Mesmo economistas ligados ao PT admitem que que a situação fiscal estava insustentável
O papel
da oposição é, por óbvio, opor-se. Então, mesmo diante das muitas evidências de
que a economia está em recuperação, o PT e legendas que compunham a aliança que
sustentou Lula e Dilma no poder negarão qualquer melhoria. Bem como legendas
que se alinham à esquerda, mesmo sem terem feito parte da gestão lulopetista. É
do jogo político.
Como o PT
perdeu muitas oportunidades para fazer autocrítica, não deverá reconhecer que a
debacle que a dupla Lula-Dilma causou na economia, com o “novo marco
macroeconômico”, se garantiu a reeleição da presidente, em 2014, também criou
as condições para ela ser impedida pelo Congresso. Enquanto jogava o país na
mais profunda recessão jamais sofrida, segundo as estatísticas oficiais
(aproximadamente 8% de retração do PIB no biênio 2015/2016; queda de 10% na
renda per capita, jogando no desemprego uma população de mais de 14 milhões de
pessoas.)
Houve uma
alteração radical na condução da economia do primeiro governo Lula, com Antonio
Palocci na Fazenda e Henrique Meirelles no Banco Central, para a segunda
gestão, com Dilma Rousseff na Casa Civil e Guido Mantega na Fazenda. A crise
mundial aprofundada em 2008/9 serviu de pretexto para o lulopetismo aplicar,
enfim, a velha receita intervencionista sempre defendida pelo PT até desembarcar
no Planalto. Com Dilma
na Presidência, chegou o momento de ir fundo no experimentalismo
nacional-populismo, e o resultado foi o que se viu. O voluntarismo, outra
característica deste tipo de visão ideológica, foi exercitado ao extremo. Por
exemplo, quando Dilma, em 2011 e 2012, com o BC de Alexandre Tombini sob
controle, forçou o corte dos juros básicos da economia (Selic), de mais de
12,5% para 7,25%, mesmo que a inflação não aconselhasse a redução. Como
previsto, ela ganhou fôlego e passou a rodar no limite superior da meta, de
6,5%. Não houve alternativa a não ser permitir que o BC voltasse a elevar os
juros. A bola de neve que já descia a ladeira aumentou de velocidade e cresceu.
A clara e
indevida intervenção do Planalto no BC ajudou a deteriorar a expectativa
perante o Brasil e fez recuar ainda mais os investidores. Projetos de ampliação
de fábricas foram engavetados e tudo mais. A inflação se manteve rígida, rumou
para os dois dígitos, consumidores se retraíram e foi disparado o gatilho da
funda recessão. A
contabilidade criativa de Arno Augustin, do Tesouro, foi acionada sob as
bênçãos de Dilma e Guido, para maquiar as contas públicas, e isso levou a
presidente ao impeachment. Com a retração, a Previdência, já estruturalmente
abalada há tempos, entrou na UTI. O que a equipe econômica de Temer fez foi
restaurar alguns princípios sensatos de politica econômica e conseguir que o
Congresso aprovasse um teto para os gastos, a fim de dar um horizonte visível
ao Orçamento. Tem funcionado: a inflação caiu de dois dígitos para 3%, e disso
se beneficiam os salários. E o desemprego recua. Fatos.
Editorial - O Globo
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