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segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Calcinha com bolso - Carlos Alberto Sardenberg

Apareceu na categoria esperteza: calcinha com bolso de zíper, na frente, para levar o celular
Novidade para o carnaval, espécie de contramalandragem para escapar dos furtos, devidamente anunciada nos sites de roupas femininas. Coloque no Google “calcinha com bolso”, e aparecem diversas opções de modelos e preços. Há cuecas, também, mas não têm, digamos, a mesma graça. 
 
A recepção na imprensa foi positiva. Grande sacada. Destaca-se que a moça pode levar o celular e um cartão de débito, embora este seja dispensável. 
Pode-se pagar tudo pelo celular, não é mesmo? 
Também é verdade que, se ganha em segurança, a roupa íntima perde em sensualidade. 
 
Que fazer? Trata-se de um trade off diante da onda de furtos e arrastões. A ideia, ao que parece, saiu do Rio, mas o problema é nacional. Na festa da virada no Centro de São Paulo, um cara foi apanhado com 17 celulares, e isso antes da meia-noite.
Nos divertimos com a história quando comentamos na CBN, mas depois deu um baixo-astral. Caramba, gente, então estamos rindo porque neste carnaval seremos mais espertos que os bandidos? 
 
Estamos admitindo que o furto de celular acontecerá em toda festa de rua ou mesmo sem festa, num simples passeio na praia ou no parque. É da vida social. A resposta, logo, só pode ser algum truque de sobrevivência. E se o bandido for violento? Aí, é torcer para escapar com o mínimo de danos.
Estamos nos acostumando com o errado, com o crime, com o pouco que já está bom. Revela falta de confiança nas instituições, nas leis e nas pessoas que deveriam garanti-las. E um certo desânimo com o país.

Há pelo menos quatro décadas, a economia brasileira segue nessa toada: algum crescimento, inflação, pasmaceira, recessão, pequena recuperação, outra estagnação. Na média, o PIB e a renda real evoluem em torno de 1% ao ano.

Neste momento, comemora-se um crescimento de quase 3% que deve ter sido obtido no ano passado
Segundo o FMI, o número se equipara à média mundial, mas é inferior à dos países emergentes (4%) e muito menor que o resultado dos asiáticos (5,2%)
Só é melhor que a média esperada para a América Latina (2,3%) — dos nossos irmãos de baixo desempenho econômico e social.

Também se dá por coisa da vida que os juros no Brasil são mais elevados. Teoria e História mostram que os países com juros baixos exibem contas públicas equilibradas, gasto público eficiente, amplo espaço para a prosperidade das empresas e para o desenvolvimento de iniciativas pessoais e privadas, além de ganhos de produtividade com boa educação.

Por que não se consegue ao menos imitar os bem-sucedidos?

Considerem a educação. No fim do ano passado, comemorou-se por aqui, discretamente, é verdade, o resultado do Pisa (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes).  
Os alunos brasileiros quase não sofreram perdas em consequência da pandemia. 
Pouco se notou que o padrão vinha de muito baixo, de onde é difícil cair. 
E se deixou de lado o principal: os alunos das escolas privadas foram bem, enquanto os estudantes das públicas ficaram entre os piores desempenhos do mundo. 
 
Parecia jogada política. Esconder o ruim. Pensando bem, foi o costume. 
A escola pública é ruim, assim mesmo. 
Em alguns estados, foi boa até os anos 1960. Daí foi piorando, em meio a infindáveis discussões sobre o melhor modelo educacional e adequado ao Brasil. 
 
Há países ricos com boas escolas públicas. Há países emergentes, especialmente os asiáticos, que deixaram a pobreza enquanto melhoravam a qualidade de suas escolas públicas. 
A relação é direta: escola boa, produtividade da mão de obra, crescimento forte e melhor distribuição da renda, porque os pobres têm oportunidades educacionais próximas às dos ricos.

Há escolas públicas de qualidade em diversas cidades brasileiras. Isso quer dizer que, mesmo aqui, sabe-se como ensinar língua, matemática e ciência para um mundo de inteligência artificial.

Para todo lado onde se olha, sabe-se o problema. Olhando um pouco em volta, encontram-se soluções corretas.

E a gente aqui inventando calcinha com bolso de zíper.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - Coluna em O Globo - 6 janeiro 2024

 


domingo, 7 de janeiro de 2024

A insensatez abunda - Percival Puggina

          A exigência de visto para entrada no Brasil de turistas procedentes do Canadá, da Austrália e dos Estados Unidos começa a valer a partir do dia 10 de janeiro.

O governo brasileiro é pilotado por pessoas com cabeça de militante de centro acadêmico
O pessoal preserva suas saudosas memórias da UNE e mantém seus automáticos alinhamentos antiamericanistas, anticapitalistas e anti-imperialistas. 
Prefere o impávido e exitoso modelo cubano ao do inimigo ianque, tornando inevitável à preservação da honra nacional que a reciprocidade se impusesse: ou os brasileiros são dispensados do visto nesses três países ou vamos exigir visto dos turistas deles!
 
A moçada já grisalha, mas com o cérebro ainda deitado no colchão do centro acadêmico, ficou eufórica: “Agora eles vão ver o que é bom para a tosse!”. Só que o prejuízo será nosso. 
A medida vai afetar o setor turístico porque embora a entrada de canadenses e australianos seja inexpressiva, a de norte-americanos chegou próxima dos 500 mil no ano de 2023.
 
O topete e a presunção desaparecem quando nos propomos uma simples questão: quantos cidadãos desses três países tentam permanecer clandestinamente no Brasil? Ah, pois é
E quantos brasileiros, você conhece que já estão vivendo nos EUA, no Canadá e na Austrália.? Ah, pois é.
 
Aliás é bom que o fã clube nessa turma também saiba: o Brasil está longe de ser considerado um país atrativo no grande negócio do turismo internacional. 
Vir ao Rio de Janeiro, por exemplo, é turismo de aventura, tipo Gaza em versão dietética, e os criminosos fazem questão de proporcionar seus espetáculos na “safra” de verão, reforçando a mensagem que diz – “Não venham!”. 
Então, quando tudo corre bem, o Brasil recebe 6% do número de turistas que visitam a França ou a Espanha e 10% dos turistas que vão à Nova Iorque. E olha que temos espaço para acomodar nossos visitantes!

