Os juros bancários no Brasil são um absurdo de várias
dimensões. O BC reduziu a taxa básica da economia nos últimos meses,
mas os bancos estão cobrando mais caro em algumas modalidades. Eles se
comportam assim porque o sistema bancário brasileiro é fortemente
concentrado em poucas instituições.
Apenas em maio, a taxa média para o crédito pessoal cresceu 3,4
pontos, para 132,6%, destaca a reportagem da “Folha de S. Paulo”. É mais
do que se cobrava há um ano, quando a Selic ainda estava em 14,25%.
Nesse período, o BC derrubou os juros básicos para 10,25%, mas o recuo
não se refletiu em todas as linhas de crédito dos bancos.
O argumento das grandes instituições financeiras é que o risco e a
inadimplência subiram. Parece um tiro no pé. Ao subir os juros, os
bancos tentam tirar mais lucro elevando o próprio risco da operação. A
pessoa com dificuldade de pagar o financiamento, ao contrário, deveria
receber uma proposta de renegociação por parte do banco, com parcelas
que caibam no bolso das famílias. Esse é o normal em qualquer setor em
que haja competição.
O mercado de alugueis é um exemplo. Os contratos estão sendo negociados sem correção ou até mesmo com desconto, mostra matéria do GLOBO.
Há o caso de uma oferta que estipula desconto do aluguel por três
meses. Atualmente, os proprietários estão disputando o inquilino. A
oferta e a demanda na economia funcionam assim, mas com os bancos aqui
no Brasil não ocorre dessa forma.
É o momento de renegociar. O número de inadimplentes aumentou de 49
milhões, antes da crise, para 60 milhões agora, de acordo com a Serasa
Experian. A empresa explica que o movimento hoje é de pagamento das
dívidas. O dinheiro que sobra é usado para quitar os débitos. As
famílias têm se esforçado para reduzir a relação entre o total devido e a
renda.
Os bancos deveriam aproveitar. Falta a eles a visão estratégica.
Preferem aproveitar para aumentar os lucros de curto prazo. A
instituição poderia ter uma adimplência maior se ajustasse suas taxas à
queda da Selic e ao momento da economia. A decisão de subir os juros,
que parece proteger o banco no horizonte mais curto, pode ameaçá-lo no
médio e longo prazos. O sistema bancário se comporta como um verdadeiro
oligopólio no Brasil.
Fonte: Coluna da Míriam Leitão - O Globo
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segunda-feira, 3 de julho de 2017
Concentração do sistema bancário provoca distorção nos juros
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