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segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Morte de policial em SP: a verdade sobre o que aconteceu no Guarujá - Roberto Motta

Gazeta do Povo - Vozes


Morte de policial em SP: a verdade sobre o que aconteceu no Guarujá - Foto: Divulgação/Secretaria de Segurança Pública de São Paulo

O melhor caminho para entender o que aconteceu na última semana no Guarujá é conversar com um policial de qualquer grande cidade brasileira.  
Não perca seu tempo procurando a verdade nas matérias da grande mídia. A maioria dessas matérias “jornalísticas” vai repetir a narrativa de sempre: policiais malvados chegaram em uma comunidade pacífica e mataram muita gente.

Vejam um trecho que selecionei da matéria de um grande jornal: "a operação policial gerou diversas mortes no Guarujá desde o fim de semana [...] moradores de diversas comunidades relatam clima de medo com a abordagem policial constante e barulhos de trocas de tiros"

O leitor certamente imaginará que se trata de favelas onde reina a mais absoluta harmonia, ordem e segurança, só quebradas quando a polícia “aparece atirando”. 
 Mas, na verdade, essas comunidades são dominadas por facções do narcotráfico, que ali mantêm seus entrepostos de comercialização, a partir dos quais a droga é enviada à Europa pelo porto de Santos, o porto com maior volume de contêineres do país.
 
É importante entender como a crise do Guarujá começou. Na quinta-feira, 27 de julho, uma viatura da Rota fazia o patrulhamento em uma comunidade pobre de periferia
É importante prestar atenção nisso: uma equipe de elite da polícia militar paulista estava protegendo os moradores de uma favela. A maioria dessas matérias “jornalísticas” vai repetir a narrativa de sempre: - policiais malvados chegaram em uma comunidade pacífica e mataram muita gente

A equipe foi atacada. É importante prestar atenção nisso também: atacaram a unidade mais especializada da polícia militar de São Paulo. Posteriormente, viria a se a descobrir que o criminoso responsável pelo ataque já tinha sido preso por tráfico de drogas. O resultado do ataque foi um policial morto e outro ferido.

Atiraram em uma viatura da ROTA e o silêncio entre as entidades de “defesa de direitos humanos” foi total. 
Nenhuma das ONGs ou entidades classistas que habitualmente protestam contra a “violência” falou alguma coisa. 
 
O policial que foi assassinado se chamava Patrick Reis, 30 anos, e era soldado da polícia militar. 
Patrick sonhava em ser campeão de jiu-jítsu. Sua esposa é uma policial militar. O filho deles, Heitor, fará 3 anos no dia 21 de agosto.

Diante desse fato absurdo - um ataque a uma viatura policial - qual foi a resposta do Estado? Saturar a área com policiais, não apenas com objetivo de capturar os responsáveis pelo ataque, mas também de mandar uma mensagem: há limites que não podem ser ultrapassados.

A polícia militar de São Paulo enviou um grande efetivo ao local, como faria qualquer polícia no mundo. 
Atire em um policial em Nova Iorque e veja o que acontece. 
Atire em um policial em Paris e veja o que acontece.
 
A resposta dada a esse evento pelo governo do estado de São Paulo é a mesma resposta que seria dada em qualquer democracia do mundo. Ao contrário do que alardeiam os ideólogos que infestam as discussões sobre segurança no Brasil, a resposta do Estado foi proporcional à ameaça representada pelo ataque do crime organizado.
 
Diante dessa operação, muitos bandidos da região fugiram para outros locais. Na terça-feira, dia 1 de agosto, três desses bandidos atacaram uma dupla de policiais em Santos. 
A cena, que foi gravada por câmeras de segurança, é pavorosa. 
São três homens armados de fuzis fazendo uma emboscada contra policiais.


    Atire em um policial em Nova Iorque e veja o que acontece. Atire em um policial em Paris e veja o que acontece

Vocês sabem qual foi a manchete dessa notícia em um veículo de mídia? “Troca de tiros entre suspeitos e PM”. Troca de tiros. Os criminosos são chamados na reportagem de suspeitos, apesar das imagens de vídeo que mostram a emboscada contra os policiais. De novo, silêncio total das entidades de direitos humanos
A policial que estava na viatura é casada e tem um filho de 14 anos. Ela sobreviveu por milagre, depois de ser atingida por dois tiros de fuzil nas costas. Ela tem pela frente, provavelmente, uma longa e dolorosa recuperação, além do trauma para o resto da vida.

Muita gente quer saber quando essa crise vai acabar. A resposta é: quando os bandidos baixarem suas armas. A crise, que foi iniciada por eles, será encerrada por eles também.

Em uma entrevista histórica sobre os acontecimentos, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou o óbvio: ninguém deseja mortes, mas é impossível garantir segurança e tranquilidade para a população sem o enfrentamento do crime violento que ocupa essas comunidades.