A insegurança em que vivemos foi cuidadosamente cultivada por sucessivos governos de esquerda que viram a criminalidade como agente da revolução social, a ser paparicada como se parceira de causa fosse. Nossa atual condição de pária internacional em virtude das parcerias do petismo com governos criminosos só veio complicar mais a situação.

O turismo brasileiro fica, então, na grande dependência dos glúteos femininos rebolando nas praias e no carnaval. A insensatez abunda.

Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

 

sábado, 4 de março de 2023

O Carnaval não tem fim na Câmara dos Deputados

 
Os que foram reeleitos ainda receberam, em 31 de janeiro, um depósito de R$ 39,2 mil

Os que foram reeleitos ainda receberam, em 31 de janeiro, um depósito de R$ 39,2 mil | Foto: Câmara dos Deputados

Na segunda-feira 27, a Câmara dos Deputados usou R$ 20 milhões  para bancar um auxílio salarial complementar para as despesas de início de mandato dos deputados. Anteriormente chamado de auxílio-paletó, o presente agora foi batizado de “auxílio pós-Carnaval”. Todos os 513 deputados foram contemplados, segundo a própria Casa. Alguns novatos foram até surpreendidos quando viram o dinheiro extra na conta.

O valor é similar ao de um salário dos deputado: R$ 39,2 mil. Os que foram reeleitos ainda receberam, em 31 de janeiro, um depósito de mais R$ 39,2 mil para “compensar as despesas com mudança e transporte”. Trata-se do auxílio-mudança, que passou a ser descrito como ajuda de custo pela Câmara.


Além de todos os “mimos”, os parlamentares ainda receberam normalmente seus salários em 22 de fevereiro. Sendo assim, na prática, os políticos angariaram cerca de R$ 120 mil em menos de 30 dias. Todos os benefícios estão previstos no Decreto Legislativo 172/2022, que ainda define o aumento do salário dos parlamentares para R$ 41, 6 mil, a partir de abril.

Alguns deputados devolveram a primeira parcela que foi recebida em janeiro. É o caso de Ubiratan Sanderson (PL-RS).

Redação - Revista Oeste


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

A folia petista - Revista Oeste

Rodrigo Constantino

Pode inundar São Paulo inteiro que as lideranças do PT estarão alegres e saltitantes, fazendo o L de tanto se lambuzar com os recursos públicos

Flávio Dino, Janja, Randolfe Rodrigues, Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias celebrando o Carnaval | Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução 

 Flávio Dino, Janja, Randolfe Rodrigues, Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias celebrando o Carnaval | Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução 

O Carnaval terminou. Mas não a hipocrisia do PT e da nossa velha imprensa. Esta tende mesmo ao infinito, com seu duplo padrão escancarado. Enquanto os paulistas afundavam na lama das intensas chuvas que castigaram o Estado, a turma do PT caía no samba. 
Janja, que acompanha seu marido, Lula, em quase tudo que é evento, nem sequer largou o Carnaval da Bahia para visitar os locais da tragédia. Flávio Dino, depois de se “fantasiar” de guerrilheiro comunista, pulou numa resistente marquise fazendo o L, sem constrangimento algum com o caos paulista. 
O senador Randolfe Rodrigues idem, apareceu saltitante e sorridente.

Então quer dizer que as pessoas não podem se divertir durante uma catástrofe? Claro que não. Sendo o Carnaval uma festa de fuga da dura realidade que enfrentamos todos os dias, uma válvula de escape para as agruras da vida, um convite hedonista para glorificar a carne e o prazer, claro que todos têm o direito de desligar um pouco suas preocupações e pular o Carnaval. Mas o que chama a atenção é o critério seletivo da própria esquerda e da imprensa, hoje sinônimos. Ah, se fossem os bolsonaristas…

Não precisamos especular. Vimos como os petistas e os jornalistas trataram Bolsonaro durante enchentes ou mesmo a pandemia. Se o presidente fosse visto num jet ski ou dando algum sorriso, isso era sinal de que ele não passa de um psicopata, um genocida, um insensível que não dá a mínima para os outros. 
Por que não podemos usar a mesma régua agora, com Lula no poder? 
O que mudou? Pau que bate em Francisco também não dá em Chico?

A esquerda precisa se vender como a única força política preocupada com as minorias e os mais pobres, sem ter de debater os instrumentos para efetivamente melhorar suas vidas, trazer prosperidade às classes mais baixas

No começo do desastre paulista, o governo Lula autorizou somente R$ 2 milhões para auxílio. O governo Bolsonaro chegou a mandar R$ 700 milhões para ajudar as regiões afetadas pelas enchentes durante sua gestão
Se fosse o contrário, isso seria utilizado pela mídia como “prova” da sensibilidade social de um e da falta de empatia do outro. 
Mas como nosso “jornalismo” faz de tudo para proteger Lula e demonizar Bolsonaro, a gritante diferença passou despercebida.  
Novamente, o duplo padrão é gritante demais para ser ignorado.
Matéria no site da CNN, no dia 9/5/2020 | Foto: Reprodução
A “consciência social” da esquerda sempre foi um slogan, uma jogada de marketing, uma estratégia fria e calculista de conquista de votos para seu único projeto real, o poder.  
Ficar pregando caridade com o chapéu alheio é fácil; difícil é criar mecanismos de incentivos que realmente melhorem a vida dos mais pobres. Estes estão aguardando até agora as tais picanhas prometidas por Lula na campanha. É pura demagogia!

Sem o monopólio das virtudes a esquerda não consegue avançar. Ela precisa se vender como a única força política preocupada com as minorias e os mais pobres, sem ter de debater os instrumentos para efetivamente melhorar suas vidas, trazer prosperidade às classes mais baixas. Na prática, o esquerdismo costuma produzir apenas mais miséria, mostra-se incapaz de entregar os resultados prometidos. Mas os esquerdistas enriquecem no processo, normalmente por meio de muita corrupção.

