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sexta-feira, 1 de junho de 2018

Parente perigoso - Sai o de reputação ilibada, fica o que tem ordem de prisão

Está na cara que temos de estatizar tudo o que passar pela frente, do trióxido de molibdênio à cachaça 51, pregam os arquiduques do “Brasil forte”


Todas as vezes que ouvir falar em “recurso estratégico”, ponha a mão no bolso e segure a carteira: alguém, com certeza, está querendo roubar você. Pode ser gente do governo — tanto faz que seja da situação ou da oposição. Podem ser sindicatos e CUTs. Podem ser, certamente, empreiteiros de obras públicas loucos para construir refinarias, “complexos industriais” e “plantas” disto ou daquilo. Podem ser todos os economistas do “campo progressista”, sem exceção. Podem ser intelectuais, professores de universidade, artistas de novela. Existe à vista alguma coisa que possa ter um valor qualquer? Então, dizem todos os nomeados acima, é “estratégico”. Se é estratégico ninguém pode mexer: a coisa tem de ser “do Estado”, ou do governo. Como tanto o “Estado” quanto o “governo” são uma ideia e não um ser humano, a exemplo do ex-presidente Lula, isso quer dizer, obrigatoriamente, que gente de muita carne e muito osso vai mandar nela. Também obrigatoriamente, essa gente vai criar empresas imensas para cuidar da riqueza da “população”, lotar cada uma delas com funcionários amigos e roubar o pobre do “recurso estratégico” até não sobrar um único osso.

A esquerda nacional, historicamente, é a mãe desnaturada dos gêmeos “bem estratégico” e “empresa estatal”, mas os beneficiários materiais de sua doutrina não são apenas os esquerdistas. Como acontece com tanta frequência na aplicação das ideias “progressistas”, entra na festa todo o tipo de safado que a elite brasileira tem a oferecer — com o tempo, na verdade, vai se descobrindo que é justamente esse bonde do capitalismo terceiro-mundista, tão selvagem quanto a selva no inferno de Dante, quem mais ganha dinheiro com a história de que “o Brasil tem de defender as suas riquezas da cobiça internacional” etc, etc,. Vale qualquer coisa, aí. Está na cara que temos de estatizar tudo o que passar pela frente, do trióxido de molibdênio à cachaça 51, pregam os arquiduques do “Brasil forte” — assim fica tudo só para nós. Simples demais? Pode ser simples, mas não é demais: é apenas a verdade estabelecida pela observação dos fatos, diante da roubalheira que chegou ao ponto de fissão nuclear a partir dos governos Lula-Dilma e que tanta gente está hoje desesperada para colocar de novo em operação.

Em nenhum espaço da vida brasileira a ação dos saqueadores se mostra tão desesperada quanto no petróleo e na Petrobras. Trata-se, possivelmente, da área em que o brasileiro é roubado há mais tempo — espantosamente, desde 1953. Depois da implosão do PT, a Petrobras tem passado com excelentes resultados por um processo de reconstrução. O governo Michel Temer desistiu de encher a empresa de políticos-bandidos, o que deixa absolutamente transtornados os presidentes do Senado, da Câmara e as gangues do Congresso, e permitiu que um executivo de talento, Pedro Parente, tocasse a máquina como ela deve ser tocada. Deu certo. Parente salvou a estatal da falência e criou ali uma cultura de competência, responsabilidade e resultados. É claro que os políticos, de Lula ao extremo anti-Lula, querem matar esse Parente.

O pano de fundo da greve dos caminhoneiros, que tanto barulho levantou, é a guerra entre a liberdade econômica e as forças que querem continuar controlando o petróleo e os combustíveis no Brasil. Na superfície é uma disputa por preços, eliminação de impostos dementes e questões financeiras imediatas — por sinal esses caminhoneiros, onde Lula e a esquerda são detestados, mostraram uma capacidade de juntar gente e mostrar força infinitamente maiores que a “mobilização social” em favor do “Lula Livre”. (A multidão que iria cercar a prisão “até Lula ser solto” nunca passou de 500 pessoas, e hoje está reduzida a nada. Virou uma palhaçada de artistas que agora usam Lula para promover seus shows.) Para além da greve, porém, está a discussão verdadeira: o fim da Petrobras e similares, o estabelecimento da livre concorrência e a construção de um Brasil com chances de progredir.

