Análise Política
A desaceleração começa a entrar, pouco a pouco, no debate econômico, pauta introduzida pelo próprio governo, enquanto o Legislativo está debruçado sobre iniciativas que só farão diferença, se fizerem, num futuro distante. Logo logo, as manchetes gritarão que se aprovou a reforma tributária, mas acordaremos no dia seguinte e o problema imediato estará igual a quando fomos dormir: como escapar do atoleiro da mediocridade? [mediocridade que integra o DESgoverno petista, que é a essência do DESgoverno do 'maligno'.]
O resultado prático é a agenda econômica ter girado neste terminal 2023
quase apenas em torno de mais arrecadação para o governo federal.
Segundo o pensamento hegemônico na Brasília de agora, se o governo
investir, vai estimular o investimento privado. Claro que ao útil une-se
o agradável: governos com capacidade de investimento, e, portanto, de
impulsionar negócios, têm mais bala na agulha para atrair apoios
políticos, na sociedade e no Congresso.
Juro alto e cenário de provável aumento de impostos não chega a ser propriamente um estímulo ao investimento.
Crescimento e desenvolvimento saíram de moda por aqui.
Pois para ganhar uma eleição em segundo turno bastam 50% mais um dos votos válidos.
O ótimo é inimigo do bom, e Lula parece buscar, antes de tudo, manter a
maioria que o elegeu, enquanto constrói com cargos e verbas um colchão
protetor no Legislativo, sempre uma fonte potencial de problemas. Por
enquanto, já que a progressiva corrosão na popularidade caminha bem
devagar, a operação está rodando a contento.
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político