Análise Política
As relações exteriores brasileiras correm o risco progressivo de uma
assimetria com a realidade material da política planetária. Um exemplo é
quando o Brasil insiste na centralidade de reforçar a Organização das
Nações Unidas e conquistar protagonismo na instituição, por meio de uma
cadeira permanente no Conselho de Segurança.
Pois ambas, a ONU e seu órgão executivo, dão todos os sinais de caminhar
para um destino semelhante ao da antecessora, a Liga das Nações,
nascida da Primeira Guerra Mundial e falecida de morte morrida diante
dos fatos trazidos pela Segunda.
[com seriedade: qual a utilidade atual da ONU? qual guerra, ou guerras, ela evitou neste século? É apenas uma forma de explorar as nações mais pobres para sustentar um cabide de empregos.]
A ONU e seu Conselho de Segurança emergiram dos resultados da guerra de
1939-45, daí a hegemonia, por meio do poder de veto, de americanos,
soviéticos (hoje russos), chineses, britânicos e franceses.
O desenho resistiu por três décadas ao fim da Guerra Fria, mas
finalmente parece estar virando um borrão, quando se consolida o
realinhamento que hoje contrapõe os Estados Unidos, o G7, a Otan e a
União Europeia à aliança, ainda informal, entre a República Popular da
China e a Federação Russa, com a República Islâmica do Irã de
coadjuvante.
Um sintoma dessa degeneração é o caráter cada vez mais decorativo do
Conselho de Segurança. Vide a política de sanções, que, na teoria, só
poderiam ser legalmente aplicadas pelo organismo, mas vêm sendo
livremente implementadas pelo bloco ocidental conforme os interesses
exclusivos deste.
Verdade que, por outro ângulo, tecer loas à ONU não deixa de ser um
refúgio retórico temporário, sempre útil enquanto se espera para ver que
bicho vai dar. Se a aliança entre russos e chineses obrigará o Ocidente
a aceitar um mundo multipolar ou se o “mundo livre” se imporá
taticamente a Moscou para, estrategicamente, isolar a superpotência
asiática.
O terceiro governo Luiz Inácio Lula da Silva e quinto do Partido dos
Trabalhadores largou buscando projetar poder diplomático para além da
nossa natural zona de influência regional, no que não vem tendo sucesso
por enquanto.
Pois o enigma a decifrar é como um país da América do Sul com aspirações
a liderança faz para se equilibrar num cenário de radical polarização
entre o Ocidente e o Oriente políticos, ou entre Norte e Sul, ficando
“de boa” com os dois lados. Não será trivial.
Até porque o Brasil é o "elo mais fraco" dos Brics.
Nesse contexto, o lance mais produtivo até agora foi Lula buscar
reagrupar o continente sul-americano para além das diferenças
político-ideológicas, marcando até alguma diferença com as políticas de
governos anteriores do PT. Falta só adaptar o discurso à prática. Não
sermos juízes da vida alheia nem o presidente virar dublê de
comentarista internacional.[expelindo, pela boca, asneiras e estultices, vício que, recentemente, o levou a ser ignorado até pelo ex-palhaço que preside a Ucrânia. O atual presidente do Brasil sempre falou bobagens,mas piorou, agora que um passarinho lhe contou que é um estadista.]