Situação reflete a pouca importância que a sociedade dá a agentes da lei, ao contrário dos EUA
Sem autoridades ou pêsames oficiais, o sepultamento do PM reformado
Carlos Magno Sacramento, 60º policial morto no Rio este ano, aconteceu
na última terça-feira apenas com a presença de parentes e alguns colegas
de farda. Um dia antes, o presidente Barack Obama e seu antecessor,
George W. Bush, fizeram homenagens a cinco policiais mortos em Dallas,
nos EUA. O contraste reflete um fenômeno cada vez mais preocupante,
segundo especialistas, de banalização de crimes contra agentes de
segurança pública. Para eles, perde a sociedade como um todo. Neste
sábado, a estatística mudou: o soldado Carlos Eduardo dos Santos Mira,
de 33 anos, foi baleado num confronto com bandidos numa favela em
Niterói. Agora são 61 policiais mortos.
Segundo o sociólogo Renato Sérgio de Lima, vice-presidente do Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, é como se essas mortes fossem inerentes
a um processo, aceitáveis numa suposta guerra particular. Uma
naturalidade, diz ele, que já recaía sobre o assassinato de jovens
negros e pardos nas favelas e periferias da cidade.-
No fundo, a sociedade entende que algumas pessoas podem morrer. Está na
conta dessa guerra, desde que não atinja grupos com protagonismo. Do
contrário, vai se resignar e dizer que essa é a história do país. Quase
todos os gestores repetem que estamos vivendo um faroeste. A verdade é
que o Estado brasileiro está deixando matar e morrer, e a vida do
policial, grande parte também negra e vivendo nas periferias, parece ter
menos valor - diz o sociólogo. [errado igualar as circunstâncias da morte de policiais - que ocorrem em sua maioria quando estão no legítimo cumprimento do DEVER - com a morte de jovens negros e pardos nas favelas e periferias da cidade.
A maior parte das vezes os policiais partem para o confronto no estrito cumprimento do DEVER LEGAL.
Já a maioria dos jovens - que nem sempre são negros e pardos, há brancos entre eles, sendo leviana a tentativa de criar uma situação de racismo onde não existe - morrem por ação de bandidos ou em confronto com a polícia, já que a maior parte daqueles jovens estão envolvidos com o crime, especialmente o tráfico de drogas.
Errado é tentar passar a ideia de que o jovem negro e pardo é um criminoso em potencial.
Muitos jovens que estão envolvidos com o crime, são em sua maioria negros e pardos mas também existe brancos, amarelos que cometem crimes e devem ser punidos com igual rigor.
E, se tratando de bandido (seja qual for a cor da pele) é DEVER e DIREITO do policial fazer o necessário para que se alguém tenha que morrer não seja o policial.]
De acordo com o último Anuário Brasileiro de Segurança Pública,
realizado pelo Fórum, 2013 e 2014 registraram, respectivamente, 104 e 98
mortes de policiais no Estado do Rio - a maioria PMs. Se no segundo
semestre de 2016 a frequência de assassinatos seguir o ritmo do início
do ano, a estatística de mortes de agentes da lei deve superar a desses
dois anos.
PERCEPÇÃO DO VALOR SOCIAL
No caso de Carlos
Magno, a PM informou que o subtenente foi morto numa tentativa de
assalto num bar do bairro Apolo III, em Itaboraí. Em Dallas, os agentes
foram alvejados numa emboscada durante uma manifestação contra o
racismo. Aqui, conta a filha de Carlos Magno, Karina Vianna de
Sacramento Terra, a família custeou o enterro do PM e não recebeu sequer
uma nota de pesar de uma autoridade. - Ninguém nos procurou. Depois de 30 anos na ativa, há dois meu pai
estava aposentado e complementava a renda como segurança. Foi uma vida
inteira servindo à corporação e, agora, não teve retorno algum, nem uma
nota lamentando sua morte - ressente-se Karina.
Coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidade da
Universidade Cândido Mendes, a cientista social Sílvia Ramos chama de
"omissão política declarada" esse silêncio do comando da PM, da
Secretaria de Segurança e do governo diante da repetição de casos como o
de Carlos Magno. Ela lembra que, nos EUA, além da presença de Obama e
Bush nos funerais dos policiais, é rotina prefeitos e governadores
acompanharem sepultamentos de agentes de segurança mortos em serviço. - Não temos ouvido uma palavra do comandante-geral da PM (coronel
Edison Duarte), nem com respostas técnicas nem lamentando as mortes. Às
vezes, nem os comandantes de batalhões comparecem aos enterros.
Principalmente quando um policial morre praticando aquilo que a
sociedade delegou a ele, que é o uso da força, é muito grave - diz
Sílvia, acrescentando que a questão social influencia na forma com que
encaramos a morte, o que explica a maior comoção quando a vítima é de
classe média. - Parece que faz parte do dia a dia do trabalho policial.
Da mesma forma, não nos chocamos com três mortos por bala perdida no
Complexo do Alemão. A cidade não se mobiliza.
O músico Marcelo Yuka, baleado ao tentar evitar um assalto na Tijuca
no ano 2000, por sua vez, pondera que a falta de reação social pode
estar associada a um medo da população em relação à polícia. Para ele,
falta mobilização também das forças de segurança e dos governos quando
um jovem é morto numa ação policial: - Ao mesmo tempo, é preciso que a polícia se veja como parte da
sociedade, não como uma elite. E, como tal, classe média pobre, mais
perto daqueles que ela oprime do que daqueles que a mandam oprimir. Tudo
faz parte de um grande abandono humano, em que a vida não vale nada.
Ex-comandante do Bope, o antropólogo Paulo Storani concorda que os
policiais estão sendo vítimas de uma crescente violência nas ruas que
atinge a população de modo geral. Ele aponta uma série de fatores para
essa situação. Entre eles, a falta de planejamento em segurança pública e
a deficiência do sistema de formação policial. No entanto, ele defende
que há uma campanha sistemática de desqualificação dos serviços
públicos, entre eles, o da polícia. - É desenvolvida a mentalidade de que a polícia mata, causando um
afastamento do cidadão. Achamos que o policial tem obrigação de fazer
aquilo e tem que arcar com o ônus da profissão, que seria morrer. Não é
por aí - observa.
‘POLICIAL É DESCARTE’
Já o coronel reformado
Fernando Belo, presidente da Associação de Oficiais Militares Estaduais
do Rio, ressalva que, como parte da sociedade, a polícia também comete
erros. Mas esses equívocos, argumenta, não representam a maior parte das
ações da PM: - Enquanto o presidente dos EUA suspendeu compromissos para ir ao
funeral, aqui ninguém vai ao enterro, sequer manda um telegrama à
família ou telefona. O policial é visto como um descarte. Se morrer,
tira a roupa dele, põe em outro, toca a corneta, canta o hino da PM e
enterra. É um desprezo, um descaso. [a mentalidade que considera o policial descartável, tem que acabar; e para que essa mudança ocorra é preciso e muito que o policial se conscientize que entre a morte de um policial e a morte de um bandido, que morra o bandido.
Óbvio que se policiais começarem a matar bandidos - adotarem o 'norte' que entre morrer e matar dez bandidos, escolher a segunda opção é DEVER e DIREITO do policial - a turma dos 'direitos humanos' vai chiar.
Que chiem, esperneiem, o importante é que o bandido ao ver que a policia mata, vai evitar o confronto, reconhecer a autoridade do policial.
Policial tem que ter compromisso de CUMPRIR e FAZER CUMPRIR as LEIS e o de VOLTAR SÃO E SALVO PARA CASA, custe o que custar.]
Fonte: O Globo