Como carioca adotivo, ao assistir a essa entrevista, fiquei imaginando como tudo teria acontecido de forma diferente na minha terra se, trinta anos atrás, o Rio de Janeiro tivesse elegido um governador com essa clareza de visão e firmeza moral.

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Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Roberto Motta, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

 

sábado, 5 de agosto de 2023

Reação da polícia à morte de policial é desproporcional? - Deltan Dallagnol

Vozes - Gazeta do Povo

Justiça, política e fé

Reação da polícia à morte de policial é desproporcional?
| Foto: Gilberto Marques/Governo do Estado de São Paulo


Após um soldado da força de elite da polícia paulista ser morto por um tiro de um criminoso na última quinta-feira, na comunidade Vila Zilda, no Guarujá, o Estado de São Paulo deflagrou a Operação Escudo, mobilizando mais de 600 agentes dos batalhões de operações especiais, pelotões de choque e efetivo local.

A operação é uma reação ao assassinato de um policial que estava cumprindo o seu dever, deixando esposa e um filho de dois anos. Segundo declarou o governador Tarcísio, “a justiça será feita, nenhum ataque aos nossos policiais ficará impune”. Na mesma linha, Derrite, Secretário de Segurança do Estado, afirmou que “quem atentar contra nossos policiais terá a devida resposta”.

Até ontem, 16 pessoas haviam sido mortas e 58, presas - 38 em flagrante e 20 procuradas pela Justiça. Dentre os 4 suspeitos de matar o policial, três foram presos e um morreu ao entrar em conflito com a polícia. Quatro adolescentes foram apreendidos com drogas
Foram encontrados quase 400 quilos de drogas e 18 armas, incluindo fuzis. Tudo isso aconteceu antes de se completar a primeira semana da operação, que deve durar ao menos trinta dias.

Não demorou para surgirem relatos de torturas e execuções sumárias que teriam sido feitas por policiais. Evidentemente, os relatos devem ser investigados e eventuais abusos, punidos. Contudo, tais relatos não devem conduzir a um prejulgamento contra as forças policiais, por várias razões.

Primeiro,
interessa às próprias organizações criminosas que controlam regiões espalhar esse tipo de versão, para retaliar ou frear a polícia. Segundo, dos quatro suspeitos de terem matado o policial, três foram presos, os quais seriam, no caso de tortura ou chacina, as primeiras vítimas. 

Por fim, a atuação de agentes públicos goza de presunção de legitimidade, até prova em contrário, sem falar da presunção de inocência a todos devida.

Contudo, o Ministro da Justiça Flávio Dino, que defende presunção de inocência para seu chefe condenado em três instâncias por corrupção, apressou-se em dizer que a “ação da PM em SP não parece proporcional em relação ao crime”.  
Dino ecoa uma visão ou ideologia arraigada no governo Lula que criminaliza policiais e vitimiza, quando não idolatra, criminosos.

    A atuação de agentes públicos goza de presunção de legitimidade, até prova em contrário, sem falar da presunção de inocência a todos devida

Em março, por exemplo, o lançamento do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania do governo federal foi marcado por críticas à polícia, e não por propostas concretas contra o crime organizado ou para reduzir o número de homicídios. O próprio Lula, na ocasião, fez críticas às polícias, falando de “criar uma polícia nova”. Por outro lado, afirmou que criminosos com frequência são inocentes e “vítimas de um delito”.

Em abril do ano passado, Lula chegou a desumanizar os policiais, afirmando que “Bolsonaro não gosta de gente, gosta de policial”. O tratamento que deu para criminosos foi o oposto, dois meses depois. Falando de jovens que roubam, disse: “não posso taxar que esse moleque que roubou é simplesmente um bandido”
Não surpreende que o governo de Lula queira descriminalizar as drogas, desencarcerar bandidos e indultar suas penas.
 
O ministro de Direitos Humanos de Lula, Silvio Almeida, mandou seu ministério acompanhar as mortes na operação paulista.  
Deveria o ministro igualmente acompanhar as mortes de policiais e cidadãos todos os dias promovidas por criminosos, afinal, não são só bandidos que têm direitos humanos. 
A não ser que, como Lula , Silvio entenda que algumas pessoas são como animais selvagens que devem ser extirpados.

Não é só pelo governo federal e sua bandidolatria que os policiais são desmoralizados, mas pela Justiça, ao verem os criminosos que prendem por furtos, roubos, agressões e outros crimes serem soltos no mesmo dia. Pior ainda, ao comparecerem às “audiências de custódia”, quem é interrogado não é o criminoso, mas o policial, que é questionado sobre possíveis abusos contra o preso.

