Lula parece não ter se dado conta do desafio que tem pela frente. A avaliação foi feita pelo ex-ministro da Fazenda, Mailson da Nóbrega, em entrevista ao Correio, na segunda-feira. Maílson disse que Lula frustrou as expectativas de economistas e do mercado, que esperavam que o novo mandato fosse uma repetição do primeiro, mas está semelhante ao período de Dilma, "com intervencionismo muito forte, percepção equivocada do papel das estatais, como se o Brasil voltasse aos anos 1970, 1980 ou no período de derrama do Tesouro e do BNDES, do período Dilma". Um alerta baseado na primeira quinzena de governo, em que o calor do discurso de posse inflamou os discursos dos ministros.
Maílson deve ter olhado o aspecto econômico do desafio, mas o presidente parece não estar também percebendo o tamanho do desafio político, exposto pelo retrato do país em 30 de outubro: Lula tem metade do eleitorado — isso sem a gente saber as preferências de 37 milhões que não votaram. Os acontecimentos de 8 de janeiro, com depredação nas sedes dos Três Poderes, não podem ser considerados apenas atos criminosos; foram também atos políticos. Os responsáveis pelos crimes devem responder na Justiça, mas os atos políticos devem ser respondidos com atos políticos que não inflamem ainda mais as cabeças que comandam braços, mãos e pernas.
E o presidente, ao que parece, está lidando com pombas e falcões nas suas próprias avaliações e no seu entorno.
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