Sim, a Dilma pedalou!
Pedalou, pedala, incorre em crime previsto na Constituição, mas há quem faça
pouco caso do assunto. Seu tutor, o ex-presidente Lula, que o diga. Ele tripudia da acusação.
Encontra até desculpas que, no seu entender, justificam as afrontas legais da
pupila. Lula admitiu publicamente que
Dilma pedala e pedalou para “pagar o
Bolsa Família, para pagar o Minha Casa, Minha Vida”. Na visão oportunista e sem limites do líder do PT, os fins justificam
os meios. Foi o que ele disse e fez ao longo de dois mandatos e repete
agora como mantra. Lula não mede
consequências.
Quer, inclusive, que o
governo gaste mais, libere empréstimos do BNDES, crédito para a baixa renda e
gere empregos. Parece
fácil falar depois que seu grupo quebrou
a nação com a tal “nova matriz
econômica” e dilapidou os cofres
públicos com benefícios e desvios para simpatizantes e
apaniguados do partido. Lula não enxerga o
óbvio. Ou esconde. Joga pra plateia. Critica Dilma abertamente, sem pudores.
Disse
que ela adotou o discurso de quem perdeu. Que só fala em cortes e ajustes.
Que se esquece de conversar com o povo. Depois, pede compreensão “por Dilminha”. Lula distorce a
realidade. Para ele o problema do País não é econômico, mas político. Pouco importa que a inflação caminhe para a
casa dos dois dígitos. Que o déficit nominal ultrapasse os 8% no ano. Que a queda do PIB alcance a marca recorde
de 3% negativos. Que as empresas quebrem. Lula não emite qualquer comentário sobre as
acusações que rondam dois de seus filhos. Não é tema adequado, na
consideração dele, para dividir com seus seguidores.
Mais
fácil para Lula é acionar o PT em busca de um acordo que salve o segundo mandato de Dilma. Mesmo
que em troca da blindagem do encrencado deputado Eduardo Cunha. Foi o que ele fez. Barganhou a
sobrevivência de um e do outro na base do “ajude
ela que no Conselho de Ética tentamos segurar você”. A despudorada aliança
mostra a que ponto chegou o jogo de conchavos dessa turma pelo poder. Às favas com a lei. Com a moral. Com o zelo pelas práticas
republicanas. O Brasil está à mercê de líderes sem escrúpulos. Lula
move-se de acordo com as suas conveniências.
Para
retornar ao Planalto. Oscila de humor e
de opinião em relação à Dilma na cadência da temperatura ambiente. Criador e criatura vivem a dança das aparências. Ela também
se deixa levar nesse minueto de chantagens, do toma-lá-dá-cá, como se
não tivesse mais nada a fazer. Comercializou ministérios com a raia miúda dos
parlamentares. E correu ao abraço com
seu arquirrival Cunha, tentando livrar-se do impeachment. Escolhe sempre os
piores pares.
O ministro da saúde em vigor,
empossado por ela, caiu em descrédito. Pregou a tungada da CPMF na entrada e na saída. Bitributação
inaceitável. Aliás quase nada das
deliberações de Dilma e de sua equipe têm sido aceito. Nem os vetos. Dilma invoca a prerrogativa de jamais ter cometido
malfeitos na vida política. Mede os deslizes conforme sua régua. Mentir em campanha, “fazer o diabo”, leiloar o governo por um
punhado de votos, largar a maior estatal do País nas mãos de saqueadores e
administrar as contas públicas em benefício próprio não estão no seu
radar de equívocos.
Por esses dias a pajelança
política que envolve Dilma, Lula & Cia assumiu patamares inimagináveis. O Planalto adiou até
a eliminação dos três mil cargos comissionados – medida
anunciada como demonstração de corte na própria carne – para atender a base aliada e acomodar o clima de insatisfação
no berço político. A encenação
burlesca choca os brasileiros. Causa repúdio. Indignação e revolta. Com qual moral
Dilma, Lula & Cia se arvoram o direito a legitimidade?
Fonte: Carlos José Marques, diretor
editorial - IstoÉ