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quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Os prós e os contras da nota de R$ 200

A inflação acumulada e os 'desbancarizados' estão por trás da criação da nova cédula, que, apesar de virar meme na web, reflete questões importantes 

R$ 200,00


  • Entrou em circulação em 2 de setembro de 2020
  • Já chega fazendo parte da 2ª Família do Real
  • Animal: Lobo-guará
  • Cores: Cinza e sépia



O Banco Central (BC) lançou nesta quarta-feira (02/09) a nova nota de R$ 200,00 com a imagem do lobo-guará — Foto: Raphael Ribeiro/BCB 


  O Banco Central (BC) lançou nesta quarta-feira (02/09) a nova nota de R$ 200,00 com a imagem do lobo-guará — Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Apesar de a nota de 200 reais ter virado meme e ocupado os assuntos mais comentados do Twitter, também se discutem questões sérias sobre a economia brasileira em torno da nova cédula. De acordo com o Banco Central, ela foi criada pelo mesmo motivo que as de 2 reais e de 20 reais, em 2001 e 2002, respectivamente: reduzir o custo de impressão e de logística do papel em um momento que a demanda  pelo dinheiro em espécie aumentou. Em 2020, serão impressas 450 milhões de unidades, em um valor total de 90 bilhões de reais, e ao custo de 146,25 milhões de reais. Com a crise da Covid-19, muitas  pessoas sacaram mais dinheiro em espécie, principalmente do auxílio emergencial. O problema é que esses recursos não retornaram aos bancos ou circularam pela economia de forma  normal, o que significa que ele está nas mãos do público, muitas vezes em suas casas. 

“Não foi exclusividade do nosso país, outras nações viveram fenômeno semelhante. Em momentos de incerteza, é natural que as pessoas busquem a garantia de uma reserva em dinheiro”, disse Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Esse fenômeno também é causado pela diminuição das transações presenciais no comércio. Apesar de uma tendência mundial, no Brasil a expansão do volume de dinheiro em circulação foi muito maior: de 6,6% em fevereiro para 35% em junho. Nos EUA, em doze meses ele passou de 4,5% para 11,3%, enquanto no Japão passou de 2,5% para 3,9%. 

[mostramos uma cédula de R$ 200,00 para algumas pessoas - buscando uma opinião não técnica e sim dos usuários da nota.
Uma unanimidade: todos querem ter acesso a  uma, não para guardar e sim para gastar.
A quase totalidade acha negativo o lançamento, por considerarem um indicativo da desvalorização do dinheiro.
Lembram que antes encontrar uma de cem reais era um achado, agora já tem algumas rasgadas e ensebadas.
Acharam o design feio, insosso, insípido.

De nossa parte, entendemos que o design do  dinheiro deve ser para homenagear personalidades da nossa História.

O Brasil - e o presidente Bolsonaro seria bem visto se tivesse aproveitado a oportunidade e resgatado a homenagem a algumas das personalidades injustiçadas da nossa História recente.
Para lembrar, citamos os ex-presidentes:
 - Marechal Humberto de Alencar Castello Branco: 
 - Marechal Arthur da Costa e Silva; 
 - General-de-Exército Emílio Garrastazu Médici; e, 
 - General-de-Exército Ernesto Geisel.]
É claro que a novidade tem o seu lado positivo e reduzir os custos de impressão é um deles. Para se alcançar os mesmos 90 bilhões de reais em circulação com cédulas de 100 reais, por exemplo, o custo  ficaria muito mais alto. Além disso, o transporte será facilitado uma vez que o volume é menor. Há, no entanto, do outro lado da moeda, muitos fatores  negativos. O fato de as pessoas estarem guardando mais dinheiro em espécie nesse momento de crise reflete como o trauma causado em 1990 pelo confisco da poupança, no governo Collor, ainda está na  memória da população. “É muito comum encontrar um idoso que não confia em bancos, porque eles não acompanharam toda a evolução do sistema financeiro”, diz Rachel de Sá, economista da XP Investimentos. 

A inflação naquela época, por exemplo, era de 84% ao mês, e em agosto o IPCA 15 ficou em 0,23%. Mesmo que tenha sido ferida nas últimas décadas, ela ainda existe. Ao se observar a inflação  acumulada, o real vem perdeu bastante valor desde maio de 2000. De forma que na época uma nota de 100 reais hoje corrigida pelo IPCA corresponderia a uma de 329,77 reais. Ou seja: quando o dinheiro fica guardado em espécie, ele deixa de render. “É muito ruim manter o dinheiro no colchão, para a pessoa e para a economia como um todo. Isso reflete a falta de educação financeira”, diz Sá. 

