Na primeira metade dos anos 70 (setenta) tive contatos de
perto com alguns adeptos da TEOLOGIA DA
LIBERTAÇÃO, ideia nascida na América Latina após o “Concílio Vaticano II” e “Conferência de Medellín”, em 1971, com base no
princípio do Evangelho ,que preconiza preferência pelos pobres.
Seu foco principal está na interpretação dos ensinamentos de
Jesus Cristo para uma libertação de
injustas condições sociais ,econômicas e políticas, mediante uma
“reinterpretação analítica” da fé cristã. Mas seus adversários acusam-na de
vinculação ao marxismo. Mas não é verdade. Ao menos lá na ORIGEM.
Mas hoje é, especialmente
no Brasil, em virtude da deterioração
local da Teologia da Libertação, protagonizada pelos seus líderes, que
resolveram formar consórcio com a pior escória política do pais, a
esquerda.
Cursava eu um pós-graduação
em sociologia na PUC/RS. Esse período
coincidia com o Regime Militar instalado
no país a partir de março de 1964. Era,
portanto, um “prato cheio” , inclusive para quem quisesse obter subsídios para
criticar ou enfrentar o Regime Militar ,moralizador, e e mais tantas outras qualidades.
Os tais “teólogos da libertação” eram o “chodó” do curso.
Dentre eles os preferidos eram o teólogo/padre peruano Gustavo Gutièrrez, autor
de “Teologia da Libertação”, considerado o grande impulsionador da doutrina ,e
os brasileiros Padre Leonardo Boff e
Frei Betto, dentre outros. Mas a Teologia da Libertação acabou tendo alguns revezes na Santa Sé e foi condenada nos Pontificados de João Paulo
II e Bento XVI, pela Congregação para a
Doutrina da Fé, de 1984 e 1986.
Coincidentemente ao impulso dado à Teologia da Libertação,
também tinham grande sucesso nas aéreas
das ciências humanas e sociais da PUC da
época, os polêmicos livros escritos pelo filósofo e pedagogo brasileiro PAULO
FREIRE, que na época estava exilado no
Chile.
Pelas interpretações que
fiz na época , enxerguei grande afinidade entre as obras de Paulo Freire (“Pedagogia do Oprimido”
e “Educação como Prática da Liberdade” ),e a Teologia da Libertação. A única grande diferença “libertadora” que
havia entre uma doutrina e outra é que a primeira tinha “Deus” como centro, e a
segunda não, tinha como centro a potencialidade do homem em si mesmo. Mas não
procedem as falsas insinuações que andam por aí que essas obras estariam dando
algum incentivo ao marxismo ou a quaisquer outras teorias socialistas ou
comunistas. Essas “interpretações” equivocadas foram feitas pelas esquerdas ,
para fins de fazer “média” e “somar forças” . E também pela direita “burra” e
mal-intencionada, que considera “comunismo” qualquer tentativa de ajudar a libertação dos pobres por intermédio
dos seus próprios méritos e esforços.
Mas com o passar do tempo essas interpretações, que antes
não eram verdadeiras, parcialmente passaram
a sê-lo. No caso do Brasil, por exemplo, os ideólogos da Teologia da Libertação
antes citados (Leonardo Boff e Frei Betto), se ligaram a partidos políticos
declaradamente de esquerda e corruptos, como é o caso do PT, apesar de ser de uma esquerda “tosca”,”primária”,”vulgar”, de
“primatas”, e de ter emprestado a sua sigla como chave para seus membros assaltarem os cofres
públicos em dimensão nunca vista na
história política do Brasil, calculando-se tenham roubado cerca de 10 trilhões
de reais
Esse procedimento estaria tendo cobertura da “Teologia da
Libertação” ? “Libertação” de quem ? Como poderiam “teólogos da libertação” apoiarem
descaradamente ladrões que roubam uma sociedade inteira? Leonardo Boff e Frei Betto se atiraram de corpo e alma na
sigla PT, e misturaram com ela os
princípios de uma “teologia da libertação” muito esquisita e interesseira. Desmoralizaram-na,
em síntese.
O PT, como qualquer outro ladrão, tem mais a ver com o diabo do que
com Deus. Que “teologia” é essa então? Na
versão brasileira, a Teologia da Libertação não ficaria mais verdadeira se
chamada “diabologia da libertação”?
Mas também vejo nessa adesão interesseira dos corruptos à
Teologia da Libertação uma motivação derivada do envelhecimento dos líderes da
TL, sem renovação dos seus quadros, portanto, uma espécie de “estado de
necessidade”. Tanto isso é verdade que resolveram aderir de corpo e alma aos
diversos encontros do “Foro Social
Mundial”, iniciado em Porto Alegre, durante a gestão do PT, prosseguindo com
eventos anuais em outras partes do
mundo. Mas o “Forum Social Mundial” sempre levou de “arrasto” a Teologia
da Libertação. Interessante,não?
Mas o que eu acho mais engraçado em tudo isso é que a esquerda brasileira resolveu levantar
um altar para Paulo Freire. E a direita passou a demonizá-lo. Só que essa esquerda
não chegou a apreender que ninguém mais do que Paulo Freire censurou com tanto rigor o ASSISTENCIALISMO, a
esmola, que ele considerava a negação do ser humano, e que tem sido a base do
sucesso eleitoral da esquerda e a sua principal política.
E o que é a tal “bolsa família”? Porventura isso não se resumiria em “moeda de compra” de votos ? Em “dar” o pão , e não a “ensinar” a fazer o pão? Essa prática antes já
ocorrera na Roma Antiga, onde os
tiranos acomodavam o povo dando-lhe só pão e circo. E aqui o “pão e circo” se dá na
versão do “bolsa família”, ”futebol” e “carnaval”. Tudo a mesma coisa.
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo