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quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Governo Lula prometeu protagonismo internacional, mas reforça Brasil como anão diplomático - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Diferença é que o anão, agora, desfila pelo mundo levando consigo comitivas com 1.337 pessoas, ocupando andares inteiros em hotéis e dizendo um caminhão de bobagens

Uma das miragens mais festejadas do primeiro ano do governo Lula foi a de que, com a liderança do novo presidente, o Brasil passou a ter uma posição de “protagonismo” no cenário internacional. Não se sabe com precisão o que significa isso. 
“Protagonismo” é uma dessas palavras da moda que surgem de repente, ficam baratas rapidamente e logo acabam nos programas de auditório da televisão – onde se juntam à linguagem dos cientistas políticos, dos jornalistas e dos comentaristas de futebol. 
No caso de Lula, “protagonismo” tornou-se o termo semioficial quando se fala no papel imaginário que o Brasil de Lula teria passado a exercer no mundo – uma posição de primeira fila, em que somos ouvidos com reverência pelas grandes potências e como o novo líder por todas as demais, incluindo aí um ectoplasma que chamam de “Sul Global”. 
O problema, como ocorre com o PAC, o fim da pobreza e a picanha para todos é que o “protagonismo” não existe.
 
Na vida real, o que se tem mesmo é a permanência irremediável do Brasil como anão diplomático – grande país, grande povo, grande economia, mas um pigmeu na política internacional. 
A única diferença é que o anão, agora, desfila pelo mundo levando consigo comitivas com 1.337 pessoas para ir à uma única reunião, exibe-se ocupando andares inteiros em hotéis de paxá e, sobretudo, sempre pede a palavra para dizer um caminhão de bobagens. 
Lula, logo no começo, quis “negociar” a guerra da Ucrânia
Achou uma boa ideia, então, dizer que a Ucrânia era responsável pela invasão militar do seu próprio território – e acabou aí mesmo o seu “protagonismo” no embate pela paz mundial. 
Propôs o fim do dólar como moeda para o comércio internacional, com os efeitos que se pode imaginar – ou seja, nada. 
Quis ser o líder da “América do Sul”. Não conseguiu, sequer, ganhar a eleição na Argentina. 
Intrometeu-se na política interna do vizinho, apostou tudo num candidato e viu seu inimigo dar-lhe uma surra histórica.
 
No presente conflito entre Israel e os terroristas do Hamas, vacilou no começo, mas logo passou para o campo do terror; desde então não fala outra coisa que não seja acusar Israel de “genocídio”, de “matar crianças” e de jogar bombas sem se importar com as consequências. Só ganhou com isso o desprezo das nações democráticas, sem levar nada do “Sul Global”. 
Jogou o Brasil no apoio aos aiatolás do Irã, uma das mais venenosas ditaduras do mundo, e classificado como terrorista por todas as democracias sérias. 
Só vai aos países ricos para reclamar de seus governos - e pedir dinheiro a eles. Afastou o Brasil de tudo o que é prosperidade, avanço e democracia no mundo e juntou-se a tudo o que é atraso e ditadura.
discursos a favor da “redução no consumo de combustível fóssil”, desentendeu-se com a Petrobras e entrou na Opep+, o clube dos produtores de petróleo que só aceita ditaduras como sócios. 
Como o ano está acabando, o prejuízo deve ficar por aí. 
Mas o futuro promete. 
O mandamento número 1 do governo Lula é não abandonar, nunca, o que está dando errado.
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S.Paulo