Ação se dá na segunda fase da operação “Tendão de Aquiles”. Joesley “nós num vai ser preso” se julgava mais invulnerável que Aquiles
Wesley Batista está preso. É prisão preventiva. Sem prazo. Ele é o presidente global da JBS. Há uma mesma ordem contra Joesley. Pois é… Uma ala ao menos da Polícia
Federal e a 6ª Vara Criminal de São Paulo, tudo indica, não têm aquele
coração de “Kobe beef” exibido por Rodrigo Janot e Edson Fachin, que
optaram pela singela prisão temporária de Joesley e Ricardo Saud, que
admitem, abertamente, que manipularam o estatuto da delação premiada.
Mais do que isso: dizem dispor de gravações novas, mas só serão
entregues se o acordo for mantido. Entenderam?
Wesley e Joesley: agora é prisão preventiva. Faltou o coração de “kobe beef” d da dupla “J&F”: Janot e Fachin
[com certeza a carne servida aos marchantes de Anápolis é bem mais dura que o 'kobe beef' - até que estão com sorte, fosse na década de 70, época em que bandido era tratado como bandido, eles iriam desfrutar da 'mistura' servida, naquela época, na Papuda: o famoso 'bonzo' - lembrava um pouco ração, mistura de carne de terceira moída com proteína de soja.]
O “Kobe beef” é aquela carne molinha, tenra, bem macia. Como Janot em matéria de JBS. Como Fachin. PF e Justiça Federal decidiram ser carne
de pescoço. Wesley foi preso no âmbito da Operação Acerto de Contas,
segunda fase da “Tendão de Aquiles”, que apura se os diretores da
J&F e pessoas a eles ligadas manipularam ativos no mercado
financeiro às vésperas da delação premiada e de seu vazamento. No pedido
de prisão enviada à Justiça Federal, a PF sustenta haver provas de que
“os irmãos agiram pessoalmente para manipular ações do grupo no
mercado”. A 1ª fase foi deflagrada em 9 de junho, quando foram cumpridos
três mandados de busca e apreensão e quatro mandados de condução
coercitiva.
Chegaram a ser abertos 12 procedimentos
na Comissão de Valores Mobiliários. Segundo a PF, em colaboração com a
CVM, “policiais federais analisaram documentos, ouviram pessoas e
realizaram perícias, trazendo aos autos elementos de prova que indicam o
cometimento de crimes e apontam autoria aos dois dirigentes das
mencionadas empresas”. Pierpaolo Bottini, o conviva de Janot
naquela espelunca de Brasília, advogado dos fortões da JBS, não gostou:
“É absurda e lamentável a prisão e o inquérito aberto há vários meses,
em que investigados se apresentaram para dar explicações. Mais uma vez o
Estado brasileiro é desleal com quem colabora com a Justiça”.
Não bato boca com advogados de defesa.
Exercem uma missão sagrada na democracia. E seu papel, afinal, é
defender. Mas lembro a Bottini o que lembraria a qualquer advogado: o
Estado brasileiro não tem de ser leal a delatores, delatados,
procuradores, ministros do Supremo… O Estado brasileiro tem de ser leal a
suas leis. A única coisa que pode tornar essas prisões (a de Joesley
virá depois do vencimento do prazo da temporária) uma exorbitância é não
ter havido especulação de nenhuma natureza.
Felizmente, o Brasil é um país que
dispõe do habeas corpus, um dos apanágios da democracia. Se há, nisso
tudo, uma forçada de mão e se não houve especulação, tais prisões serão
certamente revogadas. Vocês sabem muito bem que não sou do tipo que sai
por aí se esgoelando “prendam e arrebentem”. Eu sigo a lei. Se, no curso da delação, sabedores de
que os ativos passariam por uma sacolejada — inclusive o dólar —, os
irmãos Batista aproveitaram para ganhar uns trocos, então a preventiva
está mais do que justificada: chama-se “garantia da ordem pública” e
“garantia da ordem econômica”, conforme estabelece o Artigo 312 do
Código de Processo Penal.
Aliás, é com base no dito cujo que Janot
deveria ter pedido as respectivas prisões preventivas de Joesley e
Ricardo Saud — no caso, envolvendo as lambanças com a delação. Agora, o que leva um irmão à preventiva e pode levar o outro é a especulação, a manipulação de mercado. Ah, sim: não há como esse caso parar nas mãos de Fachin. Isso nada tem a ver com a Lava Jato.
Desta feita, o coração de “Kobe beef” não arbitrará.
PS: Tétis, a mãe de Aquiles, o mergulhou
no rio Estige, o rio da Morte, assim que nasceu. E isso o tornou imoral,
restando apenas um ponto vulnerável: o calcanhar por onde ela segurou o
bebê. Foi justamente ali que Páris conseguiu acertar uma flecha
envenenada. Pois é… Lembram do “nóis num vai ser preso” de Joesley. Ele
se achava um Aquiles sem o calcanhar vulnerável. Afinal, queria ser,
como deixou claro, um subordinado de Janot. [não pode ser esquecido que as flechas do Janot, não são envenenadas e todas estão rombudas. - nenhum mal fazem, exceto quando caem nos pés do arqueiro.]
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
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