Presidente eleito
tem pela frente a tarefa difícil de encontrar soluções para os graves
problemas da economia, como o desemprego e o rombo nas contas públicas
O futuro presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), vai ter que
lidar de frente com, pelo menos, 10 grandes problemas na economia, se
quiser fazer um bom governo. Economistas ouvidos pelo Correio
são unânimes em afirmar que, sem resolver a questão fiscal para frear o
forte crescimento da dívida pública, não será possível solucionar os
demais desafios, que estão interligados.
A dívida pública total está próxima de 80% do Produto Interno Bruto
(PIB), quase o dobro da média dos países emergentes, que é inferior a
50% do PIB. Em 2010, ela estava em torno de 60%. Para interromper a
alta, será necessário um ajuste fiscal em torno de R$ 300 bilhões, ou 4%
do PIB . O economista José Luis Oreiro, professor da Universidade de
Brasília (UnB), diz que não será fácil estancar o deficit das contas
públicas, que se repete desde 2014, e afirma que aumento de impostos
“será inevitável”. Na avaliação dos analistas,
se quiser recuperar a economia, o governo não pode adiar as reformas
estruturais porque 98% da receita líquida do governo estão comprometidos
com gastos obrigatórios, sobrando pouco para investimento, que é o
vetor que movimenta a roda da economia.
A
despesa mais expressiva é a da Previdência Social, que cresce em ritmo
acelerado, acima da inflação, e alcança 13% do PIB, patamar superior ao
de países desenvolvidos e com população mais idosa do que o Brasil, como
o Japão. Não à toa, especialistas consideram que a reforma do sistema
de aposentadorias é o item mais urgente da pauta do novo presidente. Sem
a reforma, as contas públicas continuarão desequilibradas e a taxa de
investimento do país se manterá baixa, travando o crescimento do PIB. “Se
quiser ter sucesso no mandato e se reeleger, Bolsonaro precisa
enfrentar o problema da Previdência. Caso contrário, fará um governo
medíocre”, afirma o economista Paulo Tafner, que, com o ex-presidente do
Banco Central Armínio Fraga, prepara uma proposta ampla que poderá
economizar R$ 1,3 trilhão em 10 anos.
Pelas
contas de Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, num cenário de
avanço das reformas, o rombo das contas públicas será zerado apenas em
2023, mas a dívida pública bruta continuará crescendo até 2027, chegando
a 88,8% do PIB. Um dos setores que precisam
urgentemente de investimentos é o de infraestrutura. Adriano Pires,
diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), reforça, porém,
que só haverá aplicação expressiva de recursos no setor se as contas
públicas forem ajustadas e houver segurança jurídica para os
investidores. Segundo Pires, com a atual estrutura, o país não comporta
um crescimento acima de 3% ao ano. “No caso da energia elétrica, o
quadro é pior. Há risco de interrupção de fornecimento se o PIB crescer
mais de 2% no ano que vem”, adverte.
O governo
precisa criar um ambiente favorável para esses investimentos, “evitando a
concentração e estimulando a concorrência, com estabilidade regulatória
e segurança jurídica”, afirma Pires. “O investimento é baixo porque
esse ambiente não existe. O Estado não tem condição de investir e, sem
mudanças, corre o risco de privatizar setores estratégicos para
investidores ineficientes, o que, em vez de reduzir o custo, continuará
elevando as tarifas para os consumidores”, alerta. Otaviano
Canuto, diretor do Banco Mundial, observa que a deterioração das contas
públicas está na raiz da perda de dinamismo da economia brasileira.
“Enquanto a produtividade e o potencial de crescimento do PIB mantiveram
aumentos anêmicos, os gastos públicos correntes anuais subiram
acentuadamente, em termos reais, ao longo das últimas décadas: 68% entre
2006 e 2017”, afirma. “Como proporção do PIB, despesas públicas
ascenderam de menos de 30%, na década de 1980, para 40% em 2017.
Enquanto isso, investimentos públicos definharam — menos de 0,7% do PIB
no ano passado — explicando em parte a precariedade da infraestrutura no
país”, reforça.
A recessão de 2015 e 2016, que
provocou uma retração de mais de 8% na produção de bens e serviços, fez
o desemprego explodir e a pobreza voltar a crescer no país. [triste é ter a certeza que mesmo sendo essa tragédia criação do PT, 47.040.819 eleitores (os que votaram no Haddad) desejam a manutenção e acréscimo dessa tragédia - são autênticos criminosos, traidores da Pátria.] Pelas
estimativas de Marcelo Neri, economista da Fundação Getulio Vargas
(FGV), se o país tiver uma expansão média de 2,5% no PIB, a taxa de
pobreza voltará ao mesmo patamar de 2014 apenas em 2030. Além
disso, é preciso simplificar o sistema tributário. “Temos de eliminar a
complexidade do nosso sistema. Há uma parafernália de regras que
assusta investidores”, diz o presidente do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), Ernesto Lozardo. “Incentivos
fiscais precisam ser revistos, porque grande parte deles não trouxe
benefícios. A desoneração da folha de pagamento, por exemplo, adotada
com o intuito de criar empregos, não aumentou o número de ocupados. Pelo
contrário, reduziu. Beneficiou apenas empresários, que aumentaram
lucros”, pontua.
Questões na mesa
Veja 10 dos maiores
desafios econômicos que precisarão ser enfrentados pelo presidente
eleito e soluções sugeridas por especialistas:
Contas públicas, Previdência, Investimento, Comércio exterior, Infraestrutura, Inflação, Juros, Desemprego, Desigualdade, Tributação
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Correio Braziliense