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"A meta de uma discussão ou debate não deveria ser a vitória, mas o progresso". Joseph Joubert.
Hoje, sabe-se que caíram numa emboscada. Depois de passar horas presos em ônibus lotados, muitos deles em pé, enfrentando calor de verão, viajaram por uma estrada vicinal para longe do centro de Brasília. Acabaram largados num ginásio de esportes, como animais à espera do abatedouro.
Parte considerável dos mais de mil e duzentos presos sequer tinha estado na esplanada dos ministérios na véspera. Ao longo do dia algumas pessoas doentes, atendidas às pressas por médicos do corpo de bombeiros, e também mulheres com crianças foram sendo liberadas.
Os demais enfrentaram uma noite inteira de desespero e incertezas, alguns outro dia e uma segunda noite, até serem ouvidos por um delegado da polícia federal, conseguirem contato com algum parente ou advogado e, tardiamente (muito além do prazo previsto em lei), ficaram diante de um juiz para a famosa audiência de custódia.
Socorro a manifestantes presos em Brasília
Na entrevista em vídeo publicada nesta coluna, o advogado Cláudio Caivano, um tributarista que faz parte da Associação SouLivre, formada para defender vítimas de arbitrariedades ou segregação durante a pandemia, explica o que viu no ginásio que funcionou como centro de triagem, mas lembrava campo de concentração nazista.
As revelações são estarrecedoras. Mesmo que os manifestantes presos em Brasília no QG do Exército fossem, comprovadamente, os black blocs e vândalos que depredaram os prédios do Congresso, STF e Palácio do Planalto, jamais poderiam ser tratados à revelia da lei, como foram, conforme afirma o advogado.
Cláudio Caivano defende 15 dos 1.263 manifestantes presos em Brasília em 9 de janeiro. Dois deles já foram liberados. Os outros estão em presídios da capital do DF esperando que o advogado tenha acesso ao processo, o que só é possível visitando pessoalmente o gabinete do ministro Alexandre de Moraes.
Nenhum dos presos têm foro privilegiado, mas estão sendo acusados de crime por um ministro que não é delegado, num tribunal onde só deveriam tramitar processos contra políticos e autoridades que ocupam cargos públicos de alto escalão e que, efetivamente, cometeram crimes.
Assim caminha a ditadura brasileira, disfarçada de democracia. Assista à entrevista clicando no play da imagem no topo da página. Depois deixe sua reação ao conteúdo e um comentário para contribuir com o debate. Compartilhe com os parentes e amigos para que a verdade chegue a mais gente.
Cristina Graeml, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
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