Desemprego de maio a julho fica em 8,6%, maior taxa
desde 2012
Número de
desocupados cresceu 26% em um ano, segundo Pnad Contínua, do IBGE
Déficit
de Tesouro, Previdência e BC cai em agosto, mas é recorde no ano
Despesas superaram receita em R$
14,013 bilhões nos oito
primeiros meses do ano. No mês passado,
déficit foi de R$ 5,081 bi
Déficit da Previdência cresce 21% no ano, até
agosto
A taxa de
desemprego no país ficou em 8,6% no trimestre encerrado em julho, segundo a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, que apresenta
dados referentes a todos os estados brasileiros. É a
maior taxa da série histórica iniciada em 2012 e a sétima alta seguida. No mesmo período do ano anterior a
taxa ficou em 6,9%, enquanto no trimestre encerrado em abril de 2015, que serve
de base de comparação, ficou em 8%. — Como houve aumento expressivo da desocupação, não tinha como a taxa de
desemprego não atingir esse percentual elevado — explicou Cimar Azeredo,
coordenador de Trabalho e Renda do IBGE.
O
rendimento médio recebido em todos os trabalhos (R$ 1.881) ficou estável frente
ao período de fevereiro a abril (R$ 1.897). Na comparação com o mesmo trimestre
do ano passado (R$ 1.844), houve alta foi de 2%. A massa de rendimento real
habitualmente recebida em todos os trabalhos para o trimestre encerrado em julho
(R$ 167,8 bilhões) também não apresentou variação estatisticamente
significativa frente ao trimestre encerrado em abril. Em relação maio-julho de
2014, houve alta de 2,3% (R$ 164,1 bilhões). Nos três meses encerrados em julho, o país
tinha 8,6 milhões de pessoas desocupadas. De fevereiro a abril, esse total era de 8
milhões, ou seja, houve alta de 7,4% ou mais
593 mil pessoas nesse contingente. Já na comparação com o período de
maio a julho do ano passado, a alta no número de desocupados foi de 26,6% ou 1,8 milhão de
pessoas.
Já o
número de pessoas ocupadas foi de 92,2 milhões, sem variação significativa em
relação ao trimestre de fevereiro a abril deste ano. Na comparação com o mesmo
trimestre de 2014, o dado também ficou estável. O nível de ocupação — indicador que mede a parcela da população
ocupada em relação à população em idade de trabalhar — ficou em 56,1%,
menor do que os 56,3% registrados no trimestre encerrado em abril deste ano e
do que os 56,8% de maio a julho de 2014.
A força
de trabalho — que considera quem está
trabalhando e quem está em busca de uma vaga — foi estimada em 100,807
milhões entre maio e julho, crescendo 0,6% com relação ao período de fevereiro
a abril de 2015, (100,207 milhões). E foi 2,1% maior do que a força de trabalho
registrada de maio a julho de 2014, quando ficou em 98,742 milhões.
DIMINUI
O NÚMERO DE TRABALHADORES COM CARTEIRA
O total de empregados no setor privado com carteira
assinada caiu 0,9%, o que
representa menos 337 mil pessoas, frente ao período de fevereiro a abril de
2015. Na comparação com maio a julho de 2014, a redução foi mais acentuada, de
2,5% ou 927 mil pessoas. Já o número de empregadores e trabalhadores por conta
própria cresceu 8,1% e 4,2%, respectivamente, frente ao trimestre de maio a
julho de 2014.
A perda de quase um
milhão de empregos com carteira de trabalho assinada — que garante direitos trabalhistas — na comparação com o mesmo trimestre do ano
anterior, num mercado que não contrata, tem levado à busca de renda no mercado
informal, como indica o número de pessoas trabalhando por conta própria, que
ganhou 883 mil pessoas na mesma comparação. E, essas pessoas que perderam o
trabalho acabam levando parentes a buscar emprego, fazendo pressão no mercado e
aumentando a população desocupada, que entre maio e julho ficou em 8,6 milhões,
alta de 26,6% na comparação com o mesmo trimestre de 2014.
A perda da carteira de
trabalho, segundo Azeredo, leva à perda da estabilidade: — A desocupação está aumentando
em razão da busca pela estabilidade. Você tem queda no número de trabalhadores
com carteira assinada. E quando esse trabalhador perde o emprego com carteira,
além de ele tentar se reinserir no mercado na informalidade, ele leva mais
pessoas do eixo familiar para o mercado, em busca de emprego, fazendo pressão.
Despesas
de Tesouro, BC e Previdência superaram receitas em R$ 5,08 bi
Com as receitas num patamar muito
inferior ao esperado para o ano e as despesas engessadas, o governo central (formado por Banco Central, Tesouro Nacional e
Previdência Social) registrou um déficit primário de R$ 5,081 bilhões em agosto.
Nos oito primeiros meses do ano, o déficit foi de R$ 14,013 bilhões — pior resultado para o período da série histórica, iniciada em 1997. Este foi o
quarto mês consecutivo em que a equipe econômica não conseguiu poupar nenhum
centavo para o pagamento de juros da dívida pública. O último superávit do
governo foi em abril.
Déficit da Previdência cresce 21% no ano, até
agosto = uma CPMF por ano, só para tampar o déficit
Um dos
problemas estruturais da economia brasileira, o déficit da Previdência Social cresce de maneira explosiva. O rombo ficou 21% maior entre janeiro e agosto, contra o
mesmo período de 2014. Em oito meses, o déficit atingiu R$ 44,5 bi.
O peso da
Previdência nas contas públicas é grande. No ano até agosto, o governo central
registrou déficit primário de R$ 14 bi, ou 0,37% do PIB. No período, houve
queda de 2,1% nas despesas. Mas a receita líquida caiu mais, 4,8%.
O resultado ajuda a entender
porque a Previdência precisa de uma reforma. Aumentar impostos para cobrir o buraco não vai resolver o
problema. Com essa dinâmica, alertam
os especialistas, seria preciso criar uma CPMF por ano para tampar o déficit.
Fonte: Coluna da Míriam
Leitão e O Globo