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sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Mourão diz: "Ustra era homem de honra que respeitava os direitos humanos dos seus subordinados".

O Globo

Vice-presidente também declarou à Deutsche Welle  que não concorda com tortura

Carlos Alberto Brilhante Ustra foi condenado por tortura na ditadura militar [condenações que nada significam, tendo em conta que não transitaram em julgado.]

Em entrevista à Deutsche Welle, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos responsáveis por perseguições, tortura e morte de opositores ao regime militar no Brasil, [a afirmação destacada nunca foi comprovada - o coronel Ustra, herói nacional, foi absolvido em alguns julgamentos em primeira instância e nos que foi condenado, a sentença não transitou em julgado.] era um "homem de honra que respeitava os direitos humanos dos seus subordinados".

— O que posso dizer sobre o homem Carlos Alberto Brilhante Ustra, ele foi  meu comandante no final dos anos 70 do século passado, e era um homem de honra e um homem que respeitava os direitos humanos de seus subordinados. Então, muitas das coisas que as pessoas falam dele, eu posso te contar, porque eu tinha uma amizade muito próxima com esse  homem, isso não é verdade — disse.

Na entrevista, Mourão afirmou governo brasileiro não concorda ou simpatiza com a prática da tortura, mas comentou que muitas pessoas que lutaram contra guerrilhas urbanas nos anos 1960 e 1970 foram "injustamente acusadas de serem torturadoras". Em primeiro lugar, não estou alinhado com a tortura, e, claro, muitas pessoas ainda estão vivas daquela época, e todas querem colocar as coisas da maneira que viram. É por isso que eu disse antes que temos que esperar que todos esses atores desapareçam para que a história faça sua parte. E, claro, o que realmente aconteceu durante esse período ... esse período passou — disse na entrevista ao veículo alemão.

Ainda segundo o vice-presidente, durante a ditadura, os militares "fizeram coisas muito boas pelo Brasil e outras coisas não foram tão bem". Ele também disse que a "história só pode ser julgada com o passar do tempo" e afirmou que a democracia é um dos objetivos nacionais permanentes e que o governo quer tornar o Brasil a "democracia mais brilhante do hemisfério Sul".

Ustra era conhecido nos porões da ditadura como "Dr. Tibiriçá" e foi o único militar brasileiro declarado torturador pela Justiça.  O Dossiê Ditadura, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos,  relaciona o coronel com 60 casos de mortes e desaparecimentos em São Paulo. [relaciona nada significa, especialmente quando as acusações não geram condenações definitivas; 

aliás, o título da comissão que expeliu o dossiê diz tudo sobre a sua parcialidade.]

A Arquidiocese de São Paulo, por meio do projeto Brasil Nunca Mais, denunciou mais de 500 casos de tortura cometidos dentro das dependências do Doi-Codi no período em que Ustra era o comandante, de 1970 a 1974. [denúncias não provadas não passam de injúrias, calúnias e difamações.] Em 2015, o Ministério Público Federal (MPF), fez denúncia contra Ustra, apontado como responsável pela morte do militante comunista Carlos Nicolau Danielli, sequestrado e torturado nas dependências do Destacamento de Operações e Informações do (DOI), em São Paulo, em dezembro de 1972.

Atos contra a democracia

O vice-presidente disse ainda que a participação do presidente Jair Bolsonaro em atos que pediam o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) também não eram uma ameaça à democracia, e que disse que a afirmação do governador de São Paulo, João Doria, que viu "agressões gratuitas à democracia" na ocasião, eram ocasionadas pela "polarização na política".

Questionado se essa era uma conversa perigosa, o vice-presidente afirmou que não, já que "ninguém tem poder de fazer o que quer aqui no Brasil": — Não, isso acontece porque há polarização na política. O governo de São Paulo se opôs a Bolsonaro. Isso é muito mais conversa do que, digamos, ação. Não, não é perigosa. É perigoso quando você tem poder de fazer o que quer, mas ninguém tem poder de fazer o que quer aqui no Brasil.

Ainda segundo Mourão, "há um excesso de 'tribalismo' (no país) e os lados políticos estão muito polarizados": 

— Há muita polarização na política, mas a nossa administração está conduzindo bem o país e as coisas estão melhorando.

Pandemia

O vice-presidente também minimizou o comentário que havia feito em abril a repórteres. Na ocasião em que o governo enfrentava a saída do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Mourão afirmou: "está tudo sob controle. Só não sabemos de quem". Segundo o vice-presidente, a fala foi "uma piada".

Mourão defendeu a atuação do atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e disse não ser necessário ser médico para ser ministro da Saúde: — É preciso alguém que entenda administração pública e que não seja conivente com a corrupção. O ministro Pazuello sabe muito sobre logística, que era nosso principal problema com o ministro da Saúde.

O Globo - ZHGaucha