Quando Lula foi declarado vitorioso no pleito questionado por muito eleitor, houve festa nas favelas. Mas não do povo, e sim daqueles que comandam esses territórios paralelos, os traficantes que receberam o candidato petista sem necessidade de qualquer escolta policial. 
Os presídios também comemoraram. E os artistas de olho nos milhões da Lei Rouanet, claro. 
A folia dessa turma pendurada em esquemas estatais ou dependente da leniência com o crime foi inversamente proporcional ao desespero do brasileiro médio trabalhador e honesto, ciente de que terá de pagar essa fatura e conviver com maiores taxas de criminalidade.
Artistas que apoiaram Lula na campanha de 2022  - 
 Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert
O clima no Brasil trabalhador é de apreensão, de ressaca, de medo. Os patriotas sabem que a turma de Dirceu está de volta para conquistar e não mais largar todo o poder, inspirados nos projetos totalitários do Foro de SP e mirando nos exemplos de seus companheiros da Venezuela. 
Os alienados acham que isso tudo é teoria da conspiração, pois se recusam a admitir qual a essência do petismo. 
 Não vai ser nada fácil derrotar essa gente. [eles próprio perderão a credibilidade e as possibilidades de voltarem a vencer.] E eles contam com o velho “pão e circo” para distrair os adversários e suas vítimas.
Teremos anos de muita ressaca à frente para o povo brasileiro. Já os petistas não enxergam razão para qualquer tristeza. 
 Pode inundar São Paulo inteiro, o Estado pode ficar imerso na lama, que as lideranças petistas estarão alegres e saltitantes, fazendo o L de tanto se lambuzar com os recursos públicos. 
Quem ousar reclamar vai ouvir apenas um “perdeu, mané”. A folia não pode parar…

Leia também “A esquerda destrói e fica perplexa”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste


terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

STF agora decide ignorar confissão de quem pagou e pegou propina - Alexandre Garcia

Vozes - Gazeta do Povo

Efeito Lula

STF agora decide ignorar confissão de quem pagou e pegou propina
| Foto: Divulgação STF


Queria começar esta coluna citando uma reportagem da Folha de São Paulo de ontem, cujo título é “Delação do fim do mundo acumula derrotas no STF sob efeito Lula e trava ações”. O Supremo Tribunal Federal tem bloqueado processos, que usam dados entregues pela Odebrecht, em acordo que impactou o meio político.

Não é a oposição que está contando isso. É a Folha de São Paulo. O acordo de colaboração que chegou a ser apelidado de ‘delação do fim do mundo’ pelo seu impacto na política nacional agora tem sido gradualmente considerado inválido pelo Supremo, travando uma série de processos na Justiça. 
A partir de um precedente, que beneficiou o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, ordens do Tribunal têm declarado suspensas ações penais que tiveram como base dados do acordo de leniência da empreiteira Odebrecht.”
 
Quer dizer, a própria Odebrecht afirmou que pagou propina. Tem lá a lista, tem a contabilidade da propina. 
Teve muita gente que pegou dinheiro da Petrobras e devolveu. 
E isso está passando assim. Estamos consagrando aquele dito popular de que o Brasil é o país da impunidade
O Supremo começou a fazer isso por causa de Lula. Ou melhor, por causa de Jair Bolsonaro, por algum tipo de antipatia que se tinha por ele, e aí foi buscar uma solução e a gente está vendo isso. 
Fica aqui o registro da Folha de São Paulo.
 
No litoral, tragédia que se repete
O outro registro que eu quero fazer é dessa região do litoral norte de São Paulo, em que há mais de quarenta mortos.  
Eu vejo isso nos últimos sessenta anos, todos os anos, todo santo ano. 
Na mesma região, na mesma época, com as mesmas consequências, e isso se repete no ano seguinte. Ninguém aprende.
 
Só que quem fez alguma coisa foi o governador Carlos Lacerda, quando desabaram os morros no Rio de Janeiro. Se vocês andarem pela cidade, vão ver muita obra de engenharia de concreto segurando morro. 
E funcionou. Já em Angra dos Reis, Petrópolis, Mangaratiba, Teresópolis, Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela... Tudo de novo. 
E morrendo gente, milhares de desabrigados, os políticos fazendo sempre grandes promessas. Só que se repete. 
Parece óbvio que, se for proibido erguer edificações em área de risco, de certa forma resolve. As casas não seriam tragadas pela lama. 
Se for possível segurar a lama, uma vez que não é possível segurar a chuva, de fazer desvio, fazer obras de engenharia, inclusive para proteger as rodovias, identificar todas as áreas de risco... Mas está aí o problema.
 
Carnaval em casa
O mesmo problema dos acidentes do Carnaval. A ponte que caiu lá no Rio Mampituba, na divisa de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Uma ponte com capacidade pra dezesseis pessoas, segundo os bombeiros, tinha mais de cinquenta. Era uma ponte de pedestre
Tiroteio tem lá em Magé (RJ), violência, a pessoa não vai para o Carnaval para se divertir, brincar, dançar. Vai para brigar. Mas também não é de agora, não. Desde adolescente que vejo briga em Carnaval. 
E aí as pessoas estão cada vez mais se distanciando do que era uma festa muito popular brasileira. A maior parte das pessoas está ficando em casa. Até gostaria de ver alguma pesquisa de opinião para saber da população brasileira qual o percentual que vai para o Carnaval.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

A falsa direita dos fundões e dos fundilhos - Percival Puggina


         A falsa direita “pegou os bobos na casca do ovo”. Essa expressão é antiga, hoje substituída por trollar ou sacanear, mas serve bem ao caso porque enganar alguém na casca do ovo significa vender-lhe por ovo apenas a casca esvaziada de seu conteúdo.

A exemplo de muitos, também comprei casca por ovo. Acreditei que a “direita” obteve uma vitória considerável na eleição para a Câmara dos Deputados e que essa bancada iria conter a volta ao passado mais do que imperfeito para onde apontavam as manifestas intenções do novo governo Lula.

Porém, ah, porém”, digo com Paulinho da Viola (aproveitando que escrevo num domingo de carnaval), persiste e se revigora a tradicional venalidade das convicções na sua troca por cargos. O União Brasil, partido contado como “de direita”, nascido da união entre o PSL (partido de Bolsonaro no pleito de 2018) com o Democratas (antigo DEM, anteriormente PFL) já tem três ministérios no governo Lula e quer mais posições no segundo escalão. Não bastasse isso, se consolida uma federação unindo UB e PP.    

Como entender alguém que fez campanha como antipetista, buscou votos na direita e imediatamente após a eleição vai se aconchegar no colo de Lula? Traição ao eleitor!  
E ela só se explica porque o sistema eleitoral favorece a reeleição de quem está agasalhado e bem comportado no aconchego das tesourarias, dos cargos e favores do governo, das emendas parlamentares, dos fundões e dos fundilhos alheios. 
No último caso, os próprios eleitores do parlamentar.
 Esse pacote dá mais votos do que a fidelidade a princípios e valores.

A propósito, lembre-se de que quando Bolsonaro, durante os dois primeiros anos de seu mandato se recusou a estabelecer esse tipo de negociação, foi flagelado com a rejeição de suas propostas e pelos próprios parlamentares que pediram votos com ele e para ele. Por quê? Porque não é assim que a banda toca.

Por isso, defendo a existência de um partido de direita com programa, princípios e valores, não extremista porque os extremos saem do arco da democracia, nem centrista porque o centro e sua periferia, pela direita e pela esquerda, é o espaço do famigerado centrão. 

E o centrão, lugar dos vendilhões e de sua freguesia, tem que ser reduzido à menor dimensão possível para que a política nacional comece a tomar jeito.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


Reforma tributária não vai reduzir impostos - Alexandre Garcia

Vozes - Gazeta do Povo 

Carga fiscal

Parabéns aos integrantes do agro deste país. O agro não é apenas a lavoura, é a pecuária, é a indústria de alimentos, indústria de máquinas. 
 O agro brasileiro, meus amigos, chegou a um produto bruto no ano passado de meio trilhão de dólares. Isso equivale ao PIB inteiro da Argentina, que já teve o maior PIB da América Latina lá no início do século passado.

Vejam só o resultado, faço votos para que o agro continue assim, embora esteja no governo uma ideologia que tem preconceito contra o agro e que ainda discute o direito de propriedade, que é uma cláusula pétrea inscrita no caput do artigo quinto da Constituição na mesma linha que o direito à vida.

Reforma tributária não deve reduzir impostos
Está se falando muito em reforma tributária. Não tenham esperança de que seja para reduzir os impostos. Vai ser exatamente o contrário, a carga fiscal vai subir. 
Aliás, já subiu a carga fiscal do ICMS a pedido de governadores, que apoiam o governo. De modo que o pessoal que vai receber um aumento de R$ 18 no salário mínimo, com o aumento do ICMS em tudo que vão comprar, inclusive no combustível, os R$ 18 não vão ser suficientes para isso, podem ter certeza.
 
E vão continuar pagando imposto, porque embora na campanha eleitoral o atual presidente tenha prometido isenção de imposto de renda para quem ganhasse até R$ 5 mil, na verdade a isenção vai ser para quem ganha até R$ 2.112. 
 Tem gente dizendo que é para agradar a classe média, olha R$ 2.112 por mês, não é a classe média, não é nem classe média baixa. Estão fazendo uma avaliação muito, muito estranha.
 
Máscara 
Carnaval, vocês já viram as imagens, aquela aglomeração. Olha só que estranho, a Anvisa exige máscara nos aeroportos e dentro dos aviões, mas não fala de máscara nessas aglomerações de Carnaval, inclusive nos clubes, que são fechados, pior ainda. 
Agora também não vai fazer diferença. A diferença que faz é se alguém estiver doente para não propagar para o outro.

Como proteção de alguém que não está doente, não respirar vírus não adianta nada. Agora é científico, meta análise, teste duplo cego, a Cochrane já divulgou, o Conselho Federal de Medicina (CFM) já comunicou a Anvisa que a máscara não adianta nada.

Eu fico me perguntando, nesse tempo todo de engodo, de engano, de experiência irresponsável, que fizeram balconistas, por exemplo, coitados usando máscara no mínimo oito horas por dia, respirando o próprio ar expelido dos pulmões e se queixando de dores de cabeça.

Outra questão que está aparecendo bastante, a estatística agora está mostrando excesso de mortes no Reino Unido e em Portugal. Estão dando como explicação que são as mudanças climáticas, e a gente sabe que não se trata disso. O Reino Unido, por via das dúvidas, cancelou a obrigatoriedade de vacinação em crianças e adultos sem risco, por via das dúvidas.


Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Os primeiros efeitos da eleição no Congresso - Gazeta do Povo

Vozes - Alexandre Garcia

Poder

Já há consequências na Câmara dos Deputados e no Senado da eleição do dia primeiro. ]
Na Câmara, Arthur Lira, que fez 90% dos votos, emplacou o seu preferido para a vaga no Tribunal de Contas da União, que é um órgão que não é do Judiciário, é do Legislativo, e é preenchido por indicações da Câmara e do Senado. Foi eleito por 239 votos o deputado do Republicanos, de Roraima, Jonathan de Jesus, candidato de Lira, que confirma o seu poder lá dentro.
 
E a consequência da eleição de Pacheco no Senado é que uma medida provisória do presidente da República, de 2 de janeiro, que extinguiu a Fundação Nacional da Saúde, a Funasa, vai ser revertida. 
A Funasa agora ela vai ser ressuscitada, graças a um boca a boca de urna, por compromissos para o governo ganhar votos pro Pacheco. Então já temos duas consequências.

