável um arranjo aqui, com um armistício entre Arábia
Saudita e Rússia. A crise do coronavírus, com ameaça de recessão, é mais ampla e mais difícil de administrar.