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terça-feira, 30 de abril de 2019

Um incentivo às milícias rurais

Com a proposta de Bolsonaro, o fazendeiro que matar um trabalhador rural poderá se livrar de qualquer punição. Bastará que o alvo dos tiros seja rotulado como “invasor”

[não se trata de matar 'trabalhador' e sim impedir uma invasão, se necessário matando o  invasor; 
 
quem invade propriedade alheia é INVASOR, portanto, igual ao bandido, ao latrocida, e deve ser morto e todo cidadão tem o direito de defender o que lhe pertence.
 
Também não basta rotular de invasor o abatido - tem que ser provado que ele estava invadindo propriedade privada, foi advertido, insistir e se fez necessário o seu abate.]
Jair Bolsonaro recebeu apoio maciço dos ruralistas. Agora usa o cargo para pagar a fatura eleitoral. Ontem o presidente foi a uma feira agrícola e atacou os fiscais do Ibama. Criticou as multas a desmatadores e prometeu “uma limpa” no órgão que protege as florestas. Num ambiente em que ainda é tratado como “Mito”, Bolsonaro não precisou se esforçar para agradar. Ele sinalizou uma nova interferência no Banco do Brasil para baixar juros cobrados aos ruralistas. Em seguida, anunciou uma espécie de salvo-conduto para o fazendeiro que matar alguém em sua propriedade. “Ele responde, mas não tem punição”, explicou.

Os afagos do presidente às milícias urbanas já eram conhecidos. Agora ele incentiva a atuação das milícias rurais. [curioso é que a imprensa se omite, sempre se omitiu, em criticar o INVASOR da propriedade alheia - seja o inútil do Boulos (que cobrava aluguel dos que moravam em propriedade que invadiam a  seu mando - seja do covarde do Stédile (este ano o general da banda não comandou nem uma invasão, o famoso abril vermelho foi esquecido), ou de qualquer outro suporto líder de sem teto.]  O Brasil tem uma longa tradição de pistolagem no campo. Com a mudança proposta ontem, os matadores podem se livrar de qualquer punição — desde que o alvo dos tiros seja rotulado como “invasor”. [não invadindo, jamais será rotulado de invasor. Agora se invadir, ou tentar, invasor é.]

O discurso de Bolsonaro alarmou religiosos que acompanham os conflitos pela terra. “Não sei se ele percebe a consequência dessas declarações irresponsáveis, que insuflam a violência”, critica a freira americana Jean Anne Bellini, coordenadora da Comissão Pastoral da Terra. “É um sinal verde para resolver os conflitos na base da força”, acrescenta. [o que esta freira americana está fazendo no Brasil? entre os deveres das freiras está o de colaborar na evangelização e nos Estados Unidos tem muitos a serem evangelizados.
Ela cuida de evangelizar seus patrícios e as freiras brasileiros ajudam os padres a evangelizar os brasileiros - sem necessidade de envolvimento de ONGs.]

Há 42 anos no Brasil, a freira diz que os relatos de intimidação armada têm aumentado nos últimos meses. “Os ânimos estão exaltados, e um pronunciamento desses só piora as coisas”, lamenta. “Já havia muito fazendeiro que pensava assim, mas eles tinham pudor de dizer. Agora perderam esse pudor”. Mestre em educação pela Universidade Duke, ela explica que os bandos rurais costumam ter ligação com o Estado. “Há uma mistura entre pistoleiros, grileiros de terra e policiais de folga. São milícias de fato”, afirma. [com os conhecimentos que tudo indica possui - afinal se intitula mestre em educação - seria bem mais útil em outras áreas, não deveria estar em território brasileiro, insuflando trabalhadores a cometer crimes.]

Jean Anne era amiga da missionária Dorothy Stang, assassinada a mando de fazendeiros em 2005. O crime chamou a atenção do mundo para os riscos que os defensores da reforma agrária correm no Brasil. Passados 14 anos, perguntei à freira se ela se sente mais ou menos segura. “Menos segura, com certeza”, respondeu. [se a freira se sente menos segura, está fácil resolver o problema: 
- volte para seu país; aqui ela só atrapalha e insufla o desrespeito à ordem pública.] 
 
Bernardo Mello Franco - O Globo
 

segunda-feira, 23 de março de 2015

Entre a família de um policial chorar e a de um bandido, que chore a do bandido

A cada 34h, policiais de folga matam um em SP

Policiais civis e militares de folga mataram 255 pessoas no Estado de São Paulo em 2014 - uma a cada 34 horas. O dado, somado ao total de casos com policiais em serviço, aponta que 963 pessoas foram mortas por agentes de segurança no ano passado. Do total de homicídios, um em cada cinco foi registrado em decorrência de ação policial.

Desde 1992, ano do massacre de 111 presos no Carandiru, a polícia não matava tanto - naquele ano, foram 1.428 mortos. O dado completo - com as mortes de folga praticadas por PMs -, embora seja publicado no Diário Oficial do Estado, é omitido das estatísticas de criminalidade oficiais da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Os dados, mantidos no site da pasta, mostram apenas os casos decorrentes de ações de policiais civis em folga: 21 ocorrências.