Rolo inexplicável
Mas o assunto do dia é essa história do senador do Espírito Santo, do Podemos, que era do Cidadania, o antigo Partido Comunista Brasileiro, o Marcos Do Val, que apoiou Bolsonaro e que agora se meteu num rolo até agora inexplicável. Deu uma entrevista para a revista Veja, anunciou, chamou atenção para essa entrevista, dizendo que era uma bomba envolvendo Bolsonaro.

Bolsonaro teria sugerido que ele desse um golpe, gravasse uma conversa com Alexandre de Moraes para comprometer o ministro etc. e tal. 
Aí, na quinta-feira, ele dá outra entrevista dizendo que não era nada disso. Ele tinha dito até que iria renunciar ao mandato e agora não vai mais renunciar. Tem de explicar o porquê, tem que saber qual é o objetivo, por que ele fez tudo isso. Parece uma bipolaridade, num dia diz uma coisa, no outro diz outra radicalmente oposta.

Daniel Silveira
Bolsonaro só teria ouvido a conversa e foi o Daniel Silveira que propôs tudo – o mesmo Daniel Silveira que foi preso no primeiro dia sem mandato, por Alexandre de Moraes, porque teria continuado a usar a rede social para ofender o Supremo e a Justiça Eleitoral. 
Quer dizer, o ofendido é quem prende, incrível, né? Nem na inquisição acontecia isso. E ele também tirou a tornozeleira – tirou mesmo, porque foi indultado pelo presidente da República.  
Estava condenada a oito anos e nove meses e foi indultado. 
Enfim, essa é outra discussão. A discussão é essa história do Marcos do Val. Qual o objetivo disso? Ele pretendia o quê?
 
O Supremo e o papa Agora o Supremo está com boa fama entre os advogados. O advogado de um padre lá de Blumenau, que foi expulso da Igreja pelo papa, está entrando no Supremo contra o papa, em outras palavras, alegando que não teve direito de defesa. 
E está entrando no Supremo, ou seja, até os advogados estão achando que o supremo está acima do papa. [em nossa Opinião, se trata de um assunto interno da Igreja Católica Apostólica Romana, que tem seu Código Canônico e jurisdição específica = esperamos que os supremos ministros tenham o bom senso de não interferirem; 
- caso o façam, estão abrindo as portas para que esquerdistas - candidatos natos ao inferno (no mínimo, por ateísmo) - ingressem no STF com mandado de segurança, ou algo parecido, para não serem condenados ao fogo eterno e um supremo ministro conceda o pedido = de cuja recusa só saberá após morrer, quando encontrar, no inferno, o esquerdista que pretendeu livrar da condenação divina.]
Devem ter olhado essas coisas que estão acima da Constituição, afinal, o Supremo transferiu direitos da Constituição, que nem o Congresso pode alterar, para prefeitos e governadores durante a pandemia, o direito de ir vir, de reunião, de trabalho, de culto, tudo isso...

Jatinho mais caro
E mais uma coisa para vocês saberem. Acaba de subir em 17% o combustível dos jatos que nos levam para as festas de carnaval ou da Semana Santa, agora, a passagem também está mais cara. 17% a mais no querosene de aviação.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Black Lives Matter: vidas negras importam, desde que não atrapalhem o carnaval

 
Madeleine Lacsko

Morte no Sambódromo

Entenda por que a lacração foi tão comedida ao comentar a morte da menina de 11 anos no sambódromo: dores reais não importam.

Raquel Antunes Silva tinha 11 anos de idade. Confesso que não consegui ver os vídeos que registram o momento fatal. Ela é prensada contra um poste pelo carro alegórico da escola de samba "Em Cima da Hora", do grupo de acesso do Rio de Janeiro. Foi socorrida e operada por 8 horas. Teve uma perna amputada mas, infelizmente, não resistiu.


Acidente ocorreu por volta das 23 horas da quarta-feira, no Sambódromo - Foto: EFE/ Antonio Lacerda

O desfile prosseguiu porque o show tem de continuar, diz um dos meus sambas preferidos. Li em uma reportagem sobre o carnaval que o segundo dia de desfiles não atrasou tanto quanto o primeiro, sem mencionar o motivo.

O desespero da mãe da menina, Marcela Portelinha Antunes, contrasta com a apoteose do maior espetáculo da terra. A filha nem chegou a atrapalhar o carnaval, ele simplesmente atropelou a menina e seguiu festejando. Uma menina negra cuja família gosta de carnaval, que nem desfilando estava, havia comido um lanche estava tirando uma foto para guardar de lembrança.

A mãe passou mal, teve de ser atendida no hospital. Enterrou a filha enquanto a folia dominava o noticiário e a celebração. Ninguém merece enterrar um filho. O meu faz 11 anos mês que vem. Impossível alguém não ficar profundamente triste com a morte de Raquel, mas temos a impressão de que ninguém falou nada. Parece que ela é menos importante que o carnaval da "africanidade". Seu Che Guevara de apartamento preferido não deve ter visto essa morte.

Onde estava todo o pessoal do Black Lives Matter versão tupiniquim para dizer que vidas negras importam, mais uma criança morre e ninguém faz nada, o racismo estrutural do Brasil se revela no genocídio do povo preto, etc. Infelizmente, a morte de Raquel, uma menina de 11 anos, não se encaixa no clichê do identitarismo ou movimento woke. Ela que lute.

Seria um erro confundir o identitarismo com as minorias que ele diz defender e com as quais pretende ser confundido. Houve gente do movimento negro chorando a morte e demandando justiça. A família não calou um segundo. A cobertura de imprensa foi extensa e deu apoio à família. A polícia esteve lá

Quem não estava? Os Che Guevara de apartamento que usam qualquer morte de criança negra para sinalizar virtude. É o barulho deles que você não ouviu.

As frases emocionadas e moralistas sobre assassinato de crianças valem quando cabem na narrativa divisionista do identitarismo.   
O que importa não é a criança nem a minoria, é o inimigo que você vai atacar. 
Se o inimigo for Bolsonaro ou a polícia, por exemplo, o identitarismo vai fazer o maior carnaval com mais uma morte de criança preta ignorada pela branquitude. E a imprensa, que está coalhada de fiéis da seita wokeísta, seguirá no mesmo rumo.

Desta vez não faltou cobertura de imprensa, mas o que você viu foi o relato de fatos e o espaço para que uma família chore publicamente a dor que ninguém quer ter de enfrentar. Por que parece tão insuficiente se efetivamente não foi? Porque nós nos acostumamos a reportagens que são o mais puro suco do colunismo moralista do identitarismo. É a condenação do demônio do outro lado pelo lado do bem, o que eu defendo.

Uma menina negra de 11 anos foi morta por alguém que dirigia um carro alegórico no carnaval que resgatou a "africanidade", trouxe as religiões afro para a avenida. O identitarismo não tem o free pass para atacar isso, então a sinalização de virtude, argumentação emocional e apelos moralistas ficam de fora. Imagine que a mesma tragédia ocorresse numa motociata do presidente Bolsonaro. Qual seria a reação dos puristas do movimento woke nas redes e na imprensa?

Movimentos divisionistas que tem a ilusão de ser o lado do bem lutando contra o demônio são comuns na política em todo o mundo, mas representam a antipolítica. Essa infiltração ocorre em parte devido às redes sociais. Como esses grupos da seita woke usam os mesmos temas de muitos movimentos políticos, acabaram se infiltrando. Não podem, no entanto, ser jogados no mesmo balaio, como adorariam.

São esses os grupos que fomentam os julgamentos morais hipotéticos mais estapafúrdios. Uma criança morre em uma tragédia e eles já selecionam quem atacar. Vão apontar o dedo a alguém ou algum grupo dizendo que, se fosse uma criança branca, estaria indignado. Mas, como foi uma criança negra assassinada pela polícia, finge que nada está acontecendo. E esse pessoal não fez exatamente isso agora? Então eles também não se importam com assassinato de criança? Devagar com o andor.

Aqui está o pulo do gato para separar o joio do trigo.
Apontar para alguém com o julgamento moral pesadíssimo de que "não se importa com assassinato de criança" é ação divisionista e extremista. Eu não diria que os Che Guevara de apartamento se importam com esta morte menos que com outras. Não é por isso a diferença de reação. O identitarismo se importa mais com o inimigo a combater do que com quem sofre, é por isso a diferença.

Fatos não importam. Pessoas reais e dores reais não importam. No mundo encantado do identitarismo, você pode ser um revolucionário a partir do seu sofá em Paris. É só fingir acreditar em toda baboseira pós-modernista, aprender o vocabulário inventado para parecer inteligente e, principalmente, atacar as pessoas certas com argumentos raivosos, emocionais e moralistas.

Há duas categorias de grupos em quem o identitarismo deve bater frequentemente. A primeira e mais óbvia é o demônio. No Brasil, ele pode ser traduzido como Bolsonaro e tem como derivados a polícia, o sistema judicial [sic], o patriarcado, o racismo estrutural, etc.   
Quem está nesses grupos não deve ser tratado como ser humano e contra essas pessoas tudo é permitido, nada é errado.

O segundo grupo em quem o identitarismo precisa bater constantemente é o dos moderados. Pessoas com princípios e respeito humano são um obstáculo para empreendimentos como a seita woke. Se você não se dedica a destruir completamente alguém de quem discorda, é um empecilho para que isso seja socialmente aceito. Conclusão: você precisa ser destruído.

Entendendo como pensa o identitarismo, você consegue compreender o eloquente silêncio sobre a morte de Raquel por parte dos membros da seita. Não é porque sejam maus, moralmente inferiores, abjetos e cruéis como eles pensam que sejam todos os seres humanos fora do próprio grupo. É apenas porque, na lógica em que se organizam agora, vivem num universo em que só existem os inimigos e o combate. A própria realidade de bondade é inventada, como a tal da "africanidade" do carnaval 2022.

O identitarismo não conseguiu atacar um carnaval que resgatou a "africanidade" por não parar depois de literalmente esmagar uma menina negra de 11 anos de idade. Defender o universo simbólico é tudo o que esse grupo tem. A "africanidade" de que falam é o passado de perfeição que não existe mais, que não está mais na África. Imaginar que os orixás são a África de hoje é como pensar que grego vive indo em templo para Zeus.

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A realidade não é um empecilho apenas na hora de combater os inimigos, também é na hora de falar dos próprios ideais de bondade. A África relatada nos enredos de escola de samba é aquela de séculos atrás, de onde foram sequestrados os negros escravizados e onde passaram a dominar os negros que compactuaram com esse processo. Os árabes que tiveram enorme participação nem existem nesse cenário idílico do invasor mau contra o bom selvagem. [a maior parte dos negros transportados nos navios negreiros tinham sido aprisionados por outros negros que os venceram em guerras tribais.Os costumes daquela época impunham aos que perdiam a guerra serem vendidos como escravos.]

Os que foram traídos pelos seus
e desumanizados pelos invasores mantiveram viva aqui, no Caribe e em várias partes do mundo, uma cultura que foi esmagada. Quem vê o "africanismo" no carnaval não é informado de que a África real é predominantemente muçulmana. Aliás, os ditadores africanos de hoje amam o carnaval brasileiro e até financiam escolas que contam histórias idílicas sobre eles.

No mundo real, a africanidade do carnaval consiste em um mundo de artista bajulando ditador condenado que deixa o povo à míngua. E isso não é um julgamento moral, é o relato de um fato ocorrido em 2015. Teodoro Obiang, ditador da Guiné Equatorial, deu milhões à Beija Flor para que contasse a história de seu país de uma forma, digamos, adocicada. Deu certo. 

O identitarismo é precisamente este produto de valor: a capa de superioridade moral que te permite tungar dinheiro de corrupção de ditador africano enquanto jura defender a "africanidade" e o antirracismo. O maior inimigo desse produto não é ter opositores tão delirantes quanto ele, é a realidade. Ela se impõe.

