Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador projeto MapBiomas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador projeto MapBiomas. Mostrar todas as postagens

domingo, 26 de maio de 2019

Desmatamento sobe e ministro briga com os números

Heleno nega desmatamento e mostra radicalismo

Bolsonaro atacou o IBGE após a alta do índice de desemprego. Agora seus ministros criticam o Inpe, que aponta uma escalada no desmatamento da Amazônia

O desmonte dos órgãos de controle ambiental começou a produzir os efeitos esperados. O desmatamento da Amazônia disparou na primeira quinzena de maio. A cada hora, a floresta perdeu uma área verde equivalente a 20 campos de futebol. Isso apenas nas unidades de conservação, como parques e florestas nacionais. Os dados são do Inpe, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Há três décadas, o órgão usa satélites para monitorar, em tempo real, a devastação da floresta. O trabalho é respeitado pela comunidade científica e orienta a Polícia Federal e o Ibama no combate a crimes ambientais. Agora está sob ataque do governo de Jair Bolsonaro.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, já disse que os números do desmatamento “não são precisos”. Em janeiro, ele anunciou o plano de gastar R$ 100 milhões na contratação de um sistema privado de monitoramento. O Inpe precisou lembrá-lo de que já faz isso desde 1988, por um custo bem menor: R$ 2,8 milhões anuais.  Na quarta-feira, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, avançou algumas casas na rota do negacionismo. Em entrevista à GloboNews, ele endossou a tese de que a agenda do meio ambiente seria controlada por um complô internacional.

O ministro também desmereceu o sistema que mede a destruição da Amazônia: “Esses dados do desmatamento eu coloco muito em dúvida. Se nós somarmos o percentual de desmatamento que anualmente aparece no jornal, o Brasil já estava sem uma árvore. Isso também é muito manipulado”, disse. Heleno costuma ser descrito como um moderado num governo cheio de radicais. Ao inflar teorias conspiratórias e brigar com dados oficiais, ele se aproxima de personagens como a pastora Damares Alves e o diplo-olavista Ernesto Araújo.

Na manhã de quinta, o coordenador de monitoramento do Inpe, Cláudio Almeida, apresentou números à Câmara. Ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o órgão emitiu 26 mil alertas de desmatamento no ano passado. A média de acerto é de 95%. “Isso mostra a falácia do argumento de que o nosso sistema não é eficaz”, afirmou. No início do mês, o Ministério Público Federal anunciou a abertura de 1.410 processos contra desmatadores. As ações usam as imagens de satélite do Inpe. “São dados absolutamente confiáveis. Desqualificá-los é uma prática inaceitável”, diz o subprocurador-geral Nívio de Freitas, chefe da área ambiental do MPF.

Em 2018, o Brasil registrou a maior taxa de desmatamento da Amazônia em uma década. Neste ano a destruição tende a ser maior, com risco de superar os 10 mil quilômetros quadrados. “Isso seria uma tragédia”, resume o engenheiro florestal Tasso Azevedo, que define o trabalho do Inpe como “referência mundial” no setor. Ele coordena o projeto MapBiomas, que une universidades, ONGs e empresas de tecnologia para mapear o uso da terra no país. Os sinais de alta no desmatamento ajudam a explicar o bombardeio contra o instituto que monitora a floresta. A tática já foi usada por Bolsonaro quando estatísticas mostraram o aumento do desemprego no início do governo. Em vez de reconhecer o problema, o presidente atacou o IBGE.