Ministros discutem se delatados têm o direito de apresentar suas alegações finais apenas depois das manifestações dos delatores
O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julga na tarde desta quarta-feira 25 um pedido de habeas corpus que pode afetar diversas condenações da Lava Jato, entre elas a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os ministros votarão se suspendem ou não mais uma condenação da operação, após decisão de agosto que anulou a sentença de Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil, porque o ex-executivo teve de apresentar as suas alegações finais no mesmo prazo que os delatores, também réus.
No caso a ser analisado nesta quarta, o ex-gerente da Petrobras Márcio de Almeida, condenado na Lava Jato a 10 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, alegou que houve cerceamento de defesa nos mesmos fundamentos que levaram à anulação da condenação de Bendine.
Associação de juízes federais vai ao STF para derrubar pelo menos 3 artigos da nova lei de abuso de autoridade
Os artigos foram vetados por Bolsonaro a pedido da Ajufe, mas voltaram ao texto da lei com a decisão do Congresso de derrubar 18 dos 33 vetos presidenciais
Algumas prerrogativas atrapalham, ou mesmo impedem, que crimes sejam investigados.]
Hoje, esse tipo de transgressão só pode ser coibida com medidas em âmbito administrativo. A Ajufe vai apenas aguardar a sanção da nova lei para bater às portas do STF. Segundo Mendes, todos estes artigos colocam em perigo a liberdade de decidir, um valor básico na atividade diária de cada juiz. — Se um juiz for punido por decidir de um jeito ou de outro será um risco para a independência judicial . Esses artigos são inconstitucionais — afirma Mendes.
O presidente da Ajufe disse ainda que o Congresso Nacional derrubou parte dos vetos de Bolsonaro em represália a decisão do ministro Luís Roberto Barroso de autorizar busca e apreensão no gabinete do senador Fernando Bezerra (PTB-PE). Para os senadores, Barroso teria extrapolado ao atender um pedido de busca da Polícia Federal, que teve parecer contrário da Procuradoria-Geral da República.
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) vai analisar quais medidas jurídicas podem ser adotadas contra os artigos vetados e, depois, reativados pelo Congresso.Segundo o presidente da ADPF, Edvandir Paiva, as novas regras podem dificultar o trabalho da polícia e abrir brechas para advogados
— Os artigos recuperados com a derrubada dos vetos prejudicam técnicas de investigação como no caso do interrogatório e dão ferramentas aos advogados que, no limite, podem ser utilizadas para tumultuar uma investigação — disse Paiva.
O Globo, LEIA MAIS