Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador caminhoneiros. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador caminhoneiros. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Reação ao governo Lula veio rápida demais com movimento dos caminhoneiros - O Estado de S. Paulo

É um sinal de que a direita brasileira criada em função de Jair Bolsonaro está aí para ficar 

O movimento dos caminhoneiros em apoio ao presidente Bolsonaro e contra o [futuro]  governo Lula, que vem deixando tão aflitas as almas progressistas, os jornalistas e os outros agrupamentos que ganharam a eleição presidencial, é primeiro conflito que o novo governo tem para enfrentar. Veio rápido demais – poucas horas depois de anunciado o placar final do TSE e dois meses inteiros antes de Lula assumir. 
É também um sinal, ou talvez se devesse dizer uma prova, de que a direita brasileira criada nos últimos anos em função de Jair Bolsonaro está aí para ficar. Não se trata, agora, de uma direita que faz discurso e age pouco, no estilo PSDB de fazer “oposição”
Os caminhoneiros são outro animal: o Brasil se inquieta de verdade, porque as suas ações mexem diretamente com necessidades básicas e interesses materiais da população
Estarão aí pelos próximos quatro anos; é bom começar a pensar como se vai lidar com isso. Os caminhoneiros não estão pedindo aumento no frete ou subsídio para o diesel querem, agora, participar da política, e não vai dar para dizer a eles que, nesse caso, devem se contentar em concorrer a uma cadeira de deputado ou senador.
A esquerda, os seus associados no sistema STF-TSE e demais forças a seu serviço estão jogando a solução desta dificuldade na repressão. Nada de “diálogo” ou de “negociação, como recomendam em 101% dos casos de conflito que envolvem as “categorias populares”. Aqui é pau direto
 
 

Bloqueio na Raposo Tavares, em Sorocaba; movimento dos caminhoneiros é sinal, ou talvez se devesse dizer uma prova, de que a direita brasileira criada nos últimos anos em função de Jair Bolsonaro está aí para ficar.  Foto: José Maria Tomazela/Estadão
 
O que se quer não é algum tipo de entendimento como o adversário – é a sua eliminação. Manda a Polícia Rodoviária Manda a PM. Manda a Tropa de Choque. Manda bomba de gás lacrimogêneo. Dá multa – já foram dados 18 milhões reais em multas até o momento processa, prende; é assim que querem resolver o problema dos caminhoneiros – e, possivelmente, quaisquer outros problemas que aparecerem.

É natural. Sob o seu novo líder político e espiritual, o ministro Alexandre de Moraes, os esquerdistas brasileiros se acostumaram a agir cada vez como policiais, e estão encantados com isso – imaginam hoje que é a polícia, em vez dos proletários, a vanguarda da revolução socialista no Brasil. Acham que o novo enfoque pode dar certo e acabar deixando Lula e o PT para sempre na presidência.  
Contam, é claro, com a colaboração estreita da atual ditadura judiciária, que conseguiu anular as funções do Poder Executivo e do Congresso, e está governando o país com grupos da Polícia Federal; acabou, aliás, de ganhar a eleição presidencial que vai ficar conhecida como a “eleição do STF-TSE”.  
Mas a direita é uma realidade nova. Ela vai muito além dos caminhoneiros. Dá para fazer com que desapareça através de ordens do ministro Moraes? [alguns constataram que enquanto a polícia tenta desmontar um bloqueio, consegue após algum tempo;
só que minutos depois um outro bloqueio é montado alguns quilômetros antes ou depois do recém desmontado - fácil perceber  que os policiais não tem a mobilidade que permita se antecipar à montagem de outros bloqueios..]

Você pode tirar os caminhões das estradas; a PM não gosta de fazer isso, porque acha que deveria estar agindo contra criminosos, e não contra trabalhadores essenciais para o funcionamento do país, mas faz. [sem esquecer que o eleito não considera policial "gente" e que os petistas pretendem acabar com a polícia militar - via desmilitarização.] Mais difícil é tirar a nova direita do Brasil. Vão por onde? Campos de “reeducação”? 

 Há muito mais que caminhoneiro, aí; para começar, há uma parte considerável dos 58 milhões que votaram em Bolsonaro. Lula, [o eleito],  fez discursos dizendo que quer governar para “todos os brasileiros”, e não apenas para os que votaram ele; falta combinar com as vastas nações petistas petistas que hoje operam na extrema esquerda, com Alexandre de Moraes e com o STF. Ninguém, aí, quer que Lula governe “para todos”; querem que os eleitores de Bolsonaro sejam destruídos, junto com os caminhoneiros e quem mais estiver criando problema. 

O mandamento principal da sua Bíblia; “Não podemos, de jeito nenhum, admitir a possibilidade de que eles voltem um dia para o governo.” Se não admitem a alternância de poder, qual o destino que reservam para os brasileiros que não concordam com eles?

Fazer bloqueios de tráfego com caminhões impede todos os demais cidadãos, que não são caminhoneiros, de usarem estradas que são comuns; é uma violação do direito e ir e vir. Os caminhoneiros têm o direito de se manifestar e reivindicar como qualquer cidadão brasileiro, mas não podem tirar os carros e ônibus das estradas. Podem, por exemplo, fazer greves, deixando os caminhões nas garagens; seria interessante, aliás, saber o que os ministros do STF iriam fazer para resolver isso. No movimento atual, de qualquer forma, tem contra si a lei e a razão. Tudo bem: mas porque a esquerda, a mídia e as classes que aparecem na mídia dizem sistematicamente, sem variar as palavras, que estão praticando “atos antidemocráticos”, ou “ilegais”, que exigem punição, e não acham “atos antidemocráticos, nem “ilegais”, as invasões de terra pelo MST? [aliás, o eleito já estava ameaçando usar os bandidos do MST e MTST para acabar com as manifestações; o sujeito petista ainda está como eleito, segundo degrau do cronograma do falecido  Carlos Lacerda, e já quer colocar uma organização criminosa nas ruas para combater manifestantes desarmados.] Também não pode, pela lei. Mas aí é preciso “dialogar”como o ministro Barroso acaba de decidir, ao exigir que todos os processos de reintegração de posse, inclusive os já encaminhados, têm agora de passar pelo exame prévio de “comissões”, com a participação de “todas as artes”, antes de seguir para juiz

É perseguição direta e imediata ao produtor rural, a ser destruído porque votou em Bolsonaro e irritou o ministro Barroso. É este o “governo para todos os brasileiros”?

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

 

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Após vitória de Lula, caminhoneiros fecham vias e pedem intervenção militar

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) convocam eleitores para protestos, fecham BRs e afirmam que só vão "liberar" quando Forças Armadas "tomarem conta"

Após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições, neste domingo (30/10), caminhoneiros apoiadores do presidente fecharam trechos de estradas no Mato Grosso. Outras lideranças da categoria se organizam para bloquear BRs em Minas Gerais, Bahia, Goiás e no Sul do país. [em nossa opinião as Forças Armadas, cujo comandante supremo é o presidente da República, JAIR BOLSONARO, devem permanecer aquarteladas, da mesma forma as Polícias Militares, que o petismo quer extinguir.
Forças federais só devem ser acionadas mediante requisição dos chefes de Poderes, ao presidente da República, na forma do artigo 142 da CF.  E,  em conformidade com a LC nº 97, de 9 de junho de 1999,  especialmente o artigo 15.
Ainda ontem a PRF tentou trabalhar no controle de trânsito e seus policiais quase são presos - conforme instruções da presidente do perda total.
MANTER A PAZ E PRESERVAR VIDAS É O QUE IMPORTA.]

