Não, o presidente da República não precisa entender da formação de
preços de combustíveis, muito menos saber de quantas agências o Banco do
Brasil necessita para funcionar de modo eficiente. Mas deve ter um
mínimo de conhecimento geral de economia e administração para ao menos
entender as explicações das pessoas capacitadas que coloca em seu
governo. E, sobretudo, nunca sair por aí falando de coisas que ouviu por
aí.
Isso, em circunstâncias normais. Acrescente ao quadro um presidente
que acredita estar cercado de conspiradores – e, pronto, eis o desastre
Jair Bolsonaro. Ele não quer saber se os preços do diesel e da gasolina estão em
níveis corretos. Se fosse isso, ele chamaria o Guedes e pediria uma
aula. Mas não: instigado pelo seu grupo de raiz, ele acha que os aumento
dos combustíveis é uma conspiração de inimigos comunistas com o
objetivo de criar um clima de caos social que abale ou derrube seu
governo.[convenhamos que manter os combustíveis no Brasil, com o nosso real valendo menos de 1/5 do dólar e o fechamento dirigido de agências do Banco do Brasil, são situações que só favorecem os inimigos do Brasil.
E o governo Bolsonaro é e continuará sendo o único obstáculo, intransponível, para que eles e os antipatriotas que os acompanham, possam continuar tentando voltar a serem os donos de nossa Pátria Amada.
Mas,não conseguirão! = por aqui, não passarão = tentaram várias vezes e foram vencidos e serão vencidos sempre.]
Exagero? També
m pensei isso quando comecei a trata do tema. A ideia de que a
Petrobras está tomada por petistas que querem derrubar o “mito” aparece
com frequência nas redes bolsonaristas. Nossa primeira reação é um riso entre conformado e inquieto. “Esses
caras são malucos” – é o comentário que se segue. Roberto Campos
chefiando uma malta de esquerdistas? Mas, depois, quando se compara o teor das redes com as falas de Bolsonaro, a conclusão é outra. Preocupante.Diz o presidente que a Petrobras está cheia de gente que não trabalha
– a começar pelo seu presidente – e que tem muita coisa muito errada na
companhia. E que isso logo será revelado.
Isso é tão grave que os conselheiros da companhia, por unanimidade,
incluindo, pois, os bolsonaristas, decidiram interpelar formalmente
Bolsonaro por aquelas declarações. Ocorre que se tem “muita coisa
errada”, os conselheiros são legalmente responsáveis por isso. Podem ser
processados, inclusive na pessoa física, colocando em risco seus bens. Ou seja, esse caso ainda terá implicações perigosas.
Tem mais. Quando se observa a fala de Bolsonaro sobre as medidas de
restrição social, também aparece nitidamente a ideia de conspiração.
Simples assim: governadores e prefeitos fecham a economia com o objetivo
de provocar caos, desemprego e, de novo, jogar a culpa no governo
federal. [é o que sempre fazem, inclusive no inicio da pandemia fizeram uma porção de besteira - devido uma carta branca que receberam do STF, lhes conferindo o protagonismo para 'comandarem' as ações do combate ao coronavírus.
Fizeram tanta besteira, tanta bobagem, tanta medida contraditória, que terminaram por perceber que a coisa iria complicar e, de imediato, começaram a tirar o copo fora = os governadores, prefeitos e a mídia militante, passaram a dizer que a decisão do Supremo não era bem aquilo que todos entenderam, e sim aquilo interpretado de outra forma = cada ente envolvido na decisão tirando o seu da reta.]
Também aqui, o presidente não tem a menor intenção de entender as
formas de circulação do vírus. Acha que isso é tudo conversa de quem
quer derrubá-lo. Tem mais. A diretoria do Banco do Brasil, pressionada pela crescente
concorrência no setor, iniciou um plano de enxugamento, com a redução do
número de agências e de funcionários. Conspiração, claro. Vão fechar agências em pequenas cidades para
indispor esse eleitorado, especialmente ligado ao agronegócio, contra
Bolsonaro.
Deve ser por isso que o (ainda) presidente do BB, André Beltrão, nem
se deu ao trabalho de tentar explicar. Simplesmente colocou o cargo à
disposição. Vai cair fora. Outra: ontem, no Twitter, o presidente escreveu, em péssimo
português, como de costume, que o procurador símbolo da Lava Jato,
Deltan Dallagnol, estava armando um complô contra a família Bolsonaro. Como Lula, baseou-se naqueles diálogos roubados e não periciados. Não
argumenta sobre a inocência de seus atos e de seus filhos. É complô, e
pronto. [o ônus da prova, cabe a quem acusa; acusam o presidente Bolsonaro, ou seus familiares, de alguma prática ilegal, não possuem provas e a Justiça, cumprindo o dever de fazer Justiça, inocenta os acusados.
Assunto encerrado. Cabe aos ex-acusadores, até para evitar que sejam processados por calúnia, injúria ou difamação, tentarem derrubar em instância superior o resultado adverso.
A propósito, demonstrando uma generosidade só encontrada nos grandes homens, nos grandes líderes, o presidente perdoa seus detratores.] De novo, como a defesa de Lula. Não tenta provar inocência do
ex-presidente, mas afirma que Moro e Dallagnol forjaram tudo para
derrubar o PT e favorecer Bolsonaro. Que, de sua vez, acha que é um
complô para derrubá-lo e favorecer Lula. Enquanto isso, o Congresso trata de se tornar impune e salvar todos os seus acusados de corrupção. Ou seja, a Petrobrás não foi roubada, os empreiteiros não pagaram propinas e o vírus é um infiltrado.
Coluna publicada em O Globo - Economia 27 de fevereiro de 2021