Blog do Lúcio Vaz
As incríveis notas fiscais dos senadores: auxílio-avião, carrão e banquete - Notas fiscais detalham combustível e frete de avião, banquetes e carrões de senadores
Maior despesa neste ano foi feita pelo presidente do Senado,
Davi Alcolumbre
[curioso é que os senadores dos estados mais pobres, mais atrasados, com maior número de necessitados = em alguns casos famintos mesmo - são os mais pródigos com o dinheiro público;
será alguma trauma de infância?]
Maior despesa neste ano foi feita pelo presidente do Senado,
Davi Alcolumbre: R$ 72 mil com o fretamento de um avião para visitar suas bases
eleitorais no Carnaval.
A divulgação das notas fiscais das despesas dos senadores,
iniciada em julho, vem revelando detalhes das mordomias custeadas com dinheiro
público, como banquetes para convidados, aluguel de carrões de luxo e até mesmo
aviões.
Pressionado por pedidos de
informação que solicitavam as notas fiscais das despesas dos senadores,
Alcolumbre prometeu quebrar esse sigilo a partir de julho. Cumpriu a promessa,
mas a Câmara dos Deputados já faz isso há anos. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), campeão de gastos em
restaurantes, pagou R$ 630 por 16 refeições num restaurante em Parnaíba (PI).
Mas, em março, quando não havia a mesma transparência, ele havia gasto R$ 1.013
– R$ 15 acima do salário mínimo –, no restaurante japonês Kawa, em Brasília.
Em 9 de agosto, Nogueira custeou um banquete no Favorito
Grill, em Teresina, no valor total de R$ 442. Os convidados comeram um bife de
tira, uma picanha na brasa, dois picadinhos de filé e dois galetos. O senador
espetou R$ 402 na conta do Senado. O senador também comeu um risoto de lagosta
no Restaurante Lago, em Brasília, onde declarou gasto de R$ 287. Pagou do seu
bolso um vinho português Dona Maria Amantis.
Embora mais comedido, Nogueira não abandonou por completo o
roteiro gastronómico da elite paulistana. No restaurante Amadeus, no Jardim
Paulista, comeu uma moqueca Amadeus por R$ 236, em agosto. Cobrou R$ 261 do
Senado. No Hi Pin Schan, na Vila Olímpia, comeu camarão com cebolinha. Mais R$
238 na conta do contribuinte. Nos meses anteriores, gastou R$ 468 no Chicago Prima
Parrilla, R$ 502 no Office 10, R$ 556 no Kawa e R$ 576 no Pobre Juan, em
Brasília, além de R$ 846 no restaurante São João, em Teresina. A média dos
gastos com alimentação – num total de R$ 19 mil neste ano – caiu de R$ 250 para
R$ 160 após final do sigilo das notas. Nogueira já gastou neste ano R$ 190 mil
com locomoção, hospedagem, alimentação e combustível. Isso representa 80% da
sua cota para o exercício do mandato.
O blog perguntou ao senador se os jantares mais caros foram
particulares ou atenderam a compromissos políticos ou de trabalho. Ele não
respondeu, como sempre.
Banquetes de trabalho
No dia 15 de agosto, o senador Elmano Férrer (Podemos-PI)
chamou a sua equipe de assessores para uma reunião almoço no restaurante do
Senado, administrado pelo Senac. Foram servidos cinco pratos de Bacalhau Zé do
Pipo, no valor total de R$ 233, mais dois escalopes de filé mignon ao molho de
vinho com arroz a piamontese, por R$ 93,20. Com mais água, refrigerantes e
cafezinhos, a conta fechou em R$ 368 – pagos pelo contribuinte.
Férrer também recebeu prefeitos do interior do Piauí em
almoço no restaurante do Senado, “para discutir as demandas dos municípios”,
segundo informa a sua assessoria. Mais uma despesa de R$ 309 para os pagadores
de impostos. A nota publicada não especifica os gastos.
O senador Cid Gomes (PDT-CE) fez apenas uma despesa com
restaurante desde a sua posse, mas caprichou. Recebeu uma jornalista para
almoçar no restaurante Rubaiyat, no dia 22 de agosto, na companhia de dois
assessores. O prato mais caro foi uma picanha fatiada (R$ 242), mas também
foram servidos fraldinha e baby beef, a R$ 114 cada. Mais a salada, a farofa de
ovo, água, refrigerante e R$ 78 de gorjeta, e a conta ficou por R$ 678. O
senador cobrou R$ 600 do Senado, ou melhor, do contribuinte.
Reunião de natureza política
A senadora Juíza Selma (Podemos-MT) pagou R$ 610 por uma
refeição no Restaurante e Peixaria Okada no dia 12 de agosto. Segundo a sua
assessoria, foi uma “reunião de natureza política” com o superintendente da
Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), Nelson Vieira, e
servidores do órgão para tratar de “assuntos de extrema relevância para o
estado” debatidos na “Conferência Visão 2030: Mato Grosso Desenvolvido”.
A nota fiscal não descreve, porém, os pratos servidos no
almoço, encerrado por volta das 14 horas. O gabinete da senadora afirma que a
prestação de contas está em conformidade com a regulamentação do Senado.
Você paga o combustível dos aviões
O senador Ângelo Coronel (PSD-BA) gastou R$ 13,9 mil com
combustível para aviação em setembro, para deslocamentos até o seu local de
trabalho, o Congresso Nacional. A conta ficou para o contribuinte. Mas o
senador não fretou aeronaves. Questionado pelo blog sobre esse detalhe,
respondeu que “não houve gasto com fretamento de aeronave, já que a mesma é
particular. Tudo dentro da legalidade, de acordo as normas estabelecidas pelo
Senado da República”.
Perguntamos, então, se o avião é de sua propriedade. A sua
assessoria respondeu que ele “é empresário e está senador”. Acrescentou que a
aeronave é um jato bimotor operado pela empresa Jetgold, que atende ao senador
e às empresas do grupo da família. O senador utiliza a aeronave no roteiro
Salvador/Brasília/Salvador, e também em roteiros comerciais. “Quanto ao
pagamento pelo uso, o senador e as empresas do grupo da sua família bancam a
aeronave com recursos privados”, disse a sua assessoria.
Coronel destacou que os senadores têm direito à cota mensal
para gastos com locomoção dos seus respectivos estados para Brasília (ida e
volta). Em oito meses de mandato, ele utilizou apenas 8% do valor a que tem
direito.
Os campeões de gastos
Além do "campeão", o presidente do Senado, Davi
Alcolumbre, o senador Ciro Nogueira já gastou muito dinheiro com aviões, tudo
por conta do Senado. Em 2017, torrou R$ 157 mil com fretamento de aeronaves,
mais R$ 76 mil com combustível para aviões. No ano passado, reduziu essas
despesas. Neste ano, usou a sua cota apenas com combustível das aeronaves, num
total de R$ 75 mil. E não informou em que aviões é transportado.
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