Os apoiadores do presidente derrotado nas urnas alegam não aceitar a vitória do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito com 50,90% dos votos válidos, e pedem por uma intervenção militar. “72 horas para o exército tomar conta [...] Não tem político nenhum que vai chegar perto de nós e só saímos da rua quando o Exército intervir. É o nosso futuro que está em jogo”, afirmou um dos integrantes do movimento em vídeo publicado na internet.

Alguns caminhoneiros estão usando os próprios caminhões para bloquear as vias, outros estão queimando pneus. Os protestos são acompanhados do hino nacional, como trilha sonora, e manifestantes vestidos com a camisa do Brasil e a bandeira do país amarrada ao corpo. Eles também reivindicam o artigo 142 da Constituição Federal, que estabelece que as Forças Armadas "destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem". 

De acordo com os caminhoneiros, eles “só voltarão para casa quando o exército tomar o Brasil”. Alguns integrantes da categoria estão usando as redes sociais para convocar eleitores de Bolsonaro para os protestos e, segundo alguns manifestantes no Twitter, representantes do agronegócio também estão aderindo à paralisação. “Ou lutamos agora ou perderemos o Brasil para o resto da vida”, disse um bolsonarista em vídeo.

Parabéns aos caminhoneiros e o verdadeiros brasileiros ainda dá tempo de salvar o Brasil desobediência cível já..142

Correio Braziliense - MATÉRIA COMPLETA


segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Decisões do TSE - Justiça está proibindo que o presidente da República esteja na campanha - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo - Vozes 

Foi autorizado no sábado (24) o terceiro lote do auxílio a caminhoneiros e taxistas. 
São 360 mil caminhoneiros autônomos e quase 300 mil taxistas
Já foram subsidiados com R$ 877 milhões, por causa do preço do combustível, que, aliás, está baixando.



TSE 7 de setembro

Ministro do TSE Benedito Gonçalves, responsável por algumas das decisões contra a campanha de Jair Bolsonaro.| Foto: Divulgação/STJ

Outro número que eu queria que vocês pensassem a respeito: as pessoas me abordaram perguntando se eu acreditava em pesquisa. Eu disse: depende. Quanto é 1% do total dos eleitores brasileiros? Um milhão e 560 mil. Aí eu pergunto: você acreditaria que entrevistando 1% isso garante que representa o todo, 100% dos eleitores? Claro que não.

Só que as pesquisas não entrevistam nem 1%, entrevistam 0,00 qualquer coisa. As pesquisas estão entrevistando de 2 mil pessoas a 7 mil e poucas pessoas. Então, não tem representatividade.

Vocês podem dizer: a ciência das pesquisas escolhe as cidades certas, a idade das pessoas, a profissão, a escolaridade... mas veja: no Paraguai, onde são cerca de 7 milhões de eleitores, fica mais fácil fazer uma pesquisa com 7 mil pessoas, fica mais realista. Agora, com 156 milhões? Aí sinto muito, só se eu fosse muito ingênuo para aceitar.

Justiça impede campanha do presidente

Vejam só o que está acontecendo: a Justiça Eleitoral, especialmente pelo ministro Benedito Gonçalves, aquele que recebeu uns tapinhas na bochecha do ex-presidente Lula, está proibindo tudo da campanha do presidente Jair Bolsonaro.  
Proibiu mostrar as imagens de Londres, imagens de Nova York e agora proíbe qualquer imagem que seja feita no Palácio Alvorada, no Palácio do Planalto, ou alguma atividade do presidente.
 

 Ministro Benedito Gonçalves, do TSE, recebe do companheiro Lula um carinhoso tapinha no rosto. - Foto: Reprodução/ Twitter [inserção do Blog Prontidão Total.] 
 
Um amigo me disse o seguinte: a Justiça Eleitoral está proibindo que o presidente da República esteja na campanha de Jair Bolsonaro.  
Eu acrescentei: a despeito de a lei permitir.  
Ora, se a lei permite que o governador dispute a eleição e não saia do governo, o presidente da República também é candidato ao mesmo tempo.  
Não tem como separar, só que agora está se separando. 
Mas se não pode, paciência, fazer o quê?

Delegados da PF protocolam no MPF notícia-crime contra Moraes por “abuso de autoridade”

Em referendo, Cuba aprova casamento gay e adoção por casais homossexuais

Barroso manda mais que vereadores e TJ

O ministro Luís Roberto Barroso manda mais que 25 vereadores de Curitiba, mais que o Tribunal de Justiça do Paraná. Aquele vereador que profanou um templo católico e foi julgado na Câmara de Vereadores - Renato Freitas -: a Comissão de Ética votou para tirar o mandato dele, por falta de decoro. Depois deu 25 a 5 no plenário
O vereador ainda recorreu ao Tribunal de Justiça, o tribunal confirmou a decisão da Câmara dizendo que não se mete, é interna corporis, questão interna do Poder Legislativo.
 
Aí ele recorreu ao Supremo, caiu na mão do ministro Barroso, o ministro sozinho, monocraticamente, disse que isso é liberdade de expressão para defender os negros. 
O nome disso é profanação, então, é mais um caso pra gente registrar a nossa vontade de cidadão de fazer com que a Constituição Brasileira seja respeitada. 
Porque aí se respeitam todos os direitos, nossos direitos que lá estão previstos.
 
Alexandre Garcia, colunista -  Gazeta do Povo - VOZES
 

quarta-feira, 6 de julho de 2022

Críticas só valem para ajuda financeira a caminhoneiros; R$ 7 bi para artistas é normal [DESPESA INÚTIL = DINHEIRO JOGADO FORA.] - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Para o primeiro não pode haver ajuda do Tesouro Nacional. Para o segundo pode. Não faz nexo nenhum [Sendo recorrente: Temos que investir em quem produz, faz alguma coisa que valha a pena ser apreciada; 
Um dos artistas a ser beneficiado com a grana é um que tem se destacado por produzir lixo atingindo os VALORES CRISTÃOS.
Satanás o espera e não vai ser com nenhum cramulhão que ele vai se entender quando o diabo levá-lo.]
 
 É uma reação mais do que esperada, porque é a mesma de sempre, a cada medida ou intenção que o governo anuncia ao público irada, indignada e automática. Mas, ainda assim, pareceu particularmente enfurecido o grito de “escândalo” que acompanhou o recente projeto de ajuda financeira aos caminhoneiros, proposto pelo governo para amenizar a pancada que a alta nos preços dos combustíveis tem sido para o setor. 
Como fazer uma coisa dessas num ano eleitoral? 
Isso é compra de votos. É antidemocrático. 
Pode influir no resultado da eleição. 
A chapa do presidente da República na eleição de outubro tem de ser cassada – e por aí vamos. 
Pior ainda: numa súbita e inesperada empolgação com a austeridade nos gastos públicos, acusou-se o governo de aumentar a despesa do Erário e arruinar com isso as contas nacionais.

