Em
resolução política aprovada sexta-feira, 6, em Belo Horizonte, o Diretório
Nacional do PT cobra coerência entre o discurso adotado durante a campanha
eleitoral e a prática adotada nos primeiros dias do governo Dilma Rousseff. No texto de três páginas divulgado nesta
terça-feira, 10, o PT diz apoiar o diálogo entre governo e movimentos sociais
no sentido de "impedir" que o ajuste fiscal anunciado pelo governo recaia sobre
direitos trabalhistas.
"(O
partido decide) Propor ao governo que dê continuidade ao debate com o movimento
sindical e popular, no sentido de impedir que medidas necessárias de ajuste
incidam sobre direitos conquistados - tal como a presidenta Dilma assegurou na
campanha e em seu mais recente pronunciamento. Nesse sentido, é necessário
formalizar o processo de diálogo tripartite entre governo, partido e movimento
sindical e popular, principalmente no que se refere às medidas 664 e 665",
diz o documento.As medidas provisórias 664 e 665, que fazem parte do ajuste fiscal, determinam novas regras que restringem o acesso dos trabalhadores a direitos como seguro-desemprego, abono salarial e auxílio-doença. O documento aprovado pela direção petista deixa explícito o mal-estar causado pelas medidas em diversos setores do partido, principalmente as alas sindical e parlamentar. A Central Única dos Trabalhadores, cujos principais dirigentes são ligados ao PT, e representantes das bancadas do partido no Senado e na Câmara trabalham no Congresso para alterar as medidas propostas pelo governo.
A resolução propõe que o partido recoloque na pauta do dia a criação de um imposto sobre grandes fortunas e uma ampla reforma fiscal como alternativas para reequilibrar as finanças públicas sem restringir direitos trabalhistas. A manutenção destes direitos foi uma das principais promessas de campanha de Dilma, durante um ato em Campinas, que não prejudicaria os trabalhadores "nem que a vaca tussa".
Impeachment
O PT também defende a criação de uma ampla frente
popular incluindo partidos de esquerda, movimentos e entidades com objetivo de "ampliar a governabilidade para além
do Parlamento". A criação de uma frente de esquerda foi tema do
discurso do presidente do PT, Rui Falcão, durante a festa de aniversário de 35
anos da sigla, sexta-feira, na capital mineira.
Embora volte a defender a apuração dos desvios na Petrobras, o PT cobra que as investigações sejam "conduzidas rigorosamente dentro dos marcos legais e não se prestem a ser instrumentalizadas, de forma fraudulenta, por objetivos partidários" sem, no entanto, esclarecer quais seriam estes interesses.
O texto foi aprovado um dia depois de o tesoureiro do PT João Vaccari Neto ter sido conduzido à força pela Polícia Federal para depor sobre supostos desvios de dinheiro da estatal para doações ao partido. Vaccari nega as acusações e reclamou, durante a reunião em Belo Horizonte, da forma como foi conduzido pela PF.
Fonte: Editorial – O Estado de São Paulo