Sindicalistas, políticos, militantes e bispos não empregam nem vivem de emprego
A Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) assumiu publicamente sua posição radical contra as
reformas pelas quais o governo Temer está lutando no Congresso Nacional,
em particular a trabalhista e a previdenciária. Os bispos católicos
acham que essas reformas, da forma como estão postas, podem atender aos
apelos do mercado, mas deixam de fora interesses básicos do cidadão –
justamente o mais afetado por elas, mas que nunca foi chamado a entrar
na discussão.
De acordo com reportagem que circulou no
UOL sábado 8 de abril, a CNBB reuniu-se nas últimas semanas com
representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de outras
centrais sindicais para debaterem o que os prelados chamam de uma agenda
de mobilização contra as reformas. Em 23 de março, a entidade divulgou
nota em que criticou duramente a reforma previdenciária, afirmando, por
exemplo, que a proposta defendida pelo governo “escolhe o caminho da
exclusão social”.
Em 8 de abril, foi divulgada no UOL
entrevista de seu secretário-geral, dom Leonardo Ulrich Steiner,
arcebispo-auxiliar de Brasília, e dela foi destacada a seguinte questão:
“Por que não discutir abertamente com a sociedade temas como esses, mas
sem se preocupar em sinalizar apenas para o mercado, e sim, preocupado
com o cidadão? Não é possível, a partir de um gabinete, determinar o que
um cidadão pode ou não”.
[- senhor Arcebispo: o que resolve a crise econômica é a confiança do mercado nas medidas do Governo para debelar a crise;
- discussão vazia com a sociedade, demonstrando uma preocupação com o cidadão (inútil, já que ficar preocupado não gera emprego, nem renda, nem progresso.]
Na entrevista Sua Excelência
Reverendíssima explicou como a representação máxima dos bispos deste
país de maioria católica pretende atuar oficialmente em relação às
medidas defendidas pelo governo Temer: além de nota do mês passado, o
assunto deve entrar na pauta da Assembleia-Geral anual da CNBB, no fim
deste mês. E também partirá para ações práticas nas comunidades – como,
por exemplo, a abordagem crítica das reformas nas homilias das missas
dominicais nas paróquias brasileiras.
A pregação dos bispos católicos contra
as reformas deixa muito claro que esse combate feroz, que tem encontrado
eco num Congresso corrompido, suspeito e, sobretudo, pouco
representativo, está sendo assumido por grupos de parasitas
sanguessugas. Estes não aceitam de jeito nenhum reformas, que continuam
sendo necessárias e urgentes, porque insistem em ficar mamando nas tetas
do governo e chupando o sangue do povo. Combatem as reformas os
sindicalistas, os militantes dos partidos que foram despejados do poder,
no qual comandaram ou testemunharam mudos e coniventes, impávidos
colossos, um grande assalto aos cofres da República, e os mais altos
hierarcas católicos. São todos dependentes de imposto sindical, de fundo
partidário e de dízimos e óbolos. Dia destes, este autor estava no
estúdio da TV Gazeta quando o ex-ministro do Trabalho e do Tribunal
Superior do Trabalho (TST) Almir Pazzianotto esclareceu a questão em
entrevista a Maria Lydia Flandoli e em poucas palavras da forma como
entendo e, infelizmente, o povo ainda não compreendeu inteiramente: a
tentativa de satanização do mercado pela CNBB.
Na entrevista, dada ao Jornal da Gazeta, Pantanizo respondia a questões sobre outro combate de sindicalistas,
militantes, burocratas e bispos católicos: o travado contra a aprovação
da lei da terceirização pela Câmara dos Deputados. O advogado, que
conheci em 1975, quando defendia o Sindicato dos Metalúrgicos de São
Bernardo e Diadema (hoje do ABC), então presidido por Luiz Inácio Lula
da Silva, confessou ter participado da criação de um imbróglio jurídico,
ao colaborar na redação da súmula 331, que estabeleceu a distinção
entre atividades-meio e atividades-fim. O texto estabeleceu o que ele
reconhece ser uma discussão estéril, que agora foi extinta com a
regulamentação da terceirização. Esta, de acordo com o especialista,
permite a entrada do Brasil no século 21 na legislação sobre as relações
de trabalho. A seu ver, o documento criou uma insegurança jurídica
absurda, que pode ser medida por um número: os 18 milhões de processos
na Justiça Trabalhista abertos nos últimos cinco anos.
A argumentação que Pazzianotto usou na
entrevista sobre terceirização também pode ser adotada no debate sobre
as reformas trabalhista e previdenciária. Tanto num caso quanto nos
outros, os dirigentes sindicais não defendem os interesses da classe
trabalhadora, que dizem representar, mas só pensam na manutenção da CLT e
da contribuição sindical obrigatória, responsável pela farra sindical
brasileira. Há 17 mil sindicatos no Brasil, enquanto na Alemanha existem
apenas 11 e no Reino Unido, 150.
Nenhum de nossos sindicalistas
denunciou a politica predatória do Partido dos Trabalhadores (PT) em 13
anos, 4 meses e 12 dias dos desgovernos Lula e Dilma, levando ao total
trágico e indecente de 13,5 milhões de desempregados atualmente. E
ficam, com a ajuda dos sermões dos bispos, reclamando das tentativas que
o atual governo tem feito de fazer reformas para evitar o
desmantelamento das contas públicas…
Em relação especificamente ao combate
clerical contra as ditas reformas, Pazzianotto, católico batizado,
crismado, praticante e especialista no assunto, denuncia o autoritarismo
dos hierarcas da Igreja de Roma, que nunca o consultaram sobre o tema,
do qual ele entende muito e eles, nada: “Os bispos não dependem de
emprego nem têm um empregado que seja, mas se acham no direito de ditar
normas a serem cumpridas por empresários que empregam milhares de
trabalhadores. É um contrassenso”. Comportam-se da mesma forma que
acusam o governo de se comportar.
Os bispos também estão em total
desacordo com o que eles chamam de povo de Deus nas periferias das
grandes cidades brasileiras. Nem sequer demonstram ter conhecimento da
pesquisa feita pelo Instituto Perseu Abramo, do PT, na periferia mais
pobre de São Paulo. A pesquisa expõe claramente o descompasso entre o
discurso mofado da ideologia de esquerda populista contra a direita
“fascista”, ao revelar que, como o mercado que os bispos satanizam, os
mais pobres desprezam os políticos profissionais e respeitam a
meritocracia, tida e havida pelos socialistas de ocasião como uma forma
de exploração do capitalismo predador.
As reformas propostas por Temer têm
defeitos e estes estão sendo ampliados com a intervenção dos políticos,
que atuam com destaque e poder na grei dos parasitas e sanguessugas. Mas
se tudo o que os prelados têm a dizer contra elas, em defesa de seus
aliados sindicalistas, burocratas e que tais, é que agradam a quem
precisa confiar na administração pública para poder investir e, com
isso, gerar empregos, só resta responder a uma questão feita por
Pazzianotto: quantos empregos foram, são e serão gerados por governos,
partidos políticos, sindicatos, centrais sindicais e paróquias e
dioceses? E quantos dependeram, dependem e dependerão de empresários do
mercado, que eles tratam como se fossem a suma expressão do diabo?