É complicado dizer que o ajutório aos artistas sai “mais barato”, por que R$ 7 bilhões é dinheiro e se estão todos tão preocupados assim com os princípios gerais de rigor na gestão do gasto público, não dá para dizer em que número, exatamente, começa a irresponsabilidade
Seria certo, então, estourar as contas até uma certa cifra? 
Qual? Estouro em favor da “cultura” é permitido? 
Estouro em favor do transporte de mercadorias é proibido? 
É essa a qualidade do debate econômico e político no Brasil de hoje. O ex-presidente Lula, candidato que já está nomeando seus ministros, diz que vai acabar com o teto dos gastos públicos – é, aliás, uma das suas promessas de campanha mais furiosas. É algo considerado perfeitamente normal.
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

PAVLOV E A PANDEMIA - Dagoberto Lima Godoy

O que está acontecendo conosco, os habitantes da Mãe-Terra?

Pessoas aturdidas pelos vaivéns dos protocolos impostos pelas autoridades, as oscilantes orientações da Organização Mundial da Saúde e as opiniões contraditórias nas redes sociais, tudo amplificado pela mídia eufórica: usa e não usa (máscaras), fica e não fica (em casa), fecha e abre (o comércio); faz e não faz (tratamento precoce); proíbe e não proíbe (festas, espetáculos, formaturas) ... 
Quando parecia que a coisa estava melhorando, veio a nova polêmica da exigência do “passaporte de vacinação”, levando a protestos de multidões e até greves de caminhoneiros.

Com tamanha confusão somada ao ambiente de terror realimentado constantemente pelos meios de comunicação e pela politização da pandemia, além de suspeitas de interesses ocultos por trás da desgraça toda, não é de estranhar o importante aumento registrado nos distúrbios de comportamento e neuroses, em geral. E isso já seria outro motivo para a preocupação de todo mundo.

Mas, e se não fosse só isso? E se houvesse mais que uma pandemia como tantas outras que ocorreram na história da humanidade? Fique calmo e acompanhe meu raciocínio.

Você de certo sabe bem da técnica de “lavagem cerebral” utilizada para obter confissões e até conversões dos inimigos de ditaduras ou, segundo alguns, por certas seitas religiosas ou místicas para obter conversões e curas milagrosas. Pois bem, o mesmo famoso Ivan Pavlov que descobriu os reflexos condicionados utilizados na “lavagem”, desvendou também os efeitos da “estimulação incoerente”: a mudança de comportamento não se deveria ao conteúdo político ou religioso da doutrinação, mas sim ao efeito acumulado de estimulações contraditórias, aplicadas com   fluxo cuidadosamente planejado.

Depois de Pavlov, outros pesquisadores foram adiante até concluírem que, para reduzir um homem a uma obediência canina, não seriam necessários discursos gritados (como os de Hitler ou Mussolini) ou quilométricos (como os de Fidel), nem de torturas físicas ou mentais. Bastaria regular o fluxo de informações contraditórias para levar o sujeito à mutação súbita de suas convicções, especialmente se as informações fossem ministradas de forma silenciosa e discreta, de preferência, subliminarmente -- a vítima nem perceberia. E, ainda mais, os resultados seriam mais rápidos se a técnica fosse aplicada coletivamente, em situações em que as pessoas sentissem cortadas as suas raízes sociais e afetivas!

Então, já percebeu a relação (que estou sugerindo) com o que está acontecendo, no mundo todo, desde o surgimento da Covid-19?

O autor é engenheiro civil, mestre em Direito, empresário e escritor.


terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

É chegada a hora de despertar - Ana Paula Henkel

Protesto de caminhoneiros no Canadá contra a obrigatoriedade de vacinação | Foto: Darryl Barton
Protesto de caminhoneiros no Canadá contra a obrigatoriedade de vacinação -  Foto: Darryl Barton 

O evento ficou mundialmente famoso devido ao filme Groundhog Day, de 1993, lançado no Brasil com o nome de Feitiço do Tempo. O roteiro apresenta o meteorologista Phil Connors, interpretado por Bill Murray, que reluta em viajar para Punxsutawney, na Pensilvânia, para cobrir as celebrações do Dia da Marmota da pequena cidade, por considerar a cobertura do tradicional evento uma perda de tempo. Já hospedado em um hotel local, ele acorda no dia seguinte e se vê preso em um looping temporal, sendo forçado a viver o feriado repetidamente. Todas as manhãs, em sua cama no Cherry Tree Inn, ele desperta com a música I Got You, Babe, de Sonny e Cher, tocando no rádio-relógio:

“They say we’re young and we don’t know / We won’t find out until we grow / Well I don’t know if all that’s true / ‘Cause you got me, and baby, I got you…”

“Dizem que somos jovens e não sabemos / Não vamos descobrir até crescermos / Bem, eu não sei se tudo isso é verdade / Porque você me tem, e baby, eu tenho você…”

Mas o filme de 1993, considerado uma das maiores comédias de todos os tempos, dirigido por Harold Ramis e produzido por Ramis e Trevor Albert, pode, no entanto, ser em alguns aspectos um ensaio sobre uma perspectiva mais atual que nunca. Em um bar local, Connor desabafa com um homem: “Eu acordo todos os dias, bem aqui em Punxsutawney, e é sempre 2 de fevereiro. E não há nada que eu possa fazer sobre isso. O que você faria se estivesse preso em um lugar, e todos os dias fossem exatamente iguais, e nada do que você fizesse importasse?”

Os dias continuam a se repetir e, sem esperança, Connors decide se comportar da pior maneira possível, já que “nada muda”. E este é o dispositivo quase escondido no filme, que acaba se tornando atemporal, como um perfeito atalho para os dias atuais, no melhor sentido de “a mesma coisa de sempre em um dia diferente”. Connors passa um número desconhecido de dias repetindo exatamente o mesmo dia várias vezes. Todas as outras pessoas vivenciam aquele dia pela “primeira” vez, enquanto Connors tem de encarar sua rotina como Sísifo, personagem da mitologia grega condenado a empurrar eternamente uma enorme pedra morro acima que, ao atingir o seu topo, cai novamente, fazendo esse processo ser repetido por toda a eternidade.

Há exatos dois anos, escrevemos sobre liberdade, sobre autonomia, sobre direitos, sobre a verdade, sobre uma pandemia que devorou o intelecto humano

O que poderia ser apenas um filme de comédia, muitas vezes tachado de tolo, na verdade mostra algumas pistas de um possível mistério central que nos aproxima de um arco moralmente mais denso e poderoso para o personagem principal. 
Quando Connors percebe que não é louco e que pode, na verdade, viver para sempre sem consequências (se não há amanhã, como ser punido?), ele se entrega ao seu “eu adolescente”. Fuma dezenas de cigarros sem medo de julgamentos ou doenças, dirige embriagado, usa um leque de mentiras para levar muitas mulheres para a cama, rouba dinheiro e se perverte de uma maneira descontrolada. Depois de mais uma noite de orgias e bebedeira, ele declara: “Não vou mais jogar pelas regras deles!”.

Algum tempo depois de abusar de uma liberdade que acreditava ter, Connors é tomado por um vazio inexplicável e se torna suicida, percebendo que toda a gratificação material e sexual do mundo não se sustenta espiritualmente. De qualquer forma, ele culpa a marmota e, em um pacto de assassinato-suicídio, mata o roedor. Mas nem isso faz com que Connors acorde de seu pesadelo. Depois de inúmeras tentativas de tirar sua própria vida, ele continua acordando no dia seguinte, sem ser o dia seguinte. No fim, exausto e sem expectativas de sair daquela maldição, resolve dar uma guinada. Começa a tocar piano, ler poesia, decide ajudar os moradores locais em assuntos grandes e pequenos, incluindo pegar um menino que cai de uma árvore todos os dias, mas que nunca lhe agradece, apaixona-se pela pessoa que jamais imaginaria se apaixonar; e começa a prestar atenção no amor em várias camadas e vertentes.

