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quarta-feira, 17 de maio de 2017

Google será peça-chave para apurar suposto e-mail de Dilma

De acordo com delação de Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, Dilma e ela se comunicaram por meio de rascunhos salvos em uma conta Gmail 

Informações guardadas pelo Google poderão ajudar investigadores da Operação Lava Jato a esclarecer se a ex-presidente Dilma Rousseff utilizou de fato uma conta de e-mail para avisar o casal João Santana e Mônica Moura, marqueteiros do PT, sobre avanços operação. Para isso, a Justiça terá que pedir a quebra do sigilo do endereço eletrônico.
A empresa possui dados de IPs (identidade das máquinas) que acessaram as contas, incluindo dia e horário, o que poderia ajudar na identificação dos usuários, de acordo com informações da edição desta quarta-feira do jornal Folha de S. Paulo.

Há também a possibilidade de o caso ser solucionado por uma perícia nos computadores do Palácio do Alvorada e da petista, além de outros aparelhos eletrônicos como tablets e celulares – para isso seria necessário mandado de busca e apreensão.  Mesmo que apagados, dados podem ser recuperados nas máquinas, sendo possível a reconstituição ao menos parcial das ações que envolvem o e-mail. O Google tem cumprido decisões judiciais após embates e pedidos – no entanto, a empresa tem utilizado como critério pedidos que sejam restritos a pessoas investigadas, para não expor outros cidadãos.

No final de 2014, o juiz Sergio Moro chegou a multar a empresa por não atender a suas determinações –à época, a companhia argumentava que seria necessário acordo de cooperação com os EUA. Na ocasião, a empresa se recusou a interceptar e-mails de quatro contas suspeitas de conter informações sobre negócios da doleira Nelma Kodama.

Questionado sobre o assunto, o Google afirmou em nota que recebe “regularmente pedidos de autoridades e ordens judiciais em relação a dados de usuários”. Segundo um relatório de transparência atualizado pela empresa, entre junho e dezembro de 2016 foram feitas 1.010 solicitações, das quais 60% foram cumpridas.

Delação de Monica Moura
Monica disse em delação premiada que, em um encontro no fim de 2014, Dilma teria dito que era necessária uma forma segura de comunicação para repassar informações a ela.
As duas teriam criado e-mail do Gmaila delatora afirma que isso aconteceu na Biblioteca do Alvorada. Elas se falavam, ainda de acordo com versão de Mônica, por mensagens criadas e armazenadas na pasta de rascunho, mas nunca enviadas.

Fonte: Revista VEJA
 

 

sábado, 28 de novembro de 2015

Inércia do Planalto agrava crises política e econômica

Nas cordas, com o impacto da conspiração para calar Nestor Cerveró, governo precisa reagir e tratar da pauta econômica que deve ser aprovada no Congresso

Reeleita em outubro do ano passado, a presidente Dilma, a esta altura em 2014, já sinalizava que não iria cumprir promessas de palanque, pois se sabia que estava prestes a anunciar Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda. O que de fato aconteceu: Levy foi nomeado e houve a guinada do governo real em relação àquele virtual, apresentado na propaganda petista.

A popularidade de Dilma começou a desabar, e a presidente se fechou em Palácio. A situação se repete, enquanto repercute a devastadora gravação feita por Bernardo, filho do ex-diretor Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, de conversas entre ele e o senador Delcídio Amaral (PT-MS), o chefe de gabinete do parlamentar, Diogo Ferreira, e o advogado Edson Ribeiro, sobre um esquema para silenciar o pai, em tratativas para testemunhar na Operação Lava-Jato. Em troca, o banqueiro André Esteves (BTG Pactual) financiaria a fuga de Cerveró e sustentaria o ex-diretor e família.

A prisão do grupo, na quarta-feira, parece ter jogado o Planalto nas cordas — como aconteceu no início do mandato. Há motivos para o desnorteamento. Cerveró teria citado Dilma em depoimento, no caso da refinaria de Pasadena, e, na questão legislativa, Delcídio era peça-chave na defesa dos projetos do ajuste fiscal no Senado. Além de presidir a Comissão de Assuntos Econômicos da Casa, ele é o relator do projeto de legalização de recursos não declarados remetidos por brasileiros para o exterior, uma fonte potencial de receita num governo em extrema penúria.

O Planalto, porém, precisa reagir, junto com o que resta da base parlamentar, porque estão em aberto, no Congresso, questões sérias em torno do Orçamento do ano que vem e mesmo metas fiscais ainda de 2015. No início do ano, havia alguma margem de tempo para o Planalto se adaptar à realidade — parecia que a própria presidente acreditara no enredo de ficção da campanha. 

Mas agora, não. A existência de uma conspiração mafiosa para calar e tirar do país testemunha relevante no petrolão, com a participação de um senador petista, por si só degrada a atmosfera tensa no Congresso. Em que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem sobre a cabeça a espada do Ministério Público Federal e usa o poder de dar andamento a um processo de pedido de impeachment de Dilma como escudo. Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é outro citado na Operação Lava-Jato.

O quadro político ruim piora o cenário deteriorado da economia. E se o Planalto voltar a cair em estado de depressão, tudo piorará ainda mais. Dentro do governo, também é preciso resolver logo as divergências sobre a meta do superávit primário de 0,7% do PIB para o ano que vem. E quanto à meta fiscal deste ano, não esquecer que este governo não tem qualquer margem de credibilidade para falsear nas contas públicas. O crédito acabou faz tempo, e continuam em questão novos rebaixamentos na nota de risco do país.

Fonte: Editorial - O Globo