Ambiente político e China fazem dólar chegar a R$
4,13 e atingir novo recorde
Moeda
americana registra alta de quase 2%; Bolsa opera estável
O dólar comercial até abriu os negócios
desta quarta-feira em queda, mas a
divisa voltou a ganhar força e agora opera em terreno positivo, atingindo novo recorde da história do Plano
Real, chegando a R$ 4,137 na
máxima. No atual pregão, o ambiente
político e a desaceleração na China são fatores que preocupam. Às 12h26, a
divisa era negociada a R$ 4,129 na compra e a R$ 4,131 na venda, alta de 1,89%
ante o real. Já a B— Após as 10h um movimento de compra começou a puxar o dólar
para cima. As moedas lá fora também estão se desvalorizando um pouco, mas ainda
não é possível saber o motivo exato dessa mudança de trajetória — afirmou
Felipe Silva, analista da Saga Capital.
Na
terça-feira, a alta foi de 1,81%, com a divisa chegando
a R$ 4,054. No atual pregão a volatilidade predomina e com isso o dólar
já variou, em cerca de três horas de negociação, entre a mínima de R$ 4,016 e a máxima de R$ 4,137. A valorização
da moeda é estimulada pelo conturbado cenário político brasileiro.
A dificuldade do governo em
implementar as medidas do ajuste fiscal, e assim controlar o crescimento da dívida pública, faz com que seja maior a probabilidade do Brasil receber um
novo rebaixamento da nota de classificação de crédito (rating) pelas agências de avaliação de risco. A expectativa é que a próxima a cortar a nota seja a Fitch,
mas nessa agência o Brasil ainda está dois níveis acima do grau especulativo - na Moody’s está apenas um degrau acima
desse patamar e na Standard & Poor’s
o país já perdeu o selo de grau de investimento.
Nesta
quarta-feira, as atenções estão voltadas para a
continuação da votação dos vetos presidenciais no Congresso Nacional.
Foram mantidos em sessão na terça-feira 26
dos 32 vetos, o que trouxe um alívio no início dos negócios desta
quarta-feira. No entanto, a sessão foi obstruída e os parlamentares terão que
votar se mantém ou não o veto ao aumento dos servidores do Poder Judiciário. “O sucesso parcial do governo Dilma Rousseff
na condução das votações que ocorreram até a madruga é provável que o real
recupere parte das recentes perdas, mesmo com a manutenção do cenário adverso
na China”, avaliou Ricardo Gomes da Silva, analista da Correparti Corretora
de Câmbio.
A moeda
americana registra leve alta no exterior. O “dólar index”, que mede o comportamento da divisa frente uma cesta
de dez moedas, sobe 0,16%.
Na
avaliação de Steve Barrow, estrategista do sul-africano Standard Bank, o dólar
continuará ganhando força frente a outras moedas mesmo que a perspectiva de
aumento da taxa de juros nos Estados Unidos seja postergada. Isso porque a
União Europeia e o Japão devem continuar a adotar medidas de estímulo monetária
em suas economias, enfraquecendo o euro e o yen em relação à moeda americana. “A continuidade do fortalecimento do dólar
contra o dólar e yen é baseada no fato de que o Banco Central Europeu e o Banco
do Japão ainda estão suscetíveis a facilitar a política monetária ainda mais. O
BCE já iniciou conversar sobre ampliar os estímulos (quantitative easing) e nós
pensamos que o Banco do Japão poderia fazer o mesmo no próximo mês”,
afirmou, em relatório a clientes.
CHINA
NO RADAR
No
Brasil, o
Ibovespa opera em queda mesmo com a alta da Petrobras. As ações
preferenciais da estatal operam com valorização de 0,28% nas preferenciais
(PNs, sem direito a voto), cotadas a R$ 6,99, e as ordinárias (ONs, com direito
a voto) sobem 1,07%, a R$ 8,44.
Os
bancos, que possuem o maior peso na composição do Ibovespa, operam em terreno
negativo. Os papéis preferenciais do Itaú Unibanco têm queda de
0,98% e os do Bradesco recuam 1,14%. O Banco do Brasil registra recuo de 1,41%.
No exterior, a China voltou ao radar, com a
divulgação de que o índice que mede a atividade dos gerentes de compras (PMI)
ficou em 47 pontos na leitura preliminar de setembro. Pontuações abaixo de 50
indicam contração na atividade. Essa leitura forçou para baixo as bolsas
asiáticas. O índice Hang Seng, de Hong Kong, fechou em queda de 2,26% e o
Shangai recuou 2,19%. No Japão, o índice Nikkei fechou em queda de 1,96%.
Apesar do
recuo nas bolsas asiáticas, os
principais indicadores do mercado acionário europeu operam em alta. O DAX,
de Frankfurt, sobe 1,11% e o CAC 40, da Bolsa de Paris, tem valorização de
0,70%. O FTSE 100, de Londres, registra alta de 1,99%. Nos Estados Unidos, o
Dow Jones tem leve queda de 0,03% e o
S&P 500 registra valorização de 0,14%.
Fonte: O Globo