Ele, então, descobre que há algumas coisas que não pode mudar, mesmo repetindo-as todos os dias. E, em sua dedicação pelo seu presente, finalmente acorda em 3 de fevereiro, destravando o ciclo interminável do Dia da Marmota. A maldição é suspensa quando Phil Connors agradece pelo dia em que acabou de viver, deixando o melhor que podia no presente, mesmo sabendo que teria de repetir tudo mais uma vez no dia seguinte. Connors lentamente percebe que o que faz a vida valer a pena não é o que você obtém dela, mas o que você coloca nela.

Uma das ideias centrais de Friedrich Nietzsche, filósofo alemão cuja obra exerceu uma influência profunda na história intelectual moderna, é imaginar a vida como uma repetição sem fim dos mesmos eventos que repetimos. 
Como isso moldaria suas ações? 
O que você escolheria para viver por toda a eternidade? 
Mas esse existencialismo não explica o apelo mais amplo de um filme aparentemente bobo que conversa com nossa atual realidade e sociedade. É na ressonância religiosa, que tanto tentam expurgar de nossa vida cotidiana (vide as eternas ordens de lockdowns para igrejas e templos, a tentativa da diminuição da importância da fé), que o filme chamou minha atenção na última vez a que o assisti. Connors vai para sua própria versão do inferno, do qual ele é libertado ao abandonar seu egoísmo e se comprometer com atos de amor da vida real de quem está à sua volta.

Peças inesperadas no tabuleiro
Desde 2020, quando sento semanalmente para pensar no assunto que abordarei em meu artigo semanal, às vezes tenho a sensação de que estamos vivendo no filme de 1993, no Dia da Marmota
O que você faria se estivesse preso em um lugar, e todos os dias fossem exatamente iguais? 
Há exatos dois anos, escrevemos sobre liberdade, sobre autonomia, sobre direitos, sobre a verdade, sobre uma pandemia que devorou o intelecto humano e sobre personagens que continuam desafiando as novas leis do silêncio impostas ao mundo. Martin Kulldorff, Jonathan Isaac, Robert Malone, Joe Rogan, Eric Clapton, Novak Djokovic, Aaron Rodgers, Nicki Minaj, quantos nomes temos trazido para demonstrar a bravura de homens e mulheres que continuam, com declarações firmes, expondo os covardes. 
Nomes que decidiram não aceitar mais as guilhotinas virtuais e a imposição de que todos nós temos de sentar no sofá quente dos lobbies. Mas, mesmo depois de tantos excepcionais exemplos, o que mudou? Estamos vivendo um eterno Dia da Marmota? Aonde vamos chegar? Estamos, realmente, fazendo tudo o que podemos fazer para estancar essa insanidade? 
O que você fez, aí mesmo, perto de você, para quebrar esse ciclo medonho?

Em toda revolução importante, e acredito que estamos dentro de uma, peças inesperadas podem surgir. A última movimentação nesse tabuleiro, crucial para a sobrevivência da liberdade como a conhecemos no mundo, foi brilhantemente feita pelos canadenses, mais especificamente os caminhoneiros canadenses. O que começou como um protesto local, ignorado pela mídia, agora se transformou em uma manifestação mundial contra o fascismo da covid. Após as medidas do governo canadense de impor vacinas para caminhoneiros que cruzam a fronteira EUA–Canadá, os motoristas lançaram um movimento de protesto apelidado de “Freedom Convoy”, que começou na Província da Colúmbia Britânica, no início da semana passada, e chegou à capital canadense, Ottawa, na última sexta-feira.

(...)

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, saiu às pressas da capital para um destino não informado e disse essa semana que os manifestantes que estavam em Ottawa eram uma “pequena minoria de marginais” que mantêm “visões inaceitáveis que não representam as opiniões dos canadenses que pensam nos outros”. Tamara Lich, uma das principais organizadoras do grupo Freedom Convoy 2022, disse, em um vídeo postado na conta do Facebook do grupo — perfil que foi derrubado pela plataforma: “Este é um evento familiar, seremos pacíficos e não instigaremos nada. Estamos todos preparados para ficar aqui o tempo que for preciso. Estamos juntos para recuperar nossas liberdades”.

(...) 

Na Holanda, motoristas realizaram seu próprio protesto de comboio, “tudo e todos sobre rodas” são bem-vindos. Aqui nos EUA, caminhoneiros planejam o início de um grande comboio, que deverá sair da Califórnia nas próximas semanas e atravessar o país até a capital, Washington, DC, para protestar contra a tirania do inútil passaporte vacinal, que não bloqueia a transmissão do vírus.
Achatar a curva, lockdown, vacina, tranca tudo e não questiona nada, transmissões em alta, nova cepa, passaporte vacinal, agora vamos achatar a curva, lockdown, vacina, tranca tudo e não questiona nada, transmissões em alta, passaporte vacinal…  
E o rádio-relógio continua tocando a mesma música. E a vida segue imitando a arte. E se o amanhã que deixaremos para os nossos filhos for o mesmo de hoje? 
Um conto draconiano que sufoca qualquer palavra contra os tiranos? 
Uma repetição sem inspiração, sem propósito e sem esperança?
 
(...)

Não dá mais para procrastinarmos o encontro com a realidade, que vai requerer um esforço de todos nós. Cada dia que vivemos não é tão diferente do anterior. No entanto, as mudanças existem e estão nos detalhes que precisam da nossa coragem para ser exaltados e para seguir seu caminho da transformação. Às vezes, só estamos entediados e repetindo nossos maus hábitos porque estamos no piloto automático, dentro no nosso próprio feitiço do tempo. E nos acomodamos, ouvindo a música de Sonny e Cher, esperando que o feitiço se quebre sozinho… “Dizem que somos jovens e não sabemos / Não vamos descobrir até crescermos…”.

Nessa tragicomédia que estamos vivendo, o que fazemos, de fato, como os caminhoneiros canadenses, para quebrar o feitiço que tentam nos impor nos últimos dois anos? 
Os tempos são assustadores, mas a inspiração está por toda parte. Não interessa mais se tudo não passa de um sonho ruim ou um pesadelo. É chegada a hora de despertar.

Leia também “É assim que as coisas mudam”

MATÉRIA COMPLETA - Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


domingo, 30 de janeiro de 2022

Canadá: caminhoneiros reagem ao totalitarismo sanitário - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

O Canadá tem aquela imagem de país pacato com população ordeira e tranquila, mas para tudo há um limite. Um comboio de caminhoneiros e seus apoiadores deve convergir para a capital canadense em um protesto que se transformou de frustrações sobre os mandatos de vacinas em pedidos pela revogação de todas as medidas de saúde pública – e até mesmo pela derrubada do governo federal.

Antes do protesto de sábado em Ottawa, o primeiro-ministro canadense e símbolo do "homem moderno", Justin Trudeau, descartou o grupo como uma “pequena franja” que mantinha “visões inaceitáveis” e não refletia a maioria dos canadenses. O comboio, que deixou Vancouver no início desta semana, tem mais de 275.000 apoiadores no Facebook, quase 40.000 apoiadores no aplicativo de mensagens Telegram e arrecadou C$ 5,5 milhões de 70.000 doações no GoFundMe.

Um dos principais grupos por trás do protesto é o Canada Unity, que se opôs ao que diz serem regras “inconstitucionais” da Covid. O grupo publicou recentemente um “memorando de entendimento” em seu site, dizendo que os membros planejam apresentá-lo aos políticos no Parlamento. O grupo afirma que o líder do Senado e o governador-geral assinarão o documento para criar um comitê de governo, que, segundo eles, trabalharia para revogar o mandato da vacina.

Para uma "franja minoritária" até que o protesto parece bem grandinho. "Tem 70 km de comprimento", disse Benjamin Dichter, porta-voz do Freedom Convoy 2022, ao Toronto Sun. "Vi imagens de um avião. É impressionante". A Canadian Trucking Alliance estima que cerca de 15% dos caminhoneiros do país não estão totalmente vacinados, ou cerca de 16.000 caminhoneiros. “O maior desfile de caminhões consistiu em 480 caminhões e foi realizado pelo Tahya Misr Fund no Cairo, Egito, em 20 de novembro de 2020”, afirma o Guinness Book em seu site. "Com uma extensão de 7,5 km, o Tahya Misr Fund conseguiu organizar um desfile de 480 caminhões, em meio ao clima rigoroso e chuva forte, quebrando o título do Guinness World Records para o maior desfile de caminhões, conquistado há 16 anos no Holanda com 416 caminhões."

O comboio dos caminhoneiros canadenses pode ser 10 vezes maior que o recorde se permanecer intacto na viagem à capital. As estimativas dizem que 50.000 caminhões podem participar, informou o Toronto Sun. Uma "franja", sim! O Canadá acordou, é disso que se trata. Guilherme Fiuza comentou"50 km de caminhões em comboio no Canadá mostrando aos nazistoides que eles estão brincando com fogo. O passaporte da vergonha já caiu na Inglaterra e em outros países onde multidões mostraram que não serão escravizadas por burocratas frouxos. Você não viu nada disso na imprensa VENDIDA".

Cristina Graeml comentou em cima da postagem de Fiuza, com base nos relatos de uma brasileira que mora no Canadá: O Canadá importa muito dos EUA, muito da nossa comida vem de lá tb. Como somos vizinhos, vem tudo de caminhão. No início de jan, o 1º ministro do Canadá implementou q os caminhoneiros canadenses teriam q ter o passaporte sanitário para entrar e sair do país pela fronteira dos EUA. Bom, não foi muito bem aceito. 18 mil caminhoneiros foram demitidos, pois não querem se vacinar. Então, esses caminhoneiros se juntaram para fazer uma passeata saindo de uma ponta do país (Britain’s Columbia) até a capital, Ottawa, onde o primeiro ministro fica. Muita gente começou a apoiar os caminhoneiros, fazendo doações em dinheiro p comida e gasolina até lá (uma viagem de 6 dias). Uma coisa foi levando à outra, em efeito manada, até que, de repente, os caminhoneiros resolveram que não vão mais brigar por eles mas sim por todos! Eles decidiram que vão dirigir em passeata até o primeiro ministro e não vão arredar o pé de lá até que o primeiro ministro derrube o passaporte sanitário, as máscaras, todas as restrições, tudo!! 

Eles disseram: até que a gente restabeleça a nossa liberdade não vamos sair daqui. Mas o melhor vocês vão saber agora. O movimento cresceu tanto que eles saíram de uma ponta do país na segunda-feira, a cada cidade que eles possam, mais caminhoneiros e carros de pessoas comuns, família, juntam. As pessoas estão todas a favor deles. Os restaurantes estão dando comida de graça p as pessoas da passeata. Os hotéis, deixando dormir de graça. Postos abastecendo de graça. O país inteiro se juntou e acumulou 5 MILÕES DE DÓLARES p a passeata (comida, gasolina etc). São agora 100 mil caminhoneiros canadenses. E ontem à noite 13 mil caminhoneiros americanos entraram no país p participar. Não tem quase NINGUÉM contra! O país acordou por completo! Sábado de manhã eles vão chegar à capital e vão trancar as redondezas do “planalto” até que a liberdade seja reestabelecida no país.

Talvez o canadense mais famoso no mundo hoje, ao menos do ponto de vista intelectual, Jordan Peterson tem dado apoio aos patriotas que lutam por liberdade, e pediu calma aos protestantes, alertando para que não caiam na tentação do ressentimento e da raiva, para que a coisa não saia do controle: Os totalitários querem avançar com sua "limpeza", tratando os não vacinados como párias, mas o fascismo não vai vingar sem reação, sem luta. O Ocidente é uma civilização com apreço pelas liberdades individuais, e o mínimo que se espera é o esforço para preservá-las. Todo apoio aos caminhoneiros canadenses!

Rodrigo Constantino, colunista -  Gazeta do Povo


segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Caminhoneiros se mobilizam e tornam governo refém - Valor Econômico

Desde maio de 2018, quando conseguiram desorganizar o setor produtivo com uma greve inesperada, os caminhoneiros descobriram a capacidade de transformar autoridades em reféns de suas mobilizações. Apenas no governo Jair Bolsonaro houve mais de 15 tentativas de paralisação. A última, na esteira dos protestos do dia 7 de setembro, foi a pior delas: tinha respaldo de segmentos do agro e características de locaute, buscando aproveitar o poder de desorganização econômica com finalidade política.
 
[Inaceitável que o Brasil seja refém de qualquer categoria profissional ou mesmo de qualquer coisa.
O governo Bolsonaro comete erros - qualquer governo os comete; de tal fatalidade estão isentos o 'cidadania',  o 'pcdoB' e outros que não são e jamais serão governo - no máximo, alguns dos seus filiados podem vender seus votos ao governo do momento; 
Mas, NÃO PODE, NÃO DEVE cometer o erro gravíssimo, até fatal para os brasileiros, especialmente para a economia, de ser refém dos caminhoneiros. Temer vacilou e teve que enfrentar uma greve que desorganizou o setor produtivo e só não derrubou seu governo por estar no último ano.
Dois remédios se impõem para erradicar de vez com o suposto poder dos motoristas de veículos transportadores de cargas pararem o Brasil. O primeiro, de efeito imediato é não negociar com os caminhoneiros que ameacem greve. 
Ocorrendo a greve - não esqueçamos ocorreu uma  recentemente e o Brasil sobreviveu - cessar toda e qualquer negociação e adotar todos os meios necessários para desorganizar o movimento paredista, o que inclui, sem limitar, penalidades de caráter financeiro, iniciando pela aplicação de multas por estacionamento indevido aos veículos que a qualquer pretexto parem as margens de rodovia, remoção com uso da força de veículos que bloqueiem rodovias, praças de pedágio, etc.
IMPORTANTE: o governo Temer foi pródigo na aplicação de multas e mais ainda na anistia delas - irresponsável talvez defina melhor o ato de anistiar multas, aplicadas com estardalhaço e anistiadas na surdina.
Os caminhoneiros precisam ter gravado no bolso - local que torna mais dificil o esquecimento - todos os prejuízos que sofrerem em decorrência da greve.
As empresas que promoverem, ainda que de forma disfarçada, LOCKOUT,  proibido por lei (não confundir com o lockdown defendido pelos especialistas em covid-19 = especialistas em nada) devem ser punidas, inclusive com ações fiscais e outras.
Todos os meios legais devem ser utilizados para mostrar aos caminhoneiros e aos patrões que, eventualmente os apoiem, que uma greve pode repercutir de forma desfavorável para os grevistas por bem mais tempo do que a duração dos seus malefícios aos brasileiros que são apenas vítimas do movimento paredista.
O segundo remédio, de aplicação e efeitos mais demorados é considerar PRIORIDADE MÁXIMA a implantação de uma rede ferroviária = o transporte ferroviário só apresenta vantagens quando comparado com o rodoviário.]

