J. R. Guzzo
Governo quer tirar armas dos cidadãos que cumprem a lei e não move uma palha para reduzir arsenal dos bandidos
O governo do presidente Lula, através dele mesmo e de sua área policial, não está cometendo um erro de cálculo, ou um equívoco, na sua “política de desarmamento”. Está construindo um desastre, mas é isso mesmo o que querem – tirar o máximo possível de armas
dos cidadãos que cumprem a lei e não têm antecedentes criminais, e não
mover uma palha para reduzir o aterrador arsenal detido hoje pelos
criminosos.
O problema do Brasil, obviamente, está nas armas dos
bandidos, e não as das pessoas que não estão cometendo crime algum.
O
governo Lula acha
exatamente o contrário.
Quer diminuir ao máximo as armas legalizadas,
que não são usadas para se cometer crimes; não se sabe de um único caso
de criminoso que compre armas no mercado legal e corra até as
autoridades para regularizar a sua aquisição.
Em compensação, as armas
empregadas na prática de crimes continuam intactas.
É precisamente isso,
junto com a impunidade, que faz do Brasil um dos países com os mais
altos índices de criminalidade do mundo. O governo não diz uma sílaba a
respeito.
A propaganda maciça de Lula (e da chefatura nacional de polícia que substituiu o Ministério da Justiça) em favor da “paz” não tem nada a ver com segurança pública.
Tem tudo a ver com política, e só com política. Lula e os seus
comissários não estão minimamente interessados em diminuir a
criminalidade, ou tornar o Brasil um país um pouco mais seguro para a
população – sobretudo para os milhões de brasileiros que não têm
dinheiro para pagar serviços particulares de proteção armada.
O que
sentem é o medo fundamental de todos os regimes como este que está aí:
se assustam, mesmo sem razões objetivas, diante de cidadãos de bem que
têm armas em casa.
O governo passado, com certeza, transformou a questão
das armas legais em bandeira política. Fazia pregação ativa em favor do
armamento, sob o lema geral de que o “povo armado” estará sempre pronto
a defender as suas liberdades e a enfrentar as tiranias.
O governo Lula
faz a mesma coisa – ao contrário.
Transformou o que é um assunto de
fiscalização, de competência da máquina do Estado e de eficácia dos
registros públicos, numa “luta em defesa da democracia” – ou, com mais
hipocrisia ainda, numa ação do “amor contra o ódio”.
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O
governo Lula não conseguiu tirar, em sete meses, um único estilingue
dos criminosos que estão aí, todos os dias, oprimindo a população.
Não
há, evidentemente, a mínima comprovação de que dificultar a compra de um
fuzil de caça, ou reduzir as balas que a pessoa tem em casa, ajuda a
diminuir o número de crimes. O que há são números que apontam na direção
contrária. O Brasil, em 2022, teve cerca de 41 mil homicídios – o menor
número desde 2007, quando teve início a série histórica de registro
para esse tipo de crime.
Durante os quatro anos em que foi mais fácil
comprar armas, o número de assassinatos não parou de cair. É um dos
piores do mundo, mas caiu; já foi superior a 60 mil homicídios por ano.
O
único trabalho racional que o governo poderia fazer quanto a isso é
reduzir ainda mais a taxa, e continuar na luta para levar o Brasil aos
índices médios dos países civilizados.
Em vez de fazer disso, estão
perseguindo quem não mata ninguém.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo