O PT aumentou a pressão sobre o
Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar impedir a prisão do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sem espaço de negociação com a
presidente da Corte, Cármen Lúcia, os petistas passaram a focar no
ministro Edson Fachin, que é relator de um habeas corpus para tentar
garantir a liberdade do ex-presidente. Pela manhã, o advogado de Lula e ex-ministro do STF,
Sepúlveda Pertence, admitiu a mudança da estratégia após se encontrar
com Cármen Lúcia. “Temos que trabalhar agora junto ao ministro Fachin”, disse. Cerca de 20 deputados do PT também se reuniram com a
presidente do Supremo no fim da tarde. O líder do partido na Câmara,
deputado Paulo Pimenta (RJ), entregou um documento à ministra a favor de
Lula e que, segundo ele, foi assinado por líderes de 13 partidos,
totalizando o apoio de 306 deputados.
Em ambos os encontros, a presidente do STF reiterou que não
vai levar a julgamento nenhuma das ações que discutem a prisão após
condenação em segunda instância. Cármen não sinalizou que pretende
pautar o habeas corpus de Lula. No entanto, nas duas audiências, afirmou
que nada impede o relator de levar o pedido de liberdade a julgamento.
Bastaria que Fachin, durante a sessão plenária, colocasse o habeas
corpus “em mesa”, como se diz no jargão jurídico, o que obrigaria a
análise pelo conjunto de ministros.
Nesta mesma quarta-feira, deputados do PT pediram uma
audiência com Fachin para falar da situação do ex-presidente. “Habeas
corpus é uma matéria prioritária. Há um gesto que depende do relator”,
afirmou o deputado Paulo Pimenta (RS), após reunião com a ministra. Sepúlveda e o advogado Cristiane Zanin, que também faz parte
da equipe de defesa de Lula, acompanharam a sessão do plenário do
Supremo, e, ao final, conversaram com Fachin. “Agora é esperar o
pronunciamento do ministro”, disse Zanin.
Novo pedido
Além da pressão política, a defesa de Lula protocolou um
novo pedido para que o ministro reconsidere a decisão liminar que negou o
habeas corpus de Lula, em fevereiro, e suspenda a ordem de prisão
contra o ex-presidente até que as ações que discutem o cumprimento de
sentença após condenação em segunda instância sejam discutidas no
plenário. Se Fachin não atender a esses pedidos, a defesa pede que o
ministro leve o habeas corpus para análise de mérito da Segunda Turma do
STF, e retire a responsabilidade do plenário.
Em último caso, os advogados requerem que Fachin coloque o
habeas corpus em mesa, o que faria o plenário analisar o pedido sem que a
presidente paute. Apesar dos apelos, Fachin já afirmou que tomou a sua decisão
ao negar o HC de Lula e que, desta forma, não há pendência de resposta
do Supremo quanto ao caso do ex-presidente. O ministro também tem dado
declarações de que não vai rever a sua posição em relação à prisão após a
condenação em segunda instância. “O entendimento que tenho sobre essa matéria é um
entendimento que deriva de uma convicção consolidada. O Supremo já se
manifestou sobre esse tema três vezes, inclusive uma no âmbito de
repercussão geral”, afirmou Fachin em entrevista na última
segunda-feira.
E completou: “A rediscussão fica a cargo da presidente do
Supremo, e apoio a condução que a presidente fizer num ou outro sentido
(pautar ou não). Mas não vejo razões teóricas nem práticas para alterar
essa deliberação. Se vier a ser pautado, e reapreciado, meu entendimento
seguirá inalterado”.
Votos
A jurisprudência atual do STF, definida no fim de 2016, por 6
votos a 5, é de que é cabível a prisão após a condenação em segunda
instância. A defesa de Lula quer a revisão desse entendimento, para que
ele possa responder em liberdade até o trânsito em julgado (esgotamento
de possibilidade de recorrer).
Como o ministro Gilmar Mendes indicou que pode mudar de voto, os
advogados esperam que um novo julgamento das ações que tratam do tema de
maneira mais ampla possibilite a concessão do habeas corpus a Lula.
Líderes do PT, no entanto, já preveem a possibilidade de o ex-presidente
ser preso antes da Páscoa, em 1.º de abril.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
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quinta-feira, 15 de março de 2018
PT [de forma estúpida e ofensiva à Justiça] aumenta pressão por Lula no STF
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