Na quinta-feira, durante uma solenidade em Sertânia (PE) que mais pareceu comício de campanha antecipada, como só acontecer nos últimos meses, Bolsonaro novamente despejou voluntarismo ao prometer, sem apontar nenhuma fonte de recursos, ajuda financeira para 750 mil caminhoneiros autônomos a fim de compensar os seguidos aumentos do óleo diesel. Soube-se logo que o presidente estava falando de um auxílio, no valor de R$ 400 e com duração até dezembro de 2022, com o objetivo de atenuar a pressão da categoria. [ajuda financeira, 'bolsa esmola', sob qualquer nome,  nem pensar; procurar sim, aplicar multas aos grevistas, no mínimo, por estacionamento em local proibido de forma diária = aplicar e cobrar. Os motoristas tem fôlego para alguns dias, sob fogo cerrado (de penalidades de ordem financeira) tal fôlego se reduz.
Não pode ser aceito é o sistema 'punitivo' usado pela Justiça do Trabalho, especialmente no DF = estabelece prazo para rodoviários do transporte coletivo urbano voltarem ao trabalho, sob pena de multa. A decisão da Justiça é ignorada - os rodoviários só voltam quando querem - e a multa não é cobrada. ]

O custo fiscal é estimado em quase R$ 4 bilhões. Em agosto, Bolsonaro já havia dito - e por sorte não voltou mais ao assunto - que zeraria a cobrança de PIS/Cofins sobre o diesel. Há relatos de que ministros próximos desaprovam essas medidas, mas reconhecem a sensibilidade política e veem uma eventual mudança na fórmula de preços da Petrobras como alternativa ainda pior de trégua.

Soluções como a buscada agora pelo governo ou pela Câmara, que aprovou projeto modificando o cálculo para a tributação dos combustíveis, têm ganhado caráter cada vez mais eleitoreiros. No caso da proposta que foi votada pelos deputados, dependendo agora de aval do Senado, o ICMS passa a ser aplicado em cada Estado com base no preço médio dos combustíveis nos dois anos anteriores. Isso poderia gerar alívio para o consumidor final em 2022, mas provável aumento em 2023 - sem falar na possibilidade de desrespeito ao pacto federativo e de iminente judicialização.

Nada está tão ruim que não possa piorar. O dólar beira R$ 6 e a cotação do petróleo se firma acima de US$ 80 por barril. Diante do ambiente de briga de colégio que se instala nas eleições brasileiras e da crise energética internacional, podem-se antever novas rodadas de aumento de reajustes pela frente. Nesse contexto, a política de preços merece reflexão mais prolongada. A discussão deve ser feita com muita responsabilidade e transparência, desvinculada de interesses políticos. A dificuldade, face à perda de credibilidade de Bolsonaro e sua equipe, será encontrar quem possa conduzir esse diálogo livre da percepção de mero cálculo eleitoral.

Enquanto isso, transportadores autônomos ameaçam com nova greve a partir do dia 1º de novembro e motoristas de caminhões-tanque ensaiaram uma paralisação no fim da semana passada. A pauta de reivindicações abrange a constitucionalidade da lei que estabelece o piso mínimo de frete, a aprovação de novo marco legal do transporte rodoviário de cargas, retorno da aposentadoria especial aos 25 anos de contribuição previdenciária, criação de pontos de parada e descanso.

Como se observa, pedidos completamente razoáveis - motoristas profissionais precisam de espaço com boa infraestrutura nas estradas para descansar e se alimentar sem riscos à sua segurança - misturam-se com um apelo por privilégios. Nessa categoria enquadram-se propostas em tramitação no Congresso de perdão a multas ativas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), no que é conhecido como “Refis dos Caminhoneiros”. Essa anistia foi incorporada na minuta de medida provisória que trata do “Renovar”, programa de incentivo à renovação da frota em estudo no governo.

A desenvoltura com que os caminhoneiros aprenderam a bloquear rodovias precisa de resposta do Estado, sem tibieza. A categoria deveria organizar-se para cobrar dos embarcadores de mercadorias um valor justo pelo frete, que necessariamente refletirá o preço dos combustíveis. Por sua vez, caberia ao governo e ao Parlamento amadurecer as discussões sobre uma política de preços. Fundos de estabilização, com dinheiro dos leilões de petróleo ou com um imposto sobre a exportação de óleo bruto, também estão em pauta.

Opinião - Valor Econômico

 


terça-feira, 14 de setembro de 2021

Para analista, contradições na convocação e carta de Bolsonaro com aceno ao STF esfriaram manifestações contra o governo

Entrevista: 'Protestos vazios cobram preço político', diz cientista político Carlos Melo

As imagens da Avenida Paulista com uma presença modesta de manifestantes contra Jair Bolsonaro rodaram as redes, utilizadas à esquerda e à direita como mostra do insucesso do protesto. Para o cientista político Carlos Melo, do Insper, os organizadores cometeram um erro ao realizar um ato com baixa adesão — e isso pode cobrar um preço. Mas isso, diz ele, não representa o potencial eleitoral dos grupos políticos. Melo diz que o esvaziamento do protesto começou em contradições na própria convocação e que a carta elaborada por Michel Temer, publicada via Palácio do Planalto, arrefeceu o sentimento de que seria preciso uma resposta rápida a um iminente golpe por parte de Bolsonaro. Para o cientista político, a centro-direita precisa se "fulanizar" em torno de um nome antes de buscar uma união com a esquerda: "enquanto a chamada terceira via não tiver um rosto, a dispersão é natural". [ No Brasil, NÃO EXISTE OPOSIÇÃO ao presidente Bolsonaro. O grupelho que diz ser oposição,  não passa de um aglomerado de imbecis que além de não terem condições de ser oposição, também não querem  - o que os integrantes de tal amontoado desejam é que o 'capitão' os veja, instale os dedos para alguns e eles caiam de 'quatro', se se alinhas às hostes bolsonaristas.
São tão sem noção, sem rumo, sem ideias, que até para caírem aos pés do presidente Bolsonaro, vão brigar entre si.
Todos sabem que em 2022, SEM PANDEMIA, com a ECONOMIA SE RECUPERANDO, DESEMPREGO e INFLAÇÃO EM QUEDA, NÃO TEM PARA NINGUÉM = BOLSONARO VAI FAZER BARBA, CABELO, BIGODE...]

A reprovação ao governo federal é aproximadamente o dobro da aprovação, de acordo com as últimas pesquisas. [pesquisa de âmbito nacional, por telefone, entrevistando 1.000 pessoas.] Mas o ato do domingo, convocado por MBL, Vem Pra Rua e Livres contra Bolsonaro, não conseguiu encher mais de duas quadras da Avenida Paulista. Por que essa dificuldade?
Me parece ter um problema com a convocação do ato, que desde o princípio foi convocado para ser "nem Lula nem Bolsonaro". Depois de quarta-feira (pós 7 de Setembro), ele muda sua natureza, então já tem um problema aí. Estamos falando de apenas quatro dias (até o domingo da manifestação). Além disso, existiram vetos cruzados em todo esse antibolsonarismo.  Por fim, houve acordos que não foram cumpridos. O sujeito de esquerda que se prepara para sair de casa (e ir ao ato) e vê aquele pixuleco enorme (boneco inflável de Bolsonaro equiparado a Lula), ele não vai mais. Esse foi um ponto de divergência entre os organizadores.

