Bolsonaro tomou café da manhã com os presidentes dos outros Poderes e todos decidiram apoiar uma agenda pelas reformas. Isso até uma nova troca de insultos
Mas que concórdia é essa? Um ministro do Supremo, a quem cabe julgar a constitucionalidade do que é votado, não pode fingir que não viu nada de ilegal, se ilegalidade houver. Ou seja, só apoia por apoiar. A Câmara aprovou a medida provisória que reduziu o número de ministérios de 29 para 22, e manteve o Coaf com Guedes, não com Moro. Bolsonaro se conformou (se o Senado mudar algo, a MP tem de voltar à Câmara, e talvez não haja tempo de votá-la até dia 3, quando expira e voltam a existir 29 ministérios). Mas o líder de Bolsonaro no Senado quer o Coaf na Justiça, e luta para mudar a MP. Ministro de Bolsonaro, Moro também quer que a MP mude. E ninguém se entende. Alcolumbre não fala, mas presta muita atenção. Traduzindo, eles concordam apenas em concordar. Talvez funcione. E seja o que Deus quiser.
Centrão sem centrão
Diante das críticas dos manifestantes ao Centrão, visto como
interessado só na Oração de São Francisco (“é dando que se recebe; é
perdoando que se é perdoado”), Rodrigo Maia, mais Centrão impossível,
convidou deputados para formar uma frente suprapartidária, deixando o
Centrão de lado. Entram na lista desde Kim Kataguiri e Pedro Lupion, do
DEM, até Sílvio Costa, do PRB, partido de Valdemar Costa Neto, e Tábata
Amaral, a musa do pessoal de primeiro mandato, do PDT de Ciro Gomes.
Objetivo: montar uma agenda positiva, seja lá isso o que for. Ou, mais
simples, lutar pelas reformas, ao lado da equipe econômica, que se
reunirá frequentemente com eles. A ver.(...)
Visão de futuro
De acordo com a pesquisa, se a reforma da Previdência não for
aprovada, a Bolsa cairá 20%, para 75 mil pontos, e o dólar subirá 12%,
para R$ 4,50. Se a reforma trouxer metade da economia proposta, a Bolsa
subirá 7%, para 100 mil pontos, e o dólar ficará em R$ 3,90. Caso a
reforma proposta pelo Governo passe integralmente, a Bolsa subirá 28%,
para 120 mil pontos, e o câmbio irá para R$ 3,60 por dólar. Espera-se
que, em quatro anos, a venda de ativos do Governo, no processo de
privatização, atinja R$ 300 bilhões.
Aliados, mas desafetos
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, tem um
esporte favorito: falar mal do diretor-geral da Agência Nacional de
Transportes Terrestres, Mário Rodrigues, de quem é desafeto. Diz
insistentemente que a ANTT está fragilizada por ter seu diretor citado
em delação premiada, o que é ruim para a imagem e a credibilidade da
agência. Pois é: quando era subordinado ao ministro Moreira Franco,
igualmente citado em delações, Tarcísio não se preocupava ─ tanto que
não pediu para sair. Mas agora, para se livrar do desafeto, pensa até em
mudar a estrutura do Ministério, fundindo a ANTT com a Antaq, Agência
Nacional de Transporte Aquaviário.O atual Governo parece copiar o PSDB, um partido de amigos composto 100% por inimigos. Os aliados do presidente querem exclusividade: não conseguem admitir a existência de outros aliados e os combatem com fervor.
Publicado na Coluna de Carlos Brickmann
Transcrito do Blog do Augusto Nunes - Veja