Gazeta do Povo - VOZESO
presidente Lula não está nem um pouco satisfeito com o que chama de
“governança” do Brasil, e de outros países pelo mundo afora. Pior: pelo
que dá para entender da discurseira que faz em seu inédito programa de turismo internacional
– já foi a uma dezena de países diferentes em apenas cinco meses de
governo; passou mais tempo viajando no exterior do que no Brasil – quer
uma “governança global” para nós e para o resto da humanidade.
Lula
falou especificamente sobre a
“questão do clima”, mas juntando-se sua
súbita paixão pela ecologia e pela “salvação do planeta” a outras coisas
que vem dizendo aqui dentro e lá fora, o que fica é um ataque
generalizado ao Congresso Nacional. Isso mesmo – um ataque ao Parlamento deste país.
O tema central das
queixas de Lula é mais ou menos o seguinte:
não adianta nada aprovar
acordos internacionais de altíssima qualidade se, depois,
o Congresso
brasileiro não aceita. Resumo da ópera: Câmara de Deputados e Senado Federal estão atrapalhando.Se o presidente tem minoria na Câmara, é porque o cidadão brasileiro decidiu que ele deve ter minoria na Câmara.
“Governança
global” – que diabo seria isso? Basicamente, é a entrega a outros
países e a organizações internacionais de decisões que devem ser tomadas
pelo governo do Brasil, por via dos seus Três Poderes.
Burocratas que desenham como o mundo deveria ser em Nova York, Bruxelas
e nos outros biomas que habitam, passam a dar as ordens: você tem de
fazer isso, você tem de fazer aquilo, porque seu país não tem capacidade
para governar a si próprio.
Não
é a primeira vez que Lula fala disso. Há pouco, disse que “a Amazônia
não é só nossa” – e se não é só dos brasileiros, é de mais gente. De
quem, então? Da “governança global”. Antigamente, se chamava a isso de
“entreguismo”.
Lula é o primeiro presidente brasileiro a defender em
público posições entreguistas tão claras – ouviu dizer que a esquerda
mundial, hoje em dia, trocou o nacionalismo pelo “globalismo”,
e começou a ir atrás, na sua miragem de tornar-se um “líder mundial”. Como seu governo aqui dentro é um desastre sem esperança de melhora,
Lula quer se reinventar como salvador do “planeta” – nada deixa um
holandês ou um sueco, por exemplo, tão excitados quanto ouvirem falar
que a Amazônia pode ser governada também por eles. É aí que o presidente
está pescando.
Lula e
seu governo jamais fizeram o mínimo sinal de conciliação aos adversários
políticos; não houve, em nenhum momento, a mão estendida.
Não
é a primeira vez, igualmente, que Lula se queixa do Congresso. É deles,
dos deputados, a culpa pelos fracassos do governo até agora, e por sua
extraordinária capacidade de não fazer nada de útil – segundo o lamento
do presidente, o Congresso não deixa ele “fazer nada”, da mesma forma
como atribui tudo o que existe de errado no Brasil aos juros do Banco Central e a “herança maldita” que recebeu do governo anterior.
Não
lhe passa pela cabeça, naturalmente, que o Congresso se recusa a
aprovar os seus acordos internacionais porque a maioria do povo
brasileiro, de quem a Câmara e o Senado são os únicos representantes
legítimos para a adoção de leis, não quer esses acordos. Fazer o quê? O
único Congresso que existe no Brasil é esse – e a solução é esperar as
próximas eleições, daqui a quatro anos, para ganhar ali a maioria que
ele não tem hoje.
Fora isso, só recorrendo ao STF para fechar Câmara e
Senado.
Lula
parece revoltado como fato da esquerda ter pouco mais que um quarto da
Câmara dos Deputados – 136 dos votos, segundo as suas contas, num total
de 513, o que realmente não dá para aprovar nada. Não dá, sobretudo,
para aprovar a salada extremista que seu governo propõe para o país.
E
de quem é a culpa pelo fato da esquerda só ter 136 cadeiras na Câmara?
A
culpa é dele mesmo, Lula, do PT e dos seus satélites, que não
conseguiram eleger mais que isso.
Se o presidente tem minoria na Câmara,
é porque o cidadão brasileiro decidiu que ele deve ter minoria na
Câmara – ao votar nas últimas eleições de 2022.
Ele não pode se queixar
dessas eleições, não é mesmo? Vivem dizendo, ele e o PT, que foram as
eleições “mais limpas” da história universal.
Lula e
seu governo jamais fizeram o mínimo sinal de conciliação aos adversários
políticos; não houve, em nenhum momento, a mão estendida. Ao contrário,
eles só ameaçam, prometem vingança, querem cassar, punir, prender,
censurar e multar.
Governam como se tivessem obtido 90% dos votos para a
presidência e outros 90% para o Congresso.
É óbvio que estão com
problemas para gerir o Brasil.