Esses mesmos policiais desmoralizados assistem estarrecidos ao teatro da Justiça revelar uma trama em favor dos criminosos. Em maio, viram o STJ absolver um traficante com o argumento de que sua confissão aconteceu debaixo de “estresse policial”, muito embora nenhum tipo de tortura ou abuso tenha sido evidenciado.

Em abril, a mesma corte anulou provas contra um dos principais líderes do PCC, o “André do Rap”, entendendo que o mandado de prisão por si só não permitiria que os policiais aprendessem provas e bens. A polícia foi obrigada a devolver ao traficante um helicóptero de valor estimado em R$ 7,2 milhões e uma lancha avaliada em R$ 6 milhões.

    Dino ecoa uma visão ou ideologia arraigada no governo Lula que criminaliza policiais e vitimiza, quando não idolatra, criminosos


É inacreditável, mas fica pior
. Um ano antes, em maio de 2022, o STJ anulou a condenação de um traficante com base no argumento de que a revista de suspeitos é ilegal quando amparada apenas na atitude suspeita das pessoas ou com base em denúncia anônima. O objetivo da decisão seria combater o “racismo estrutural”, mas vítimas de sequestro presas num bagageiro de um carro não poderão ser salvas no futuro só com base na desconfiança dos policiais sobre a atitude suspeita do motorista ou passageiros.

Em junho deste ano, policiais viram o STF inocentar dois traficantes e anular a apreensão de 695 quilos de cocaína no Porto de Itaguaí porque a polícia agiu com base em uma denúncia anônima, sem mandado de busca e apreensão. Não estamos falando de uma residência, mas da apreensão num porto. A lista de decisões desse tipo é vasta.

A leniência dos tribunais com criminosos não se aplica, contudo, aos policiais. 
A lei pesa sobre seus ombros diante de qualquer sombra de sua violação.  Crescem os relatos e notícias de casos de violência contra policiais em que eles não reagiram adequadamente e foram feridos, mortos ou expuseram a perigo a vida de terceiros por receio de sofrerem consequências administrativas ou judiciais.
Assim, policiais que arriscam suas vidas para proteger as nossas são repetidamente vilanizados e percebem a falta do amparo dos tribunais ao seu trabalho. 
Há leniência para com os criminosos e rigor em relação a eles. 
O sistema fortalece os bandidos e enfraquece os policiais.
 
No palco dessa tragédia encontramos os policiais, em suas fardas desgastadas, muitas vezes mal pagos, lutando incansavelmente para manter a ordem em meio ao caos.  
Contudo, não são só os heróis que combatem o crime que sofrem com nosso sistema. 
A insegurança jurídica desestimula prisões, apreensões ou ações em defesa dos cidadãos e dos nossos filhos. 
O crime se prolifera e pessoas morrem. Todos nós sofremos as consequências.

    Assim, policiais que arriscam suas vidas para proteger as nossas são repetidamente vilanizados e percebem a falta do amparo dos tribunais ao seu trabalho

Proteger os direitos de todos os cidadãos, incluindo os policiais, é essencial para construirmos uma sociedade justa e equilibrada. Enquanto os defensores de bandidos abraçam narrativas construídas no conforto de seus lares, esquecem-se de que o direito à segurança é inalienável a todo cidadão e que as vítimas também têm direitos humanos.

Para trabalhar e proteger nossas vidas, policiais precisam ter dupla segurança. 
Primeiro, são necessárias ações adequadas para proteger as suas vidas, o que inclui equipamentos de proteção, gerenciamento de riscos e resposta firme institucional a agressões.  
Além disso, policiais precisam ser protegidos e ter paz em fazer o que é certo por meio de um estatuto que lhes dê segurança jurídica.

Nesse contexto, a Operação Escudo é mais que nunca necessária. A firme reação do Estado ao homicídio do agente de segurança desestimula atentados futuros contra a vida de seus pares. É claro que possíveis abusos devem ser punidos, mas não devem ser presumidos. Falar em desproporcionalidade aparente da força sem qualquer apuração é uma acusação leviana.

O que tem de desproporcional, seguramente, são os crimes contra a população diários: roubos, furtos, estupros e assassinatos.  
O que foi desproporcional, certamente, foi o crime praticado contra a vida daquele policial que, para além de inocente, perdeu sua vida para nos proteger. 
Há muita coisa desproporcional que merece a atenção do governo, contudo ele parece mais preocupado em enquadrar e atacar os policiais.
 
É até estranho ter que dizer isso, mas, diante da inversão de valores em que vivemos, é importante ressaltar o óbvio: até prova em contrário, policiais são nossos heróis e os bandidos são os criminosos. 
Os primeiros merecem nosso reconhecimento e os últimos, os rigores da lei. E não o contrário.

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Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Deltan Dallagnol,
colunista - Gazeta do Povo - VOZES