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quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Juiz sem o coração de “Kobe beef” de Janot e Fachin decreta preventiva de Wesley e Joesley

Ação se dá na segunda fase da operação “Tendão de Aquiles”. Joesley “nós num vai ser preso” se julgava mais invulnerável que Aquiles

Wesley Batista está preso. É prisão preventiva. Sem prazo. Ele é o presidente global da JBS. Há uma mesma ordem contra Joesley.  Pois é… Uma ala ao menos da Polícia Federal e a 6ª Vara Criminal de São Paulo, tudo indica, não têm aquele coração de “Kobe beef” exibido por Rodrigo Janot e Edson Fachin, que optaram pela singela prisão temporária de Joesley e Ricardo Saud, que admitem, abertamente, que manipularam o estatuto da delação premiada. Mais do que isso: dizem dispor de gravações novas, mas só serão entregues se o acordo for mantido. Entenderam?

Wesley e Joesley: agora é prisão preventiva. Faltou o coração de “kobe beef” d da dupla “J&F”: Janot e Fachin
[com certeza a carne servida aos marchantes de Anápolis é bem mais dura que o 'kobe beef' - até que estão com sorte, fosse na década de 70, época em que bandido era tratado como bandido, eles iriam desfrutar da 'mistura' servida, naquela época, na Papuda: o famoso 'bonzo' - lembrava um pouco ração, mistura de carne de terceira moída com proteína de soja.] 

O “Kobe beef” é aquela carne molinha, tenra, bem macia. Como Janot em matéria de JBS. Como Fachin.  PF e Justiça Federal decidiram ser carne de pescoço. Wesley foi preso no âmbito da Operação Acerto de Contas, segunda fase da “Tendão de Aquiles”, que apura se os diretores da J&F e pessoas a eles ligadas manipularam ativos no mercado financeiro às vésperas da delação premiada e de seu vazamento. No pedido de prisão enviada à Justiça Federal, a PF sustenta haver provas de que “os irmãos agiram pessoalmente para manipular ações do grupo no mercado”. A 1ª fase foi deflagrada em 9 de junho, quando foram cumpridos três mandados de busca e apreensão e quatro mandados de condução coercitiva.

Chegaram a ser abertos 12 procedimentos na Comissão de Valores Mobiliários. Segundo a PF, em colaboração com a CVM, “policiais federais analisaram documentos, ouviram pessoas e realizaram perícias, trazendo aos autos elementos de prova que indicam o cometimento de crimes e apontam autoria aos dois dirigentes das mencionadas empresas”.  Pierpaolo Bottini, o conviva de Janot naquela espelunca de Brasília, advogado dos fortões da JBS, não gostou: “É absurda e lamentável a prisão e o inquérito aberto há vários meses, em que investigados se apresentaram para dar explicações. Mais uma vez o Estado brasileiro é desleal com quem colabora com a Justiça”.

Não bato boca com advogados de defesa. Exercem uma missão sagrada na democracia. E seu papel, afinal, é defender. Mas lembro a Bottini o que lembraria a qualquer advogado: o Estado brasileiro não tem de ser leal a delatores, delatados, procuradores, ministros do Supremo O Estado brasileiro tem de ser leal a suas leis.  A única coisa que pode tornar essas prisões (a de Joesley virá depois do vencimento do prazo da temporária) uma exorbitância é não ter havido especulação de nenhuma natureza.

Felizmente, o Brasil é um país que dispõe do habeas corpus, um dos apanágios da democracia. Se há, nisso tudo, uma forçada de mão e se não houve especulação, tais prisões serão certamente revogadas. Vocês sabem muito bem que não sou do tipo que sai por aí se esgoelando “prendam e arrebentem”. Eu sigo a lei.  Se, no curso da delação, sabedores de que os ativos passariam por uma sacolejada inclusive o dólar —, os irmãos Batista aproveitaram para ganhar uns trocos, então a preventiva está mais do que justificada: chama-se “garantia da ordem pública” e “garantia da ordem econômica”, conforme estabelece o Artigo 312 do Código de Processo Penal.

Aliás, é com base no dito cujo que Janot deveria ter pedido as respectivas prisões preventivas de Joesley e Ricardo Saud — no caso, envolvendo as lambanças com a delação. Agora, o que leva um irmão à preventiva e pode levar o outro é a especulação, a manipulação de mercado. Ah, sim: não há como esse caso parar nas mãos de Fachin. Isso nada tem a ver com a Lava Jato.
Desta feita, o coração de “Kobe beef” não arbitrará.

PS: Tétis, a mãe de Aquiles, o mergulhou no rio Estige, o rio da Morte, assim que nasceu. E isso o tornou imoral, restando apenas um ponto vulnerável: o calcanhar por onde ela segurou o bebê. Foi justamente ali que Páris conseguiu acertar uma flecha envenenada. Pois é… Lembram do “nóis num vai ser preso” de Joesley. Ele se achava um Aquiles sem o calcanhar vulnerável. Afinal, queria ser, como deixou claro, um subordinado de Janot. [não pode ser esquecido que as flechas do Janot, não são envenenadas e todas estão rombudas. - nenhum mal fazem, exceto quando caem nos pés do arqueiro.]

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo

Afirmou o ministro sobre a ação da PGR: “Essa manipulação é horrorosa. Ela e nojenta. Ela é repugnante. Eu, que fui da Procuradoria Geral da República e que lá entrei em 1984... Ver o estado de putrefação, de degradação dessa instituição... Me constrange."