O Globo
Na tentativa de chegar a um texto que diminua a possibilidade
de questionamentos na Justiça, a presidente da Comissão de Constituição
e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), incluirá na pauta do
colegiado da próxima quarta-feira cinco projetos de lei que preveem a
prisão
de condenados em
segunda instância
por meio de modificações no texto do Código de Processo Penal (CPP). No
entendimento de juristas, inclusive do presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), Dias Toffoli, uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC)
que alterasse o artigo 5º da Constituição deverá ser contestada por
mexer em cláusula pétrea, o que não é permitido. CCJ pauta cinco projetos para modificar legislações e reverter decisão do Supremo. Por não mexer na Constituição, sofreriam menos contestação na Justiça
Na pauta de Tebet, o projeto mais antigo é de 2015 e foi apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Ele altera o CPP para definir o que é trânsito em julgado. No texto, o senador estabelece que os condenados podem ser presos quando os recursos disponíveis não são mais capazes de reverter ou anular a sentença, o que ocorre a partir da segunda instância.
Pacote anticrime
Outros três projetos foram apresentados em 2018. O do ex-senador Cássio
Cunha Lima (PSDB-PB) acrescenta na Lei Introdução às Normas do Direito
Brasileiro, em trecho que trata de “coisa julgada ou caso julgado”, o
dispositivo: “para fins de cumprimento de sentença penal condenatória, o
trânsito em julgado será considerado a partir da condenação em 2º grau,
em única instância ou após julgamento de recurso”.
O senador acrescenta que “o STF tem formado uma maioria muito volátil em torno do tema”, o que permitiria debater um “limite mais elástico à coisa julgada”.
Os outros dois projetos do ano passado são de Laisier Martins (Podemos-RS) e novamente de Randolfe Rodrigues, e modificam respectivamente os artigos 283 e 674 do CPP, com o mesmo objetivo de permitir a prisão após condenação em segunda instância.
O quinto projeto na pauta de Tebet é parte do pacote anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro, que está na Câmara. Idêntico ao que propõe o ministro, o texto foi apresentado pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) para ser debatido também no Senado. Ele prevê que se acrescente ao CPP um trecho que determina que a execução provisória da pena seja decisão dos tribunais de segunda instância.
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