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quarta-feira, 24 de junho de 2015

As mentiras de Dilma Rousseff e o que ela diz (sem querer) com gestos e caretas



As expressões da presidente em discursos públicos revelam verdades, mentiras e sentimentos que a petista, a esta altura da política, já deveria ter aprendido a controlar
Duas campanhas eleitorais, intensivos treinamentos para encarar imprensa, oponentes e partidos, quatro anos como presidente, e ainda há duas Dilmas Rousseffs: a que fala com palavras e a que fala com gestos e caretas. A segunda, por vezes, contradiz a primeira.
 As várias faces de Dilma (Foto: Agência Brasil e Palácio do Planalto)

ÉPOCA contou com dois especialistas em linguagem corporal – Giovanni Mileo, com experiência em marketing político, e Paulo Sergio de Camargo, autor dos livros Linguagem Corporal Não Minta Para Mim! Psicologia da Mentira e Linguagem Corporal – para analisar o que a presidente diz por meio de microgestos: pequenas expressões da face e do corpo que confirmam ou desmentem falas e exibem sentimentos que não deveriam se tornar públicos.

 As faces de Dilma Rousseff: fenda em "U" aos lados das narinas revelam desprezo, e cantos da boca caídos, tristeza (Foto: Reprodução / YouTube)

Voltemos a 28 de janeiro, quando a petista reuniu ministros para a primeira reunião oficial do segundo mandato e lhes pediu para "travar a batalha da comunicação". "Quando for dito que vamos acabar com as conquistas históricas dos trabalhadores, respondam em alto e bom som: não é verdade. Os direitos trabalhistas são intocáveis, e não será o nosso governo, um governo dos trabalhadores, que irá revogá-los", discursou Dilma. Note que a petista (0:17 do vídeo abaixo), por um instante, olha para baixo e põe a língua para fora. Olhar para baixo e fechar os olhos indica uma possível mentira. Por a língua para fora, um desconforto, algo como "quero sair daqui". Seguro-desemprego, abono salarial e pensão por morte seriam benefícios trabalhistas enxugados depois disso.
 VÍDEO:  Dilma convoca ministros a rebater informações inverídicas 

Não quer dizer que a presidente se desminta sem querer toda vez que fala. Em 19 de março, Dilma deu entrevista a jornalistas logo depois que Cid Gomes aprontou na Câmara e desistiu de ser ministro da Educação. A imprensa especulava que a petista estivesse iniciando uma reforma ministerial com apenas três meses de mandato. O assunto a desagradava. Ao encarar repórteres, quando lábios se afinam e os cantos da boca se contraem, há um sinal de raiva contida. Depois mostra as palmas das mãos enquanto diz que "não tem perspectiva de alterar nada nem ninguém". É um gesto de quem fala a verdade. Dilma voltou a mostrar a palma  quando dizia que "reforma ministério é uma panaceia, não resolve problemas". Reforma, de fato, não houve.