O total de mortes cometidas por agentes fora do horário de trabalho cresceu 17% na comparação com 2013, que registrou 218 ocorrências - as mortes em serviço aumentaram 107%. [os bandidos estão assaltando mais e, felizmente, dão azar, ao escolherem suas vítimas não sabem que são policiais de folga, mas, armados - direito inerente ao policial - e que reagem e sempre do confronto um bandido a menos;

só que também nesses assaltos é comum morrerem policiais, mas, a imprensa não tem interesse em divulgar que policiais também são mortos por bandidos.]

Por meio da Lei de Acesso à Informação, o jornal O Estado de S. Paulo obteve dados de 783 ocorrências relacionadas à atividade policial. São os casos registrados originalmente como "morte decorrente de investigação policial". Parte delas, entretanto, foi convertida para homicídio - praticado pelo agente de folga.


Registros
Entre esses casos está o retratado no Boletim de Ocorrência 4.208/14, do 24º Distrito Policial (Ponte Rasa), na zona leste. O fato aconteceu na Estrada Itaquera-Guaianases, em 28 de abril do ano passado. Um policial disse que ia ser roubado em um semáforo e reagiu, matando o suposto assaltante. [certamente a vítima agia de forma suspeita, forçando o policial a uma reação em defesa de sua própria vida; é comum, estarmos parados em semáforos e pessoas se aproximarem em atitude que força a dedução de que vão nos assaltar.]

O próprio registro, entretanto, mostra que o suspeito estava desarmado e os policias plantaram uma arma na cena do crime para justificar o homicídio. "Uma pessoa passou uma arma que estava em sua cintura aos outros dois, os quais passaram a aproximar-se do corpo do indivíduo desconhecido (o assaltante). Na sequência o soldado, o qual havia recebido a arma ao chegar próximo do corpo se abaixou e a sujou de sangue", diz o boletim.

Os policiais civis questionaram qual seria o motivo desse gesto. O PM autor dos disparos teria respondido "que era para que a ocorrência ficasse mais redonda, ou seja, sem rebarbas que poderiam causar-lhe problemas futuros", segundo o BO.

Parte dos registros obtidos pela reportagem relata casos de policiais presentes em estabelecimentos comerciais que estavam sendo assaltados, como lan houses, padarias e postos de gasolina. Mas há também ações de agentes de folga diante de assaltos a seus familiares. [traduzindo: se o policial está presente em uma lan house ou algum outro estabelecimento comercial que está sendo assaltado, ele deve reagir; mas, sendo a vítima do assalto um familiar do policial, não deve haver reação.E´isto mesmo???]

Um desses casos aconteceu, segundo o registro, em 6 de maio, na Rua Padre Virgílio Campello, em Itaim Paulista, zona leste. A mulher de um policial havia descido do carro do casal para abrir o portão de seu condomínio quando três homens, que estariam armados, abordaram-na.

O PM "desembarcou do veículo, se identificou como policial e lhes deu voz de prisão, ocasião em que resistiram à prisão e efetuaram disparos em sua direção, e que, por isso, passou a repeli-los, atingindo dois deles", diz o boletim. Um dos suspeitos morreu. O terceiro fugiu. [onde o policial errou? deveria concordar em ser assaltado junto com sua esposa e deixar que os bandidos descobrissem que era policial e o executassem?]


Controle
Para a socióloga Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, "não conseguimos romper com práticas institucionalizadas". "Quando o policial chega na rua, o que ele escuta é ‘esquece tudo que você ouviu na academia, aqui é a vida real’. Um segmento da polícia ainda entende o enfrentamento como uma forma de controle do crime." Essa postura explicaria em parte o aumento do número de morte em decorrência da ação policial. [exatamente socióloga Samira: na academia tudo é muito correto, perfeito; nas ruas, no dia a dia, na real, se o policial vacilar, morre.

Em quase 100% das ocorrências envolvendo policiais de folga a iniciativa sempre parte do bandido; ele é que decide o momento de iniciar a ação criminosa, felizmente, muitas vezes o policial consegue compensar o atraso e o bandido é abatido.]

Segundo ela, esse uso da força letal é uma ideia equivocada. "O senso comum acredita que essa é a forma de controlar. Mas os indicadores de criminalidade mostram que o enfrentamento não reduz o crime. No ano passado, por exemplo, a letalidade aumentou muito: houve uma pequena redução em homicídios, mas nos demais indicadores o aumento foi expressivo", diz. De fato, o total de roubos registrados pela polícia cresceu 20,6% no Estado em 2014 em comparação com 2013.


Respostas
A SSP não explicou por que os dados sobre a morte em decorrência da ação policial estão publicados de forma incompleta no site. "São consideradas mortes em decorrência de intervenção policial aquelas em que um membro da PM ou da Polícia Civil reage legitimamente a uma agressão levando um suspeito a óbito", diz a SSP, em nota. "Não entram nas estatísticas de morte em decorrência de intervenção policial os casos em que policiais cometem homicídios comuns. Também não são considerados os casos em que policiais reagem a assaltos ou outros crimes sem antes se identificar."

As informações são do jornal o Estado de São Paulo