Mostrar a história correta dos Orixás cultuados pelo candomblé não é cultura africana, já é brasileira. A maior parte dos 3 milhões de praticantes mundiais do candomblé vive no Brasil. Atualmente, quase metade dos africanos é muçulmana. Juntando com cristãos e judeus, chegamos a 91% do continente. Entre os 8% restantes, há todo tipo de religião, inclusive as mais diversas religiões originais, chamadas pela maioria de "religiões animistas".

O que existia lá foi destruído. O problema é que não foi destruído pelo inimigo em que o identitarismo quer bater, o branco europeu colonizador. Se ainda sobrou algo da cultura original de povos atacados e desmantelados, é só nas colônias deles mesmo. O tráfico de escravos pelos árabes, comum em território africano muito antes da chegada dos europeus, é o que mais incluiu imposição forçada da religião.

É possível argumentar que pessoas sequestradas e traficadas como escravas não adotam a religião do outro porque encontraram a fé. Existe obviamente uma dinâmica de coerção e poder utilizada pelos colonizadores cristãos. Mas os muçulmanos não se contentam com a declaração de fé, há que se fazer a sharia. A religião deve ser lei, as duas coisas em uma.

O carnaval brasileiro não celebra a África, celebra uma cultura que pode ter vindo de diversos países africanos, mas hoje só existe aqui. Também é a celebração mais aberta da nossa hipocrisia. A união perfeita do espetáculo com o crime organizado, dos artistas e poderosos com o que chamam de escória nos outros meses do ano. Ao povo participante da festa resta fingir que não vê a indecência e sonhar um pouco enquanto não é atropelado.

E, verdade seja dita, o carnaval de avenida já foi apropriado pela elite. Pouco a pouco vão morrendo os grandes sambistas que criaram e preservam um patrimônio cultural único. As escolas de samba vão misturando o crime organizado agora à elite, não mais ao baixo clero. Interessam as atrizes e comentaristas intelectuais que se metem no meio do carnaval. O espaço da cultura do samba encolhe porque o que faz o mundo girar é dinheiro, não beleza.

A maioria do povo não participa do carnaval de avenida
. Os ingressos são proibitivos. A elite da comunicação que lucra com a festa trata de convencer o brasileiro de que aquele é o retrato dele.

Elza Soares, ícone do samba, que morreu este ano, encerraria o desfile da sua Mocidade Independente de Padre Miguel.
A escola resolveu deixar o trono vazio, uma manifestação artística emocionante. Ninguém ocupa o lugar de Elza. A transmissão oficial da Globo não percebeu, não informou os brasileiros. Não importa, a transmissão inovou com uma apresentadora negra alfinetando a branquíssima Gabriela Priolli. É sobre isso.

Leia também: como o 'black lives matter' se tornou uma grande negócio.

Madeleine Lackso, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Passatempo para o fim do mundo - Revista Oeste

Guilherme Fiuza

Segue uma lista de perguntas para você responder enquanto o mundo (não) acabaJoe Biden, João Doria, Vladimir Putin, Bill Gates e Justin Trudeau | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Joe Biden, João Doria, Vladimir Putin, Bill Gates e Justin Trudeau -  Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Já que essa conjunção de nerds bilionários, burocratas sorridentes e ditadores enrustidos resolveu acabar com o mundo, vamos tentar pelo menos trazer um pouco de leveza ao processo. Segue uma lista de perguntas para você responder enquanto o mundo (não) acaba. Bom Carnaval.

 

  1. A guerra do Putin é de direita ou de esquerda?
  2. A direita é a da caneta e a esquerda é a do relógio, ou ninguém mais usa caneta e relógio e estão todos no centrão do iPhone?
  3. Quem usa o termo “geopolítica” para explicar as coisas está georreferenciado em quais georreferências?
  4. A nova pandemia prometida pelo Bill Gates vai esperar a outra acabar, ou os aplicativos modernos já permitem a aplicação concomitante de duas pandemias?
  5. Se as investigações no Senado dos EUA concluírem que os parças do Bill (Dr. Fauci e cia) financiaram manipulação de coronavírus em Wuhan e que a pandemia surgiu mesmo de um vazamento de laboratório naquela cidade chinesa, o processo poderá ser patenteado ou vai continuar tudo no terreno da pirataria?
  6. Já que o Bill Gates tem tanto feeling para pandemias, será que ele podia adiantar algumas características do próximo vírus, de forma que os jornalistas do consórcio já possam saber quais remédios baratos serão censurados, depois do de piolho e do de verme, para não perderem tempo e não deixarem faltar mordaça?
  7. O STF vai investigar se o Bolsonaro mandou o Putin invadir a Ucrânia?
  8. O STF vai investigar se o Bolsonaro mandou o Putin não invadir a Ucrânia e ele invadiu assim mesmo, provando que o Bolsonaro não manda nada?
  9. Se o blindado do Fachin não afasta a preocupação com tiros, não seria o caso de colocar, por segurança, duas máscaras nas urnas eletrônicas?
  10. Não é meio fora de moda falar em tanques na era da guerra biológica?
  11. Não seria o caso de a Rede pedir ao STF que determine a substituição das metáforas bélicas pelas metáforas farmacêuticas?
  12. Por que o Putin não encomendou ao Bill um plano mais moderno e barato para subjugar os ucranianos?
  13. Quem foi o gênio que inventou a tirania de boa aparência?
  14. Com quantos Trudeaus se faz um Xi Jinping?
  15. Quem tem lockdown, passaporte vacinal e imprensa venal precisa de exército?
  16. Se vários países já suspenderam o passaporte vacinal e o Sambódromo do Rio de Janeiro foi fechado para o Carnaval sem a suspensão do passaporte vacinal na cidade, o prefeito Eduardo Paes está:
  17. Em outro planeta;
  18. Em outra pandemia;
  19. Confiante na vacina e mais confiante ainda no vírus;
  20. Convicto de que vacina é uma coisa e imunização é outra;
  21. Perguntando ao seu comitê científico até quando esse papo vai colar.
  22. Se João Doria desistir mesmo de ser candidato a presidente, o que será feito daquele belo jardim montado cuidadosamente para o seu marketing pandêmico?
  23. Se depois que começou a vacinação de covid tantos jovens passaram a sofrer mal súbito devido às mudanças climáticas, não seria o caso de desenvolver uma vacina contra o aquecimento global?
  24. Se a Rússia trouxer o apocalipse nuclear antes da próxima pandemia, isso poderá ser considerado uma traição de Vladimir Putin a Bill Gates?
  25. Se o mundo acabar mesmo, como ficará a geopolítica?

Leia também “Lula & Alckmin na intimidade”

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste


domingo, 23 de janeiro de 2022

Ou o Brasil acaba com o lula ou o lula acaba com o Brasil!!! - Sérgio Alves de Oliveira

A petulância do “encantador de jumentos” manifestada nas suas mais recentes declarações, na convicção de  que o seu “rebanho” lhe será fiel mais uma vez  para entregar-lhe a faixa presidencial em 1ª de janeiro de 2023, no sentido de que “mexerá” nas Forças Armadas “para valer”, após “tomar posse”, sem dúvida deve acender o sinal de alerta “vermelho” junto aos militares que têm consciência  dos seus deveres e juramentos  para com a pátria.

[comentando: o delírio do descondenado petista é apenas um 'delírio,nada mais'; o descondenado petista - que tem medo das ruas - merece tanta credibilidade quanto a tentativa de criminalizar o presidente Bolsonaro pelo crime de prevaricação no processo de compra da vacina indiana = de frente para trás: não foi gasto um centavo que seja do dinheiro público,  pelo fato de que a vacina não foi entregue, por não ter sido faturada, faturamento que  não ocorreu  por não ter havido um contrato, que não houve, já que não aconteceu  a compra que o mesmo formalizaria.
Já que não rolou dinheiro que vantagem o presidente Bolsonaro auferiu, ou pretendeu auferir, ato essencial que o crime de prevaricação seja concretizado, ou mesmo tentado.
Rogamos que considerem essa modesta opinião um gesto de desagravo às saúvas e aos jumentos colocados em tão infame companhia. ] 
 
Apologia Ao Jumento (O Jumento e Nosso Irmão) Luiz Gonzaga

 

Lá pelo idos de 1816, desembarcava no Rio de Janeiro o naturalista francês Auguste de Saint Hilaire, com a finalidade de estudar a fauna e a flora brasileiras. Nas suas “andanças” de seis anos pelo país, coletou 30 mil amostras de plantas reveladas no seu livro “Flora Brasilae Meridionalis”.

Saint Hilaire acabou se deparando com as formigas cortadeiras denominadas SAÚVAS, que devastavam tudo que é planta que encontravam pela frente, e que o impressionaram a tal ponto que ele acabou deixando registrada  frase “ou o Brasil acaba com a saúva,ou a saúva acaba com o Brasil”.

Mas não foi pelo hábito de ler, muito menos o livro “Flora Brasilae Meridionalis”,que a aludida frase de Saint Hilaire penetrou fundo no imaginário político dos brasileiros. O “carnaval” foi decisivo para essa “incorporação”.

Em 1954, Roberto Robeli e Arlindo Marques compuseram a marchinha de carnaval intitulada “Marcha da Saúva”, gravada em 78 RPM, pela dupla Alvarenga e Ranchinho. A marchinha foi sucesso nos salões durante o carnaval,com os foliões sempre associando a “saúva” com a rapinagem do dinheiro pública, que na época já dava os seus primeiros “passos”. Os dois primeiros versos da marchinha de carnaval “Marcha da Saúva” repetiam  “ipsis litteris” os dizeres do pesquisador francês:”ou o Brasil acaba com a saúva/ou a saúva acaba com o Brasil”.

É claro que o título desse artigo não tem nada de original, refletindo meramente uma espécie de “paródia” da famosa frase de Saint Hilaire. É só trocar a palavra “saúva” pelo nome de Lula da Silva, candidato à Presidência da República.  Ora, se comprovadamente Lula foi o chefe da quadrilha que assaltou o erário na quantia estimada de 10 trilhões de reais, enquanto governaram, de 2003 a 2016, é claro que os brasileiros correm o risco de ter que empenhar a própria alma,e a de seus filhos e seus netos, para continuarem  alimentando  a voracidade  corrupta insaciável das “formigas cortadeiras” da esquerda que estão de prontidão para devastar o que resta do Brasil,retomando ao poder em janeiro de 2023.

Os militares não podem tolerar a ameaça de Lula,que certamente será cumprida se eleito, de “cancelar” o artigo 142 da Constituição,através de uma nova constituição,ou mesmo de uma simples emenda constitucional (não é cláusula pétrea).  Esse dispositivo já é “tradição” no ordenamento constitucional brasileiro, tendo integrado,com outras palavras,tanto a Constituição de 1967, quanto a de 1946.

Está muito na “cara” que o objetivo principal de Lula está em “aparelhar” as Forças Armadas, como antes já fizeram com quase tudo (o Estado,as leis ,a própria Constituição,os Três Poderes,as Universidades,o Serviço Público,etc.), só não tendo conseguido fazê-lo com as Três Forças,que agora seriam o objetivo do novo “assalto”. No que viraria o Brasil novamente nas mãos “deles”?

Por  esse motivo os militares devem ficar alertas, e muito atentos de  que se eles não acabarem antes com Lula, Lula poderá acabar com eles e com o Brasil. Em palavras diferentes: “ou o “142” acaba com Lula (e toda  a sua quadrilha de delinquentes), ou Lula (e toda sua quadrilha de delinquentes), acabará com o Brasil”.

Será que a intenção de Lula  de “cancelar” o artigo 142 da Constituição estaria motivada na submissão e na “docilidade” d as casernas e das tropas na Coreia de Norte, na China, na Rússia, na Venezuela e outros tantos países comunistas? 
Submeter-se-iam as “nossas”Forças Armadas  a serem meros “aparelhos” do PT? 
Será que os militares têm consciência que todos esses “esquemões”do PT,se eleito,seriam facilmente conseguidos,com plena cobertura do Legislativo e do Judiciário? 
Não há que se antecipar às “saúvas” do Brasil?

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo