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sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Ciro Gomes atira em Marina e acerta o próprio pé; são os Ciros, as Marinas e coisas do gênero que vão eleger presidente: BOLSONARO

Ciro dá o primeiro tiro no pé; ao falar de Marina, diz: “O momento é muito de testosterona”

Em 2002, indagado sobre o papel de sua mulher na campanha, poetizou: “Minha companheira tem um dos papeis mais importantes, que é dormir comigo. Dormir comigo é um papel fundamental”

Desta feita, ele foi mais rápido. A menos que seja resgatado por Lula — sim, aquele que, segundo o Datafolha, colocaria em primeiro ou segundo lugar o nome que escolhesse para a Presidência —, Ciro Gomes (PDT) já pode ser considerado ex-candidato à Presidência. Por quê? Bem, ele resolveu estabelecer uma relação entre a Presidência da República e os hormônios. Com a fineza habitual. Não sei se Ciro é a exacerbação do que chamam “ideologia de gênero” ou sua negação.

Ele participou, nesta quinta, de um almoço na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio). Instado a comentar a eventual candidatura de Marina, saiu-se com este misto de Richard Dawkins com Jandir, a personagem de Jesse Valadão no filme “Cafajestes”, de Ruy Guerra. Prestem atenção: “Não tou vendo a Marina com apetite de ser candidata, ou então é uma tática extraordinariamente nova que nunca vi na minha vida pública, que é o negócio de jogar parado. Não vejo ela com energia, e o momento é muito de testosterona. Não elogio isso. É mau para o Brasil, mas é um momento muito agressivo, e ela tem uma psicologia avessa a isso. Não sei, eu tou achando que ela não é candidata”. [talvez falte a Marina a disposição para ser candidata sempre a perder - Ciro já perdeu umas três ou quatro eleições.
Mas é bom que ele e Marina sejam candidatos, aumenta o número de derrotados por Bolsonaro - futuro presidente do Brasil e moralizador dessa República da Banânia.]

Como?
Daqui a pouco Ciro vai dizer que não enxerga explosão de testosterona nem no deputado Alessandro Molon (RJ) nem no senador Randolfe Rodrigues (AP), hoje as faces mais presentes — na Globo, quase todo dia! — da Rede.  Sim, ele se deu conta do fora e tentou consertar: “É mau para o Brasil, mas é um momento muito agressivo, e ela tem uma psicologia avessa a isso. Não sei, eu tou achando que ela não é candidata.”  Bem, na disputa da bravata hormonal, então, os candidatos deveriam ser, deixem-me ver, Jair Bolsonaro e o próprio Ciro. Não porque os outros postulantes não remetam a características masculinas. É que Ciro alude, e as palavras fazem sentido, ao macho bruto, truculento, capaz de ir para o confronto. Não sei se inclui campeonato de cuspe naquele papo de saber quem chega mais longe… De certo modo, hoje, nem Lula, que já foi o “Sapo Barbudo” de Brizola, se encaixa nessa bomba de testosterônica. Uma amiga ironizou no WhatsApp: “Se o caso é testosterona, ele que trate de fazer reposição hormonal; já está na hora”…

Como esquecer a frase que ficará para história da política? Em 2002, candidato à Presidência pelo PPS, era casado com a atriz Patrícia Pillar, ainda hoje uma das mulheres mais belas e desejadas do país; reconhecida, antes de tudo, como uma atriz competente; figura admirada por seu comedimento e elegância. Em agosto, daquele ano, alguém resolveu perguntar qual era o papel de Patrícia em sua campanha. Ele mandou ver: “Minha companheira tem um dos papeis mais importantes, que é dormir comigo. Dormir comigo é um papel fundamental”.

Ele já tinha começado a descer a ladeira em julho. Num programa de rádio, ao receber uma pergunta de um ouvinte, em Salvador, atirou: “São estes petistas furibundos. Isso é para você deixar de ser burro”.

Em outubro, na reta final, ainda tentou se apresentar como alternativa ao PT: “Quem quiser tocar fogo no Brasil e experimentar uma aventura vota em Lula. Quem quiser uma mudança segura vota conosco”.

Lula disputou o segundo turno com o tucano José Serra, e Ciro não apenas apoiou o petista como se tornou seu ministro.

Em 2009, então deputado federal, estava em curso uma apuração sobre farra com passagens aéreas na Câmara. Ele resolveu dar uma resposta cheia de macho: “Ministério Público é o caralho! Não tenho medo de ninguém! Da imprensa, dos deputados. Pode escrever o caralho aí!”

Em março deste ano, depois de Sérgio Moro determinar, de maneira realmente destrambelhada, a condução coercitiva de um blogueiro, Ciro decidiu deixar claro como ele trata esse negócio de autoritarismo da Justiça: com testosterona. Disse: “Hoje esse Moro resolveu prender um blogueiro. Ele que mande me prender. Eu vou receber a turma dele na bala”.

A língua de Ciro é certamente mais comprida do que elevado o seu índice de testosterona. Mas ele tenda vender uma coisa por outra… Felizmente, é a maior vítima de si mesmo.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo