Magnífico dia,
o de ontem, escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para brincar de
marcha soldado, cabeça de papel, se não marchar direito vai preso pro
quartel. Ameaçou desatar uma crise institucional com a desobediência a
uma ordem da justiça. No fim, recorreu ao Supremo Tribunal Federal
contra a decisão de um dos seus ministros. Operou o prodígio de unir os
ministros contra ele. [Não existe nenhum demérito, nem motivo para constrangimento recorrer ao Poder Judiciário.
Quando recorremos à Justiça, buscamos JUSTIÇA.
Se algum inconveniente surgir na relação cidadão x Justiça - seja um cidadão anônimo ou o presidente da República - será quando o cidadão indignado, ofendido, maltratado, vilipendiado em seus direitos, receber justiça da Justiça, que, neste caso, se apequena.
O presidente da República ao buscar Justiça no Poder Judiciário, demonstra sua vocação natural para estadista, meta rumo a qual deu mais um passo.]
No seu caso, bravata é um
mal de família. Eduardo, deputado federal, bravateou no passado que
bastariam um cabo e dois soldados para fechar o Supremo. Anteontem, ao
lado de dois blogueiros investigados pela fabricação de falsas notícias,
que “o momento da ruptura” é só uma questão de tempo. Não faz tanto
tempo assim que o vice-presidente batizou o rapaz de Eduardo Bananinha. Por sua vez, Carlos, o
vereador, boca suja igual a do pai, inaugurou seu novo celular mandando o
PSOL e demais partidos de esquerda para aquele lugar… [para o BEM do BRASIL, torcemos para que tenham ido.] O mais calado dos
três zeros, parceiro de Queiroz na expropriação de parte dos salários
de seus funcionários, Flávio calou-se. Havia celebrado a operação
policial de cerco ao governador do Rio. A nova operação foi para cima
dos seus amigos. Um pai miliciano e seus
três pivetes tumultuam o Brasil com seus delírios. E logo no dia em que o
país registrou um total de 26.754 mortos e de 438.238 pessoas
contaminadas pelo Covid-19. Já morreu mais gente só no Rio do que na
China inteira, berço do vírus. [o governador Witzel foi um dos governadores empoderado pela decisão do STF, dando aos governadores e prefeitos supremos poderes para decidir sobre medidas de combate ao coronavírus - o que torna impossível, e estúpido, qualquer gesto tentando acusar o presidente Bolsonaro, pela inépcia dos chefes do Poder Executivo dos estados e municípios.] O desemprego cresceu 12,6% no primeiro
trimestre do ano. Agora são quase 13 milhões de pessoas em busca de
trabalho.
De nada disso falou o
presidente da República no seu encontro diário com devotos à saída do
Palácio da Alvorada. “Mais um dia triste na nossa história. Mas o povo
tenha certeza: foi o último dia triste”, começou ele. “Repito: não
teremos outro igual ao de ontem. Chega. Chegamos no limite”. Em seguida,
alvejou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, com sua bílis. Não
disfarçou a fúria. A operação da Polícia
Federal contra fabricantes de falsas notícias espalhadas por robôs para
enfraquecer a democracia foi autorizada por Alexandre. Bolsonaro não
citou o ministro. Mas não precisava. “Acabou, porra! Me desculpem.
Acabou! Não dá mais para admitir atitudes de certas pessoas
individuais”, como se fosse possível existirem pessoas coletivas. Pessoa
é algo muito pessoal…
“Ordens absurdas não se
cumprem”, disse, sem dizer se ordens absurdas partidas dele não deverão
mais ser obedecidas. “E nós temos que botar limites nessas questões”.
Aproveitou a ocasião para elogiar blogueiros, empresários e deputados
bolsonaristas intimados a depor na Polícia Federal. E num rasgo de
sinceridade, exclamou: “Querem tirar a mídia que eu tenho a meu favor”.
O fantasma do golpe
causou assombro [falso, fingido] no Congresso virtual e para além dos estreitos limites
da Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Mas para que haveria um
golpe?
Para salvar a família Bolsonaro dos seus apertos?
Golpe com o
apoio de quem?
Dos 30% dos brasileiros fiéis a Bolsonaro contra os 70%
que não são?
É verdade que os 30% se comportam como se fossem 70%, e
vice-versa.
Golpe para livrar o país
de quais perigos?
Do perigo do comunismo? Não há mais comunismo fora da
China e da Coreia do Norte.
De Cuba que exporta revolução? Essa Cuba não
existe mais e seu carismático ditador, aqui recepcionado pela fina flor
da sociedade carioca no começo dos anos 60 do século passado, está
enterrado.
Perigo de inflação descontrolada? Ela nunca foi tão baixa.
Golpe para empossar qual dos generais da ativa?
Como é mesmo o nome deles? [de todas as perguntas adequadamente apresentadas pelo articulista, a antepenúltima é a única merecedora de a merece um SIM como resposta.
Fundamentado no fato de que o Poder Legislativo está coagindo o Poder Executivo a assumir encargos que pertencem aos estados e municípios.
O Brasil não tem recursos suficientes para isto e, infelizmente, vai ter que colocar em funcionamento a máquina de imprimir dinheiro = hiperinflação descontrolada + recessão (consequência inevitável da pandemia) + queima de reservas = situação igual ou até pior que a herdada por Itamar Franco: o verdadeiro CAOS CAÓTICO.
Se conselho fosse bom não era grátis, mas aqui vai um: conveniente lembrar de Márcio Moreira Alves - ex´deputado carioca.]
Sim, porque generais
com comando de tropas não dariam um golpe para seguir batendo
continência para um ex-capitão. E Bolsonaro não é qualquer um
ex-capitão. Foi promovido a capitão para evitar maiores problemas depois
de ter sido afastado do Exército por indisciplina e conduta antiética.
Capitão de triste memória. Em breve, o Supremo
Tribunal Federal responderá ao recurso de Bolsonaro em favor da sua
tropa de meliantes digitais. E o que ele fará se a resposta for
negativa? Cartas para a redação. Ou melhor: comentários abaixo.
Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista