Ciro dá o primeiro tiro no pé; ao falar de Marina, diz: “O momento é muito de testosterona”
Em 2002, indagado sobre o papel de sua mulher na campanha, poetizou: “Minha companheira tem um dos papeis mais importantes, que é dormir comigo. Dormir comigo é um papel fundamental”
Desta feita, ele foi mais rápido. A
menos que seja resgatado por Lula — sim, aquele que, segundo o
Datafolha, colocaria em primeiro ou segundo lugar o nome que escolhesse
para a Presidência —, Ciro Gomes (PDT) já pode ser considerado
ex-candidato à Presidência. Por quê? Bem, ele resolveu estabelecer uma
relação entre a Presidência da República e os hormônios. Com a fineza
habitual. Não sei se Ciro é a exacerbação do que chamam “ideologia de
gênero” ou sua negação.
Ele participou, nesta quinta, de um
almoço na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio). Instado a
comentar a eventual candidatura de Marina, saiu-se com este misto de
Richard Dawkins com Jandir, a personagem de Jesse Valadão no filme
“Cafajestes”, de Ruy Guerra. Prestem atenção: “Não tou vendo a Marina com apetite de ser candidata, ou então é uma
tática extraordinariamente nova que nunca vi na minha vida pública, que é
o negócio de jogar parado. Não vejo ela com energia, e o momento é
muito de testosterona. Não elogio isso. É mau para o Brasil, mas é um
momento muito agressivo, e ela tem uma psicologia avessa a isso. Não
sei, eu tou achando que ela não é candidata”. [talvez falte a Marina a disposição para ser candidata sempre a perder - Ciro já perdeu umas três ou quatro eleições.
Mas é bom que ele e Marina sejam candidatos, aumenta o número de derrotados por Bolsonaro - futuro presidente do Brasil e moralizador dessa República da Banânia.]
Como?
Daqui a pouco Ciro vai dizer que não
enxerga explosão de testosterona nem no deputado Alessandro Molon (RJ)
nem no senador Randolfe Rodrigues (AP), hoje as faces mais presentes —
na Globo, quase todo dia! — da Rede. Sim, ele se deu conta do fora e tentou
consertar: “É mau para o Brasil, mas é um momento muito agressivo, e ela
tem uma psicologia avessa a isso. Não sei, eu tou achando que ela não é
candidata.” Bem, na disputa da bravata hormonal,
então, os candidatos deveriam ser, deixem-me ver, Jair Bolsonaro e o
próprio Ciro. Não porque os outros postulantes não remetam a
características masculinas. É que Ciro alude, e as palavras fazem
sentido, ao macho bruto, truculento, capaz de ir para o confronto. Não
sei se inclui campeonato de cuspe naquele papo de saber quem chega mais
longe… De certo modo, hoje, nem Lula, que já foi o “Sapo Barbudo” de
Brizola, se encaixa nessa bomba de testosterônica. Uma amiga ironizou no
WhatsApp: “Se o caso é testosterona, ele que trate de fazer reposição
hormonal; já está na hora”…
Como esquecer a frase que ficará para
história da política? Em 2002, candidato à Presidência pelo PPS, era
casado com a atriz Patrícia Pillar, ainda hoje uma das mulheres mais
belas e desejadas do país; reconhecida, antes de tudo, como uma atriz
competente; figura admirada por seu comedimento e elegância. Em agosto,
daquele ano, alguém resolveu perguntar qual era o papel de Patrícia em
sua campanha. Ele mandou ver:
“Minha companheira tem um dos papeis mais importantes, que é dormir comigo. Dormir comigo é um papel fundamental”.
Ele já tinha começado a descer a ladeira
em julho. Num programa de rádio, ao receber uma pergunta de um ouvinte,
em Salvador, atirou:
“São estes petistas furibundos. Isso é para você deixar de ser burro”.
Em outubro, na reta final, ainda tentou se apresentar como alternativa ao PT:
“Quem quiser tocar fogo no Brasil e experimentar uma aventura vota em Lula. Quem quiser uma mudança segura vota conosco”.
Lula disputou o segundo turno com o tucano José Serra, e Ciro não apenas apoiou o petista como se tornou seu ministro.
Em março deste ano, depois de Sérgio Moro determinar, de maneira realmente destrambelhada, a condução coercitiva de um blogueiro, Ciro decidiu deixar claro como ele trata esse negócio de autoritarismo da Justiça: com testosterona. Disse: “Hoje esse Moro resolveu prender um blogueiro. Ele que mande me prender. Eu vou receber a turma dele na bala”.
A língua de Ciro é certamente mais comprida do que elevado o seu índice de testosterona. Mas ele tenda vender uma coisa por outra… Felizmente, é a maior vítima de si mesmo.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
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