Alexandre Garcia
A cobiça estrangeira é justificável;[tanto quanto inaceitável] tem a ver com o bem-estar
e a sobrevivência. Para eles, quanto mais fraca nossa soberania, melhor
para nos explorar a custo menor
Antes de fechar o ano, foi anunciada a descoberta de mais um poço de
petróleo no pré-sal e produzindo 50 mil barris/dia, a 5.540 m de
profundidade. Os 45 poços no pré-sal de Búzios, a 188km da costa do Rio,
já respondem por 20% da produção da Petrobras.
Estamos com reservas de
petróleo de alta qualidade entre as maiores do mundo.
Temos abundância
de energia limpa e de energia renovável.
O mais importante é que temos o
maior potencial do globo na produção de comida, capaz de dar garantia
alimentar para a humanidade. Comida é o item de maior valor estratégico,
porque é vital. Temos a maior reserva de água potável do planeta. Assim
como as maiores reservas minerais e ambientais da Terra.
Também ao fechar o ano, o Senado aprovou um projeto
sobre venda de terras a estrangeiros, no limite de 25% da superfície de
um município. Quer dizer, um holandês que compre 25% de Altamira, será
dono de uma área igual à do seu próprio país. Se comprar na divisa com
São Félix do Xingu e adquirir também 25% do município limítrofe, terá
uma área contínua equivalente a duas vezes sua vizinha Bélgica.
Se a
Câmara aprovar o projeto, o presidente da República avisou que vai
vetar. [o veto é um direito e no caso específico um DEVER do presidente da República.
Esperamos que um partideco sem votos, sem noção, sem programa, não consiga judicializar a questão, ensejando para que uma decisão monocrática do Poder Judiciário casse uma prerrogativa constitucional do presidente da República.
É antes de tudo uma questão de SEGURANÇA NACIONAL.]
Em 1967, uma CPI das terras, de iniciativa do deputado
Márcio Moreira Alves, apurou uma preocupante desnacionalização das
terras brasileiras. Naquele tempo, a esquerda era nacionalista; hoje, é
globalista.
O mundo está de olho neste imenso, rico e inexplorado
Brasil. Ainda temos 90 milhões de hectares potenciais para agricultura,
além dos 60 milhões de hectares que já nos tornam campeões — e minerais
de altíssimo valor estratégico. A cobiça estrangeira é justificável; tem
a ver com o bem-estar e a sobrevivência. Para eles, quanto mais fraca
nossa soberania, melhor para nos explorar a custo menor.
Quanto menor
for nosso sentimento de posse, de ocupação, de conhecimento para
explorarmos o que é nosso, melhor para os sonhos colonizadores.
Estão de olho porque já conhecem o Brazil. Nós é que
não conhecemos o Brasil, por causa dos antolhos urbanos de curto
alcance. E por causa da propaganda globalista para nos tolher na
ocupação do território. A ideia de internacionalizar a Amazônia tem o
apoio ideológico de brasileiros que Brizola chamava de entreguistas. A
Amazônia Azul, no Atlântico, do tamanho da Amazônia verde, é outra
riqueza que nos importa pouco. Os chineses estão de olho na pesca ao largo do Rio Grande do Sul. Como o conhecimento e soberania andam
juntos, para os interesses externos, é conveniente o atraso em nosso
ensino e pesquisa. O Brasil precisa conhecer o Brazil dos olhos alheios,
para protegê-lo e desfrutar como dono.
Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correio Braziliense