Outro ponto negativo desse fenômeno é que, na contramão dos objetivos do BC e do que ocorre nos países mais desenvolvidos, ainda há uma grande quantidade de brasileiros fora do sistema bancário. Para receber o auxílio emergencial, muitos cidadãos tiveram de abrir uma conta poupança na Caixa Econômica Federal. Eles, porém, simplesmente sacaram o dinheiro em espécie, afinal a conta poupança não é feita para transações correntes, e guardaram o valor fora do sistema financeiro. Isso tudo depõe contra a agenda de digitalização que vem sendo empreendida pelo BC. 

No cenário negativo, é possível prever ainda as dificuldades que os comerciantes terão para conseguir dar troco aos seus clientes. Hoje ela já é grande com uma nota de 100 reais, imagine só com o valor dobrado. Por fim, há uma preocupação de que uma nota de maior valor vai facilitar o trabalho de quem deseja lavar altas somas de dinheiro, facilitando a vida dos corruptos que escondem da  Justiça malas cheias de notas. 

VEJA e G1


segunda-feira, 20 de maio de 2019

O BC e a volta da recessão


Sinais que o BC recebe desde a greve dos caminhoneiros são claros e fazem uma ação sobre os juros mandatória

A atuação da nova diretoria do Banco Central já está sob pressão por conta de sua falta de ação neste início de novo mandato. O Monitor do PIB-FGV recém divulgado aponta, na série com ajuste sazonal, retração do PIB no primeiro trimestre, em comparação ao último trimestre do ano passado (- 0,1%) e, na comparação interanual, a atividade econômica cresceu no trimestre 0,5%, mas caiu 1,7% no mês.

Para uma sociedade asfixiada por uma taxa de desemprego inaceitável e um desânimo deletério que domina os empresários, a notícia da volta da recessão não faz bem a ninguém. Como sempre os investidores em ações nas Bolsas de Valores foram os mais rápidos e corrigiram em quase 10% os preços das principais ações negociadas na B3. Mas outros setores já responderam também a esta má noticia, como mostra o índice de confiança do consumidor da Fecomércio com uma queda de mais de 3% em abril.

Meu irmão Jose Roberto fez um comentário pessimista - mas totalmente pertinente - sobre a situação de hoje ao dizer que o espirito animal dos empresários - como dizia Keynes muito tempo atrás - toma um terceiro tombo em apenas dois anos. Ele se referia ao início da recuperação cíclica, em meados de 2017, e que foi violentamente abortada pelas delações da JBS e a um outro espasmo de crescimento, em 2018, jogado novamente ao chão pela greve dos caminhoneiros. Agora, outro momento da volta do espírito animal que se deu após a vitória de Bolsonaro nas eleições presidenciais - e principalmente com a chegada de Paulo Guedes ao comando da economia - chega ao fim com o retorno da recessão econômica.
O risco desta nova decepção é o de criar um desânimo nos empresários e consumidores de uma forma mais profunda e perene. O economista Carlos Kawall revelou em entrevista recente que é possível que o brasileiro médio esteja aumentando sua taxa de poupança pessoal, talvez em função do desânimo de nova recidiva no crescimento. Se isto acontecer, realmente podemos nos preparar para dias ainda mais difíceis ao longo do restante do ano.

Um dos culpados pela volta da recessão terá sido a própria equipe do Ministério da Fazenda que, na ânsia de promover uma verdadeira revolução liberal na nossa sociedade, negligenciou a gestão de curto prazo da economia. Lembro-me de ter acompanhado os discursos de posse dos presidentes dos três bancos
públicos, em que colocavam como primeira prioridade reduzir o tamanho de suas instituições, corrigindo os erros primários cometidos nos governos Lula e Dilma.
Minha reação diante disto foi a de certo espanto, pois o movimento seria corrigir um erro cometendo outro, ou seja, reduzir a oferta de crédito destas instituições - que representam 50% do total do sistema bancário - em um momento em que a recessão já rondava nossa economia. Os bancos privados também trouxeram sua contribuição a este cenário ao absorver em seus spreads a totalidade da redução da taxa Selic, como mostram as estatísticas do Banco Central.

