Não obstante a obviedade destes marcos morais, milhões de pessoas aceitam o abuso do poder exercido contra quem pensa diferente, aplaudem personagens que não seriam convidados para jantar com a família de quem aplaude. E por aí vai a razão cedendo lugar à paixão.
Álvaro Moreyra, poeta porto-alegrense que foi membro da Academia Brasileira de Letras, escreveu em “Lembranças... as amargas não” que no fim somos “biblioteca de nós mesmos, nosso próprio repertório”. Haveria menos imbecis e menos canalhas se todos estivéssemos atentos a isso.
É inevitável que essa constatação nos remeta à conhecida frase de Napoleão: “Jamais interrompa seu inimigo quando ele estiver cometendo um erro”.
No calor dos acontecimentos, a base do governo no Senado tratou de pedir uma CPI. Ela foi proposta pela senadora Soraya Thronicke e contou com a habitual dedicação do senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso, que logo garantiu já ter asseguradas as 27 assinaturas necessárias. Horas mais tarde, ainda no dia 9, já eram 31 os senadores signatários do requerimento da recém-batizada CPI do Terrorismo. No dia seguinte, a Revista Exame passou a régua e totalizou 41 apoiadores (mais da metade do plenário da Casa). O número deve ter continuado crescendo porque também os senadores da oposição concordavam com ser um dever do parlamento investigar atos criminosos cometidos contra o Legislativo.
Quando a
poeira das investigações começou a baixar, soube-se que o governo não
estava entusiasmado com a ideia da CPI. Interrogado sobre esse recuo na
entrevista que concedeu à Globo News, Lula falou do que já estava sendo
feito pelo governo e foi ajudado pela própria apresentadora (coisas do
jornalismo independente) que completou por ele: “Porque a gente sabe
como as CPIs começam, mas nunca sabe como terminam”. Isso significa que
no pluralismo de uma CPI, a luz pode entrar, também, por outras portas e
janelas.[tanto a luz quanto nomes, com provas, de esquerdistas infiltrados.]
Para essa pergunta, a jornalista da Globo News teve uma resposta que emprestou ao Lula.
Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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