Também é com violência,
chicanas e mentiras que os petistas defendem seu grande líder, Luiz Inácio Lula
da Silva, das
suspeitas de que esteja ocultando patrimônio e que se tenha beneficiado de suas
relações fraternas com empreiteiros de grosso calibre. É o que resta à tigrada, pois Lula não lhe dá
alternativa: sem conseguir elaborar uma explicação convincente para os “presentes” que recebeu daquela turma da
pesada, envolvida de corpo e alma no petrolão, o ex-presidente prefere tratar
como inimigos todos os que estão a lhe cobrar esclarecimentos, o que explica a
reação selvagem por parte dos que ainda se dispõem a segui-lo.
Não que a atitude
belicosa dos petistas seja propriamente inesperada. Não é de hoje que gente
grossa do partido prefere o caminho do confronto para intimidar aqueles que
considera seus oponentes – e, uma vez criado o conflito, os petistas posam de
vítimas da truculência dos “inimigos da
democracia”.
Foi o que aconteceu na
quarta-feira passada, quando os sindicatos ligados ao PT arregimentaram
algumas centenas de manifestantes para expressar apoio a Lula diante do Fórum
Criminal da Barra Funda, em São Paulo. O
ato fora organizado em razão do esperado depoimento do ex-presidente e de sua
mulher, Marisa Letícia, sobre o mal explicado
caso do triplex no Guarujá. O depoimento havia sido suspenso no dia anterior,
graças a uma manobra petista contra o procurador do caso, mas mesmo assim os
sindicalistas decidiram manter o protesto.
Com clara
disposição para a provocação, os petistas chamaram para a briga um
punhado de manifestantes que ali estavam para protestar contra Lula. Os apoiadores do
ex-presidente recorreram à força quando o grupo adversário tentou inflar o famoso boneco que retrata Lula
como presidiário. Considerando-se
ofendidos pelo tal boneco, os petistas fizeram de tudo para furá-lo, enfrentando não
apenas os manifestantes anti-Lula, mas os policiais que estavam tentando
apartar os grupos. A PM teve
dificuldades para conter os arruaceiros.
Passado o incidente, o PT, a despeito do
que mostram as imagens, julgou-se vítima da “política truculenta da PM comandada pelo PSDB, que resiste em conviver
com o direito democrático de manifestação”. Na mesma nota, o partido chegou
ao cúmulo de dizer que a polícia “comandada
pelo governador Geraldo Alckmin” atuou “em
proteção ao boneco da imagem do ex-presidente”, o que jamais aconteceu.
Mas é inútil esperar
que os militantes petistas demonstrem alguma estima pela verdade. Nisso agem
estritamente de acordo com o manual do
mestre Lula, que ensina a mentir sem corar. Numa
de suas mais recentes aulas de descaramento, o mandachuva do PT, quando questionado
sobre o fato de que uma operadora de telefonia camarada instalou uma antena de
celular perto do sítio que ele frequenta como se fosse seu, em Atibaia, mandou dizer simplesmente que “nem tem telefone celular”.
Lula também quer
que todos acreditem, conforme se lê em uma das furibundas notas oficiais emitidas por seu
instituto, que
o fato de ter mandado boa parte de sua mudança para o tal sítio quando deixou a
presidência não tem nada de mais, pois tudo foi feito “com o consentimento dos proprietários, que
são amigos de Lula e de sua família há décadas”. Aqueles que ousam
desconfiar dessas e de outras tantas explicações esdrúxulas fazem parte,
segundo o Instituto Lula, “da ruidosa
guerra que os grandes meios de comunicação movem contra o ex-presidente desde
2002”.
É assim, expressando-se em
termos que incitam seus seguidores à violência, recorrendo a manobras
capciosas para não se ver obrigado a falar a verdade nos foros adequados e esforçando-se para inventar uma conspirata
onde só há perguntas legítimas, que Lula pretende esquivar-se de dar
explicações para a incrível generosidade de seus amigos empreiteiros,
classificada por Gilberto Carvalho, seu notório escudeiro, como “a coisa mais natural do mundo”.
Fonte: Publicado no Estadão - Editorial
do Estadão