O protagonismo do MBL, que tem histórico de ataques à esquerda e engajamento no impeachment de Dilma, também interferiu na baixa adesão?
Ressentimentos políticos existem e são marcantes, mas eles fazem parte. A superação desses ressentimentos se dá ao longo do tempo e precisa ser operado politicamente. Não é do dia 7 para o dia 12 que esse negócio vai ser feito. Esse processo foi atropelado pelo que decorreu do discurso do Bolsonaro (no 7 de Setembro).

Qual é a influência do recuo do presidente, expresso em carta, nessa desarticulação?
Em se tratando do Bolsonaro, recuos são sempre muito precários e duvidosos. Mas a carta tira o sentido de emergência e de temor de um "golpe já", esfria aquele calor, aquele ambiente do dia 8, em que havia caminhoneiros nas ruas. Para muita gente, ela veio como uma espécie de alívio. Dizer que a carta é um fator preponderante (para o esvaziamento do protesto) talvez seja um exagero.

Bolsonaristas debocharam do ato de domingo. Vale a pena botar carro de som na rua para encher duas quadras na Paulista?
Não vale a pena. É um erro que tem consequências. Cobra um preço político. O que que as pessoas razoáveis fazem diante dos erros? Avaliam e tentam corrigir. Claro que os adversários vão tirar sarro dos seus erros. Encontrar a justa medida, o timing certo para sair às ruas, é uma arte. Agora eles deveriam tentar fazer um balanço sincero, às vezes doloroso, dos erros que cometeram, e corrigir.  
 
Veja também:Após protestos, Bolsonaro diz que 'minoria' contra seu governo é 'digna de dó'
 
Política - O Globo -  ENTREVISTA COMPLETA
 
 

sábado, 11 de setembro de 2021

Falsa impressão - Carlos Alberto Sardenberg

À primeira vista, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, matou a charada. Conforme registramos aqui na semana passada, Paes acreditava que não ia acontecer nada no 7 de setembro. Muito barulho de um bando de irresponsáveis e ignorantes, e só. É verdade que não foi propriamente só barulho. Os caminhoneiros bolsonaristas interromperam estradas, provocaram algum desabastecimento, acharam que o golpe estava em curso, mas recuaram, entre perplexos e atônitos, depois da carta à nação escrita por Temer e assinada por Bolsonaro.

De todo modo, voltaram para casa. E os bolsonaristas se dividiram entre os que dizem “confiem no capitão” e os que se decepcionaram. [a maior parte destes já 'acordaram' e concluíram que a mídia militante não tendo condições de brigar com as imagens - que mostram a força do BOLSONARISMO no 7 de setembro  = tenta transformar uma jogada estratégica = recuo estratégico = em arrego. Ocorre que os bolsonaristas vacilantes descobriram, muitos ainda estão descobrindo,  que o capitão é quem dita o rumo da dança e voltarão a se alinhar, mais confiantes e seguros,  - alguns babacas que pensam estar mandando, logo perceberão que estão sendo manobrados como idiotas inúteis que são.] Afinal, na quinta-feira, o chefe deles arregou duas vezes. Primeiro, na reunião dos Brics, elogiou a China por seus esforços na confecção da vacina. Depois, divulgou a carta em que pede desculpas ao STF e, em particular, ao ministro Alexandre de Moraes – chamado de canalha apenas 48 horas antes.

O primeiro grupo acredita que Bolsonaro está fazendo uma grande jogada estratégica. O segundo ameaça desistir do bolsonarismo. Mas o fato é que nenhum deles tem capacidade de ação sem o comando de Bolsonaro e sem o uso da máquina governamental, travada por decisões do próprio Alexandre de Moraes. Acrescente-se ao quadro a manifestação de apoio à tolerância e harmonia entre poderes, feita por diversas lideranças políticas, econômicas e sociais – e pode parecer que tudo se acalmou. Bolsonaro amansado e as pautas políticas e econômicas retomadas.

Falsa impressão.

Na quinta-feira mesmo, na live, o presidente Bolsonaro já começou a voltar a ele mesmo. Atacou de novo as urnas eletrônicas e atacou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luis Roberto Barroso, como um cafajeste da mais baixa espécie. “As urnas são penetráveis, viu Barroso”, repetiu Bolsonaro, com uma expressão nervosa. [o presidente Bolsonaro abriu espaço para uma trégua que será excelente para o Brasil; não abriu mão do direito de criticar o que está errado. 
Afinal, Bolsonaro não tem pauta a cumprir. 
Tem PROGRAMA DE GOVERNO que devido a pandemia, as sabotagens e a própria estiagem, não teve condições de ser executado.
Só que os sabotadores do governo Bolsonaro se ferraram, terão que aguentar o capitão por mais quatro anos, a contar de 1º janeiro 2023.
A trégua foi firmada por cavalheiros e vai ser respeitada e expandida. As palavras e frases usadas serão críticas e, quando cabível,  elogiosas, mas de qualquer forma serão respeitosas.]

Falta pouco, muito pouco, para ele tentar de novo as manobras golpistas. Nesse ponto, pode-se dizer que o prefeito Eduardo Paes não está tão certo assim. Sim, não aconteceu nada, mas Bolsonaro tentou o golpe – e isso é a única coisa que ele tem para fazer. Sem governar, sem ter a menor noção das dificuldades econômicas que se agravam a cada dia, ele não tem outra pauta senão atacar o STF e o TSE.

É de uma estupidez monumental. Então fechar as cortes superiores vai derrubar o preço da gasolina ou fazer chover sobre os reservatórios das hidrelétricas? Na verdade, não existe um Bolsonaro não golpista. Não dando certo o golpe, tudo que lhe resta é tentar emparedar as instituições, atrasar o andamento dos inquéritos contra ele, seus filhos e aliados e adiar o impeachment.

Assim, ele cai num impasse. Se radicalizar de novo, se voltar ao golpismo, acelera o impeachment e as ações que correm contra ele e sua turma. Se assumir o figurino Bolsonaro/Temer, perde sua base de raiz e se torna um marionete nas mãos do Centrão. Isso até abril do ano que vem, quando o Centrão, vendo o desgaste de Bolsonaro, desembarcará do governo para se acomodar com as forças dominantes para as eleições de outubro, Lula incluído.

Na política, portanto, ficamos assim: Bolsonaro se enfraquecendo, voltando para o grupinho radical e medíocre de onde nunca deveria ter saído; a terceira via a cada dia se torna a segunda via, sendo Lula a primeira.[INCRÍVEL: uma rápida consulta aos arquivos mostrará que o ladrão petista que hoje está na primeira via, chegou a ser colocado no esgoto - agora que o Supremo anulou as condenações, por detalhes técnico (o petista não foi inocentado) tentam elegê-lo. Nem candidato ele será - logo algum petista em um segundo de discernimento perceberá, e dará o alarme que a coisa, lula da Silva, atrapalha mais que ajuda.]

O movimento nos próximos meses será nessa direção: Lula tentando se consolidar na esquerda e tomar uns nacos do Centrão, enquanto o grupo que reúne conservadores e liberais busca um nome viável para enfrentar o petista. Na conta, o entendimento de que Bolsonaro derrete e se chegar às eleições, chega nanico.  Enquanto isso, a economia afunda: inflação muito elevada, derrubando a renda real das famílias; juros em alta, encarecendo crédito para consumo e investimento; desemprego persistentemente elevado; dólar caro; grupos políticos avançando no orçamento.

