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domingo, 25 de março de 2018

A queda dos juros não chega aos guichês



Com a redução vertiginosa da taxa básica, fica ainda mais escandalosa a enorme diferença entre a Selic e o que os bancos cobram nos vários tipos de crédito

Tudo conspira no momento econômico do país para juros básicos suaves, jamais ou poucas vezes praticados. Com uma recuperação do PIB em marcha lenta, sinalizada pelo recuo de 0,56% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central, em janeiro sobre dezembro, desemprego ainda elevado, preços de alimentos domados e inflação se mantendo bem abaixo da meta de 4,5%, o Comitê de Política Monetária do BC decidiu, com razão, fazer outro corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), colocando-a no nível inédito de 6,5%.

Por voluntarismo, a presidente Dilma Rousseff, bem ao seu estilo, o máximo que conseguiu foi forçar o BC de Alexandre Tombini a comprimir a Selic até 7,25%. Com a presidente retirada do cargo por impeachment, no governo do seu vice, Michel Temer, o BC de Ilan Goldfajn seguiu a cartilha da boa técnica, e os juros chegaram até onde estão sem o uso da “vontade política”. Quer dizer, foram sendo desinflados como deveriam. 

Como costuma acontecer no Brasil, há sempre um senão, devido a tantas distorções acumuladas numa economia que carrega problemas estruturais, eternizados pela falta de reformas — tributária, do Estado, previdenciária etc. Tanto tempo de juros básicos nas nuvens encobriu parte do despautério que é a enorme diferença entre os chamados juros de mercado e a Selic. 

Na semana passada, antes da reunião do Copom, O GLOBO trouxe dados bastante ilustrativos deste sério problema, da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac): do pico de 14,25%, creditados ao voluntarismo de Dilma, aos 6,75% de antes da última redução, a Selic foi cortada em 52,63%. Mas as taxas cobradas em importantes modalidades de crédito caíram muito menos: comércio, menos 9,4%; veículos, queda de 17,15%; cartão de crédito, menos 29,45%; empréstimo pessoal, corte de 11,47%; cheque especial, menos 0,29%. E todas as taxas são muito superiores aos 6,5%. Nos cartões, por exemplo, estavam em 318,5%.

Há justificativas clássicas. Taxa de inadimplência — a ser aliviada pela recuperação da economia e queda do desemprego. O excesso de subsídios ao crédito — problema que começa a ser enfrentado, em boa medida, com a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP), que tende a se equiparar aos juros de mercado, cortando subsídios nos créditos no âmbito do BNDES, subordinado à TJLP, fixada discricionariamente pelas autoridades de turno.

Existem mais causas, uma delas a excessiva concentração bancária. Os quatro maiores (BB, Itaú-Unibanco, Bradesco e Caixa) têm mais de 70% dos ativos do setor. Há esperança de que instituições financeiras digitais, de custo baixo e mais ágeis, possam injetar concorrência no mercado. Não se sabe. Mas esta é uma agenda que precisa ser prioritária em Brasília.


Editorial - O Globo


segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Sem autocrítica



Mesmo economistas ligados ao PT admitem que que a situação fiscal estava insustentável



O papel da oposição é, por óbvio, opor-se. Então, mesmo diante das muitas evidências de que a economia está em recuperação, o PT e legendas que compunham a aliança que sustentou Lula e Dilma no poder negarão qualquer melhoria. Bem como legendas que se alinham à esquerda, mesmo sem terem feito parte da gestão lulopetista. É do jogo político.

Como o PT perdeu muitas oportunidades para fazer autocrítica, não deverá reconhecer que a debacle que a dupla Lula-Dilma causou na economia, com o “novo marco macroeconômico”, se garantiu a reeleição da presidente, em 2014, também criou as condições para ela ser impedida pelo Congresso. Enquanto jogava o país na mais profunda recessão jamais sofrida, segundo as estatísticas oficiais (aproximadamente 8% de retração do PIB no biênio 2015/2016; queda de 10% na renda per capita, jogando no desemprego uma população de mais de 14 milhões de pessoas.)

Houve uma alteração radical na condução da economia do primeiro governo Lula, com Antonio Palocci na Fazenda e Henrique Meirelles no Banco Central, para a segunda gestão, com Dilma Rousseff na Casa Civil e Guido Mantega na Fazenda. A crise mundial aprofundada em 2008/9 serviu de pretexto para o lulopetismo aplicar, enfim, a velha receita intervencionista sempre defendida pelo PT até desembarcar no Planalto. Com Dilma na Presidência, chegou o momento de ir fundo no experimentalismo nacional-populismo, e o resultado foi o que se viu. O voluntarismo, outra característica deste tipo de visão ideológica, foi exercitado ao extremo. Por exemplo, quando Dilma, em 2011 e 2012, com o BC de Alexandre Tombini sob controle, forçou o corte dos juros básicos da economia (Selic), de mais de 12,5% para 7,25%, mesmo que a inflação não aconselhasse a redução. Como previsto, ela ganhou fôlego e passou a rodar no limite superior da meta, de 6,5%. Não houve alternativa a não ser permitir que o BC voltasse a elevar os juros. A bola de neve que já descia a ladeira aumentou de velocidade e cresceu.

A clara e indevida intervenção do Planalto no BC ajudou a deteriorar a expectativa perante o Brasil e fez recuar ainda mais os investidores. Projetos de ampliação de fábricas foram engavetados e tudo mais. A inflação se manteve rígida, rumou para os dois dígitos, consumidores se retraíram e foi disparado o gatilho da funda recessão.  A contabilidade criativa de Arno Augustin, do Tesouro, foi acionada sob as bênçãos de Dilma e Guido, para maquiar as contas públicas, e isso levou a presidente ao impeachment. Com a retração, a Previdência, já estruturalmente abalada há tempos, entrou na UTI. O que a equipe econômica de Temer fez foi restaurar alguns princípios sensatos de politica econômica e conseguir que o Congresso aprovasse um teto para os gastos, a fim de dar um horizonte visível ao Orçamento. Tem funcionado: a inflação caiu de dois dígitos para 3%, e disso se beneficiam os salários. E o desemprego recua. Fatos.

Editorial - O Globo