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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Estupro consentido - Percival Puggina

Outro dia, em plena via pública, uma senhora foi afrontada por outra que lhe contestava o direito de usar turbante de origem africana. Tais adereços, alegava ela, seriam próprios da cultura negra e seu uso por pessoas brancas constituiria uma “apropriação cultural” e uma fragilização de seu papel como “instrumento de resistência à dominação”.

Recebi da Editora Avis Rara um exemplar do livro “O ano em que a terra parou”, do jornalista Luciano Trigo. Suas primeiras linhas relatam o caso dos Red Skins (peles-vermelhas, equipe esportiva de Washington), que foram constrangidos pelo “politicamente correto” a mudar seu belo nome, símbolo e uniforme, porque seriam preconceituosos. Definitivamente não eram! Eu os vi, eram símbolos esteticamente perfeitos, conhecidos e vigorosos. Mas basta acusar. Na mesma linha, uma banda norte-coreana precisou alterar seu clipe com milhões de visualizações porque, em certo momento, aparecia uma divindade hindu.

Aqui no Rio Grande do Sul houve uma tentativa de mudar o quase bicentenário Hino Rio-Grandense por racista e escravocrata... Tais tolices já não se restringem ao Ocidente, onde os mesmos segmentos enquanto zelam pelo que lhes é peculiar, deitam e rolam em cima do cristianismo, seus símbolos e presença na cultura dos povos. Vão além e espalham pelo mundo objetivos globalistas, fazendo com que o muito dinheiro de uns sustente o fanatismo de tantos e todos sirvam ao projeto de poder de outros mais. Quem defende such bullshit afirma ser teoria conspiratória identificar aí um projeto de dominação. Descobriram que pessoas bem educadas e respeitosas se constrangem quando acusadas de discriminar algo ou alguém e, facilmente, se transformam em propagadoras, por adesão, daquilo que deveriam, com firmeza, rejeitar.

A senhora com o turbante portava o adereço por considerá-lo bonito. Diante do espelho, lhe caía bem aos olhos. A esquerda precisa decidir se quer o multiculturalismo ou se quer dividir a sociedade em guetos culturais. Não dá para querer o multiculturalismo quando convém para exigir tratamento privilegiado e rejeitá-lo quando não serve à causa. Pertencer a algum grupo minoritário não é fonte de direito.

O senador Alessandro Vieira e os deputados federais Tábata Amaral e Felipe Rigoni querem reincluir no edital do Programa Nacional do Livro Didático para Ensino Fundamental I (6 anos ou +) questões de gênero, orientação sexual, homofobia e transfobia, violência contra a mulher, racismo etc.
O fato é que o projeto de dominação existe, financiado e, em boa parte, proporcionado por grandes corporações que atuam atrás do palco, em circuito mundial, num espetáculo representado por ativistas políticos. Como toda a empreitada da esquerda, é operada por gente que não sabe perder.

Para o globalismo e a Nova Ordem Mundial, temas nacionais e morais são irrelevantes porque é um projeto internacionalista e sua moralidade é muito simples: consiste em ser frontalmente avessa, de A a Z, aos princípios e valores compartilhados pelo Ocidente. Sua preservação, num ambiente de liberdade, deveria ser tema central de nossas preocupações.

Nestes dias, muitos olham para a realidade mundial e só veem a Covid-19. Há muito mais do que isso a preocupar quem observa a movimentação das peças.  
Negar o flagrante antagonismo instalado mundialmente, em nome de uma boa convivência impossível, é estupro consentido. O enfrentamento político é inerente à democracia. Talvez nunca quanto neste período o voto consciente se fez tão necessário, dada a suprema natureza dos bens em jogo.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.

 

terça-feira, 15 de maio de 2018

Coreia do Norte suspende reunião com Sul e ameaça cancelar cúpula com Trump

Agência oficial norte-coreana cita como motivo exercícios militares entre Seul e Washington iniciados na sexta

A Coreia do Norte suspendeu abruptamente uma reunião de alto nível com a Coreia do Sul marcada para esta quarta-feira, citando como razão os exercícios militares iniciados na última sexta-feira entre militares sul-coreanos e americanos. Segundo a agência oficial de notícias norte-coreana, a KCNA, a reunião de cúpula marcada para o dia 12 de junho em Cingapura entre o ditador do país, Kim Jong-un, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também estaria em risco.  "Este exercício, direcionado a nós, que está sendo realizado em toda a Coreia do Sul, é um desafio flagrante à Declaração de Panmunjom e uma provocação militar intencional que vai contra o desenvolvimento político positivo na Península Coreana", afirmou a KCNA, em referência ao documento aprovado na cúpula de 27 de abril entre Kim Jong-un e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in.

Chamados de "Max Thunder", os exercícios já estavam previstos antes da cúpula intercoreana de abril, que foi a primeira em 11 anos e marcou a primeira visita de um dirigente norte-coreano ao Sul desde a divisão da península, no pós-Segunda Guerra Mundial. A Declaração de Panmunjom não faz referência à retirada das forças dos Estados Unidos da Coreia do Sul, onde Washington mantém bases militares desde a Guerra da Coreia, que terminou em 1953.

No entanto, a agência oficial norte-coreana chamou de "provocação" os exercícios militares, citando a participação de bombardeiros B-52 e jatos invisíveis aos radares.
"Os Estados Unidos também terão que empreender deliberações cuidadosas sobre o destino da planejada cúpula Coréia do Norte-EUA, à luz deste tumulto militar provocativo conduzido em conjunto com as autoridades sul-coreanas", advertiu a KCNA.
Uma porta-voz do Departamento de Estado americano, Heather Nauert, disse que não tinha nenhuma informação sobre a ameaça da Coreia do Norte e que o planejamento da cúpula com Trump estava de pé. A Casa Branca não comentou.  A reunião entre Norte e Sul prevista para esta quarta-feira deveria se concentrar nos planos para implementar a Declaração de Panmunjom, que, entre outros itens, prometeu que os dois países buscariam a desnuclearização completa da Península Coreana e um acordo de paz para pôr fim formalmente à Guerra da Coreia, que terminou em 1953 com um armistício.

O anúncio norte-coreano causou estranheza porque no início de março, depois de um encontro com Kim Jong-un, o chefe da Segurança Nacional da Coreia do Sul, Chung Eui-yong, disse norte-coreano entendeu que exercícios militares conjuntos "rotineiros" entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos continuariam. Isso foi considerado uma importante concessão da Coreia do Norte, embora Pyongyang nunca tenha suspendido formalmente sua demanda pelo fim dos exercícios.

No último sábado, em um gesto de boa vontade antes da cúpula entre Kim e Trump, a Coreia do Norte havia informado que vai desmantelar seu local de testes nucleares entre os dias 23 e 25 de maio. O governo norte-coreano convidou a mídia internacional para testemunhar a destruição do local, mas não os inspetores técnicos, deixando especialistas em desarmamento e cientistas nucleares desconfiados sobre a eficácia da iniciativa. Nesta terça, imagens de satélite mostraram que o local já havia começado a ser desativado.

O Globo