Moraes diz a auxiliares não ver ameaça concreta no 7 de Setembro
Ministro afirmou a interlocutores que não acredita em sublevação militar e, otimista, estimou não haver grandes turbulências provocadas por apoiadores do presidente Bolsonaro no feriado
Apontado como algoz do presidente Jair Bolsonaro e foco principal das críticas do mandatário ao Poder Judiciário, o ministro Alexandre de Moraes fez um diagnóstico reservado a interlocutores sobre o que considera uma deterioração acelerada, desde o início da pandemia, da relação do ex-capitão [presidente da República.] com as instituições da República. Mas para a surpresa dos auxiliares que ouviram suas avaliações, o futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) diz não ver qualquer ameaça concreta nas manifestações programadas para o feriado de Sete de Setembro, considerado uma prévia do que apoiadores de Bolsonaro podem pretender no primeiro e do segundo turnos e na posse de um eventual novo presidente, e tampouco chances reais de qualquer golpe.
A convicção do magistrado baseia-se, entre outros pontos, no fato de ele conhecer há anos os principais militares que compõem o primeiro escalão do governo. Ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre mantém relações com o general da reserva Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria-geral do governo, com o atual ministro da Defesa Paulo Sérgio Oliveira e com o candidato a vice de Bolsonaro, Walter Braga Netto. Reservadamente, o ministro tem reservas à atuação da caserna no Executivo, como, por exemplo, na enxurrada de ofícios ao TSE com questionamentos sobre as urnas eletrônicas, mas considera que nenhum dos generais pretende romper com o regime democrático e que tampouco cumpriria qualquer ordem desatinada.
Um raciocínio feito pelo futuro presidente do TSE passa pela avaliação de que dos 16 generais do Alto Comando, nenhum morre de amores por Bolsonaro, a quem criticam, por exemplo, pela anormal troca de comando no Exército – foram três comandantes em pouco mais de três anos de governo, um pecado mortal para uma carreira que preza pela hierarquia e disciplina.
Ao traçar a auxiliares o que imagina que acontecerá também no feriado de Sete de Setembro, Alexandre de Moraes também faz relatos de que não vê riscos efetivos de brigas generalizadas ou invasão de prédios públicos, embora mantenha um sinal de alerta em relação aos chamados CACs, grupo de caçadores, atiradores e colecionadores de armas que, a pretexto de exaltarem o feriado ou o próprio presidente, podem comparecer armados às celebrações do Dia da Independência.
Política - Revista VEJA