Dilma deveria se preocupar mais em governar – e, se possível, bem.
O governo está parado. E quando se movimenta costuma ser um desastre
É um mau sinal quando um presidente da República começa a fazer e a refazer contas interessado em saber se tem votos suficientes para salvar-se de um eventual pedido de impeachment.Dilma procede assim há quase dois meses. E depois de tanto tempo, reconhece que lhe faltam votos na Câmara dos Deputados para garantir o cumprimento do resto do seu mandato. São 513 os deputados federais. Com os votos de 172 deles, o impeachment seria barrado na Câmara. Nas contas de Dilma, no momento ela teria menos de 140.
Com cada dirigente de partido chamado para conversar sobre a reforma do governo, Dilma pergunta se ele garante os votos de sua bancada na Câmara contra o impeachment.
Quanto amadorismo! Ter 172 votos ou nenhum dá no mesmo. A parada não será decidida unicamente pela vontade dos deputados – e mais tarde dos senadores, se for o caso. Impeachment só prospera com a pressão das ruas. E se a pressão for grande, na hora certa haverá número suficiente de votos para derrubar o presidente.
Continua valendo o que ensinou Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), presidente da Câmara, quando ali foi votado o pedido para processar o então presidente Fernando Collor:
- O que o povo quer, esta casa acaba querendo.
Collor tinha muito dinheiro para comprar votos de deputados e escapar da cassação. Sobrou dinheiro. Faltou quem quisesse vender o voto. Acredite. Dilma deveria se preocupar mais em governar – e, se possível, bem. O governo está parado. E quando se movimenta costuma ser um desastre.