Marcelo Odebrecht terá coragem e sensatez de acabar com a Nova República fazendo delação premiada?
Antes de ser preso, sexta-feira passada, Marcelo Bahia
Odebrecht teria feito uma ligação e mandado um recado geral: "É pra
resolver essa lambança ou não haverá República na segunda-feira"... Por
isso, persiste a pergunta: Será que o mundo acaba a partir de logo mais, por
causa da Erga Omnes da Lava Jato? Marcelo ou seu pai Emílio (que teria dito o
mesmo que o filho) terão coragem e sensatez de cumprir a ameaça emocionalmente
feita, ou tudo não passará de mais uma bravata que desaparece após o desespero
inicial?
Quem conhece de perto os herdeiros de Norberto Odebrecht
sabem que o pai e o filho não estão de brincadeira e são capazes de tudo para
salvar seu império - o quinto maior grupo brasileiro - que é um parceiro de
negócios das maiores estatais de economia mista, dos governos federal,
estaduais e municipais e de países estrangeiros (sobretudo na África). Por
isso, não será surpresa se Marcelo Odebrecht partir para ofensiva, em sua
estratégia de defesa, aderindo a uma surpreendente colaboração premiada que,
com certeza, arrasaria com a tal "Nova República".
A advogada Dora Cavalcanti entrará com pedido de habeas
corpus para soltar Marcelo. Se não for bem sucedida, ainda mais porque a prisão
preventiva está bem fundamentada pelo juiz Sérgio Moro nas "delações
premiadas" feitas por empreiteiros e por Paulo Roberto Costa, a tendência
é que a família Odebrecht parta para um acordo judicial. Este é o maior temor
de Luiz Inácio Lula da Silva - apontado como grande beneficiário dos favores da
empreiteira. A tese de Odebrecht poderia ser bem simples: a empresa foi forçada
pelo modelo estatal brasileiro a operar no sistema de corrupção. O Capimunismo
tupiniquim explica a sacanagem melhor que Freud...
Se a Odebrecht tentar se defender da maneira convencional,
tentando negar tudo e apostando no seu imenso poder de influência política
(inclusive nas altas esferas do judiciário), o risco de um fracasso é quase
certo. Agir na defensiva coloca em risco a saúde do conglomerado, que opera com
elevadíssima alavancagem, principalmente em títulos de dívida com estrangeiros.
Se a empresa resolver colaborar, poderá fazer como a também baiana OAS - que
sexta-feira apresentou seu plano de recuperação judicial no Tribunal de Justiça
de São Paulo.
Antes disso, ainda hoje de manhã, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef devem participar de uma acareação na sede da Polícia Federal em Curitiba. O objetivo é contrapor fatos conflitantes apresentados nos depoimentos prestados pelas duas peças-chave da Operação Lava-Jato, como o pagamento de dinheiros a políticos.
Os principais pontos a serem esclarecidos pela dupla Costa/Youssef se referem: 1) a um suposto pedido de R$ 2 milhões feito pelo ex-ministro Antônio Palocci para financiar a primeira campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010; 2) a uma suposta doação, também de R$ 2 milhões, para a campanha da ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, que envolve o também ex-ministro Edson Lobão (PMDB-MA).