Paralelamente ao arrocho dos bancos públicos o Ministério da Economia iniciou uma série de contingenciamentos nos gastos discricionários do orçamento para compensar a redução da arrecadação gerada pela queda da atividade e criando um conhecido "looping" deflacionário pelo lado fiscal. Nas contas fiscais que podem ser administradas pelo governo temos um superávit crescente, que já vinha sendo perseguido nos últimos meses do governo Temer, e continuou agora.

Finalmente, completando este quadro de inércia em relação à atividade econômica que se enfraquecia, o Banco Central deixou de cumprir seu mandato de um sistema de metas de inflação ao vincular um eventual estímulo monetário à aprovação definitiva da reforma da Previdência e à diminuição de outros riscos fora de nossa fronteira. E afirmo que o BC não está cumprindo o charter associado a um sistema clássico de metas de inflação desde que a greve dos caminhoneiros interrompeu a pequena recuperação cíclica em 2018. O hiato do produto que prevaleceu nos últimos meses pede o afrouxamento das condições monetárias com inflação ancorada nos próximos dois anos no centro da meta do Banco Central.

Basta acompanhar a ação de outros bancos centrais, que seguem o modelo de sistema de metas de inflação, em situação semelhante para identificar esta forma de agir. Com o enfraquecimento progressivo dos indicadores antecedentes de inflação à disposição da autoridade monetária, o estágio do ciclo econômico de curto prazo é que passou a servir como orientador do afrouxamento ou aperto das condições monetárias de uma economia de mercado como a nossa. E os sinais que o BC vem recebendo desde a greve dos caminhoneiros são claros e fazem uma ação sobre os juros mandatória.

Mas a memória inflacionária de um passado que não existe mais criou no BC brasileiro uma mentalidade catatônica em relação a uma ação compatível com a posição do ciclo econômico. Para usar uma expressão popular, o uso do cachimbo da inflação por muitas décadas fez a boca torta quando se trata de uma ação anticíclica de afrouxamento monetário. Esta posição ficou bem clara na declaração do novo presidente da instituição quando disse para quem quisesse ouvir que "o Banco Central não age olhando o crescimento econômico".


Luiz Carlos Mendonça dfe Barros - Valor Econômico


segunda-feira, 3 de julho de 2017

Concentração do sistema bancário provoca distorção nos juros

Os juros bancários no Brasil são um absurdo de várias dimensões. O BC reduziu a taxa básica da economia nos últimos meses, mas os bancos estão cobrando mais caro em algumas modalidades. Eles se comportam assim porque o sistema bancário brasileiro é fortemente concentrado em poucas instituições.

Apenas em maio, a taxa média para o crédito pessoal cresceu 3,4 pontos, para 132,6%, destaca a reportagem da “Folha de S. Paulo”. É mais do que se cobrava há um ano, quando a Selic ainda estava em 14,25%. Nesse período, o BC derrubou os juros básicos para 10,25%, mas o recuo não se refletiu em todas as linhas de crédito dos bancos.

O argumento das grandes instituições financeiras é que o risco e a inadimplência subiram. Parece um tiro no pé. Ao subir os juros, os bancos tentam tirar mais lucro elevando o próprio risco da operação. A pessoa com dificuldade de pagar o financiamento, ao contrário, deveria receber uma proposta de renegociação por parte do banco, com parcelas que caibam no bolso das famílias. Esse é o normal em qualquer setor em que haja competição.

O mercado de alugueis é um exemplo. Os contratos estão sendo negociados sem correção ou até mesmo com desconto, mostra matéria do GLOBO. Há o caso de uma oferta que estipula desconto do aluguel por três meses. Atualmente, os proprietários estão disputando o inquilino. A oferta e a demanda na economia funcionam assim, mas com os bancos aqui no Brasil não ocorre dessa forma.   

É o momento de renegociar. O número de inadimplentes aumentou de 49 milhões, antes da crise, para 60 milhões agora, de acordo com a Serasa Experian. A empresa explica que o movimento hoje é de pagamento das dívidas. O dinheiro que sobra é usado para quitar os débitos. As famílias têm se esforçado para reduzir a relação entre o total devido e a renda. 

Os bancos deveriam aproveitar. Falta a eles a visão estratégica. Preferem aproveitar para aumentar os lucros de curto prazo. A instituição poderia ter uma adimplência maior se ajustasse suas taxas à queda da Selic e ao momento da economia. A decisão de subir os juros, que parece proteger o banco no horizonte mais curto, pode ameaçá-lo no médio e longo prazos. O sistema bancário se comporta como um verdadeiro oligopólio no Brasil.

Fonte: Coluna da Míriam Leitão - O Globo