Publicado na edição impressa da EXAME - J R Guzzo - Veja

Sai o de reputação ilibada, fica o que tem ordem de prisão

Chamado por Deus, Temer troca presidente da Petrobras mas mantém ministérios na mão de ex e futuros presidiários 

BRF, frigorífico problemático, agradece ajoelhado: Pedro Parente se livra da Petrobras. Assim funciona o desgoverno Temer: troca o sujeito de reputação ilibada mas mantém no Trabalho o que vai a Londres e tem ordem de prisão. E nas rodovias o ex-presidiário que manda lá há + de década

Lillian Witte Fibe - Veja
 

sábado, 25 de março de 2017

Barbeiragem policialesca

O estrago está feito. Comprometeu a indústria, a PF, os consumidores, os trabalhadores do setor, as exportações, a imagem de marcas que são ícones de excelência no mundo, o PIB, a balança comercial. 
Contaminou a economia, a política, a sociedade em suma. Algo lamentável em um País que ainda peleja a duras penas na busca da retomada. E para que tudo isso? Qual a razão de 1100 policiais saírem às ruas na captura de 30 fiscais e intermediadores de alguns frigoríficos (nem quadrilhas da máfia mereceriam tamanho batalhão!) e depois chamarem o espetáculo de maior operação já feita até hoje? A “Carne Fraca” foi um desastre sobre qualquer ângulo que se enxergue. Trouxe muito menos resultado do que propagou. 

Difamou uma atividade que, na esmagadora maioria – ou na quase totalidade – dos cinco mil estabelecimentos envolvidos, nada deve no tocante à qualidade dos serviços. O que se viu ali deixa um sentimento de indignação e repulsa aos brasileiros. Agentes tecnicamente despreparados para entender o que estavam investigando e o que encontraram. Erros em profusão na comunicação. Fraudes pontuais tratadas com grande estardalhaço. Subornos baratos desproporcionais à escala das apurações. Bilhões perdidos em vendas e encomendas a troco de quase nada. Amostras mirradas de carne podre. Muita soberba e discrepância de dados. Para ficar num exemplo alarmante: a tão propalada denúncia do uso de papelão não passou de um erro interpretativo na escuta telefônica. Fiscais confundiram uma conversa sobre embalagem deduzindo tratar-se de um diálogo sobre mistura ilegal de papelão na carne. Quarenta frigoríficos foram relacionados como alvo e apenas dois laudos apresentados. A Polícia Federal fez inspeção em apenas uma única unidade antes de detonar a captura de acusados. As motivações para o aparato decorreram meramente das escutas telefônicas e do depoimento de uma testemunha ligada à pasta da agricultura. Críticas sobre a fragilidade das acusações vieram de todos os lados.

Ocorreram equívocos no entendimento sobre o uso de carne de cabeça em embutidos, sobre a concessão de certificados de garantia e até na identificação da origem dos problemas, mais relacionada a lotes de frango do que a peças de natureza bovina. Ataques a grandes fabricantes sem que eles estivessem diretamente ligados ao cerco foram uma constante.  No caso do portento JBS/Friboi, líder global com participação em 150 países, não há qualquer menção a irregularidades sanitárias e nenhum de seus dirigentes ou executivos foi sequer alvo de medidas judiciais (apenas um funcionário de uma unidade teve o nome citado por desvio de conduta). Mesmo assim, no plano da repercussão, o grupo foi o mais afetado devido à estatura e projeção. 

O concorrente BRF, por sua vez, teve até uma instalação interditada sem maiores motivos. Não está, naturalmente, em questão a necessidade de apurar eventuais crimes e identificar os culpados. Eles existem e são de várias vertentes, especialmente devido aos feudos políticos que se instalaram na rede dos negócios agropecuários. Mas a forma como a operação “Carne Fraca” foi realizada deixou muito a desejar. Não havia necessidade de enxovalhar reputações e, sabe-se, o dano causado à atividade ainda irá demorar muito a ser reparado. Estima-se em US$ 1,5 bilhão, preliminarmente, o prejuízo no comércio de carne neste ano. Outros US$ 8 bilhões evaporaram no valor das ações das companhias relacionadas. Dezenas de países cancelaram as encomendas ou estabeleceram novos critérios de exigências. As demissões, em apenas um dos frigoríficos, atingiram 200 funcionários. O número, no cômputo geral, tende a crescer atingindo indiscriminadamente vários níveis da cadeia produtiva. Um disparate! O que a armada policialesca acabou fazendo é de uma irresponsabilidade abominável. Quase destruiu a história de um setor que passou décadas para chegar onde está. Não precisava ser dessa maneira.

Fonte: Editorial - IstoÉ - Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três