Deu ruim. Vai ter que consertar tudo de novo.[exatamente: para consertar o que recebeu com defeito e que se somou aos danos decorrentes da peste, é que o POVO BRASILEIRO, com as BÊNÇÃOS de DEUS, outorgará mais quatro anos ao 'capitão'. RELAXE, ACEITEI que vai doer bem menos.]

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista

Coluna publicada em O Globo - Economia 11 de setembro de 2021
 

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Caminhoneiros paralisam rodovias em oito estados e acendem alerta - Terrorismo de extrema-direita representa maior ameaça aos EUA pós 11/09 -

Boletim da Polícia Rodoviária Federal já alerta sobre bloqueios; em São Paulo, caminhoneiros tentam se mobilizar

A Polícia Rodoviária Federal de pelo menos seis estados relatam pontos de bloqueio por conta de paralisação de caminhoneiros. Segundo informações de delegacias regionais da PRF, os bloqueios acontecem na Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Maranhão, Paraná e Santa Catarina. Caminhoneiros de São Paulo conversaram com o Radar Econômico e dizem que estão se organizando para fazer bloqueios nas regiões de Caçapava e Jacareí a partir da noite desta quarta-feira.

O ministério da Infraestrutura confirma que os bloqueios acontecem 4 estados e diz que “não há coordenação de qualquer entidade setorial do transporte rodoviário de cargas e a composição das mobilizações é heterogênea, não se limitando a demandas ligadas à categoria.” O ministério também acredita que até o fim do dia os movimentos já terão terminado. A maior manifestação acontece em Santa Catarina. No Maranhão, os manifestantes fecharam rodovias em Balsas e a pauta seria protesto contra o Supremo Tribunal Federal, segundo informações da PRF no estado.

O experiente gestor da Armor Capital e especialista em câmbio, Alfredo Menezes, fez o alerta: “O foco agora para o mercado é o movimento de caminhoneiros. Seria horrível para o PIB e o fiscal. Um tiro no pé.” As ações da Petrobras caem mais de 4,7% nesta quarta-feira, 08, com receio dos investidores que as paralisações possam ter a ver com o preço dos combustíveis. O Ibovespa cai mais de 3% e o dólar sobe quase 2,5%, aos 5,31 reais.

VEJA - Radar Econômico

Desde os atentados às Torres Gêmeas, extremistas supremacistas mataram mais americanos do que extremistas islâmicos radicados no país

Os anos em que Donald Trump ocupou a presidência dos Estados Unidos ficaram marcados pelo avanço da extrema-direita no país. O comício de supremacistas brancos em Charlottesville, em 2017, e os eventos do Capitólio, em janeiro de 2021, são os grandes expoentes dessa crescente. 

Ainda que haja uma tentativa de minimizar ou isolar esses incidentes por parte de simpatizantes, especialistas alertam que o crescimento desse movimento é uma forma de terrorismo que se tornou a maior ameaça à segurança doméstica dos Estados Unidos. Desde o 11 de setembro, os extremistas de direita foram mais responsáveis por mortes de americanos do que os fundamentalistas islâmicos radicados no país.

No início do ano, um relatório feito pela inteligência americana advertiu que os ataques por motivação racial representam uma ameaça de terrorismo doméstico mais letal do que em anos anteriores, sendo mais séria do que potenciais ataques vindos do exterior. A Casa Branca já tem, inclusive, uma estratégia para lidar com o problema.

O diretor do FBI — a polícia federal americana –, Christopher Wray, disse ao Congresso que os atos de 6 de janeiro não são um fato isolado, “mas uma demonstração de que o problema do terrorismo está se espalhando por todo o território americano há varios anos”. Ele acrescenta ainda que os ataques mais letais da última década foram causados por grupos supremacistas. 

Apesar das inúmeras advertências, o assunto foi minimizado ao longo dos anos. A atenção e os recursos foram direcionados em sua maioria para ameaças exteriores, como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico, subestimando o nível de ameaça desses grupos. “É inegável que o governo federal subestimou a ameaça, principalmente após os eventos de 11 de setembro, quando o foco passou a ser muçulmanos, estrangeiros e pessoas de cor”, diz Hina Shamsi, diretora do projeto de segurança nacional da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) ao jornal The Guardian.

Muitos especialistas governamentais e não governamentais estudam o fenômeno do terrorismo doméstico, analisando ameaças deliberadas ou atos de violência motivados por questões ideológicas que intimidam a sociedade americana. A plataforma de pesquisa New America analisou os 251 assassinatos que se encaixam nessa categoria desde os atentados de 2001.

O relatório concluiu que membros da extrema-direita mataram 114 pessoas em mais de 30 ataques, enquanto os que seguem ideologias extremas do islamismo, mas sem ligação com o exterior, mataram 107 indivíduos em 14 ataques. 

O Departamento de Justiça americano reprime duramente aqueles que ameaçam a vida da população em nome da Al-Qaeda ou do EI, trazendo acusações relacionadas ao terrorismo, resultando em grandes sentenças independente da realização ou não do ataque. Quando se trata de supremacistas brancos, a situação é diferente. Segundo levantamento feito pela Organização Centro Brennan para Justiça da escola de direito da Universidade de Nova York, ataques cometidos por esses grupos muitas vezes são minimizados a crimes de ódio ou violência de gangues, com os casos passando para legislações estaduais ou locais. 

David Sterman, um dos autores do relatório da New America, diz que os atos de extremistas são mais difíceis de policiar, uma vez que há alinhamento de pensamento com a política dominante dos Estados Unidos, acrescentando que o racismo tem um grande papel na disparidade da fiscalização. O atentado de Oklahoma, quando um homem bombardeou um prédio federal matando 168 pessoas e ferindo 680 em 1995, colocou um holofote no terrorismo doméstico de extrema-direita, porém, após os atentados de 11 de setembro, o então presidente George W. Bush direcionou todos os esforços para combater a ameaça externa. 

Durante seus dois mandatos, de 2001 a 2009, sete incidentes fatais que terminaram com 10 mortos e 11 feridos foram realizados por membros de extrema-direita, motivados por ideologia anti-gay, supremacia branca e retaliação pelo atentado às Torres Gêmeas, enquanto jihadistas foram responsáveis por dois ataques que terminaram com três mortos e nove feridos.

O terrorismo dentro do país se tornou ainda mais forte a partir de 2009, quando grupos motivados pela recessão econômica e pela eleição do primeiro presidente negro do país se tornaram mais agressivos. 56 pessoas morreram e 40 ficaram feridas durante os anos de governo de Barack Obama. A campanha presidencial de Donald Trump, em 2016, foi pautada em cima de uma retórica nacionalista branca. Quando se elegeu, o discurso foi posto em prática, como a proibição de viagens de imigrantes de uma série de países muçulmanos e a redução da entrada de refugiados vindos da América. Esse encorajamento por parte do ex-presidente trouxe consequências: mais de 10 ataques causados por extremistas de direita mataram 48 pessoas e feriram outras 59.

Ainda não está claro qual a estratégia que será adotada pelos Estados Unidos para continuar lidando com a escalada do terrorismo doméstico. No entanto, o aumento do número de ataques — cada vez menos isolados — liga o alerta para que a situação receba a devida atenção.

VEJA -  Mundo