Em uma tentativa para retomar o crescimento
acelerado, o Facebook agora quer acesso a dados financeiros de seus usuários
Diante de
uma crise de confiança que já afeta o seu número de usuários e, por extensão,
suas fontes de receita, o Facebook decidiu contra-atacar. A rede social
fundada e comandada por Mark Zuckerberg está em negociação com bancos
americanos para tentar obter acesso aos dados dos correntistas, tais como os
registros de uso do cartão de crédito e o saldo nas contas.
O objetivo da
empresa é ampliar a oferta de serviços, provavelmente por meio de sua
ferramenta de mensagens instantâneas, o Messenger, de modo a aumentar o
engajamento dos usuários. Com a revelação da nova empreitada, as ações da
companhia subiram 4,5% em um único pregão. “Nós nos associamos a bancos e
empresas de cartão de crédito para oferecer serviços como chat para suporte de
clientes ou gerenciamento de contas”, afirmou o Facebook em comunicado oficial.
Mas não
será uma tarefa trivial convencer as instituições financeiras e,
principalmente, os correntistas a compartilhar tais dados com o Facebook. A
rede social teve a sua reputação manchada com a revelação, em abril, de que
permitiu o acesso a informações de 87 milhões de usuários à Cambridge
Analytica, uma empresa britânica de análise de dados. O episódio fez crescer
entre autoridades regulatórias e congressistas de vários países a preocupação
em proteger os dados dos usuários da plataforma e punir quem se descuidar desse
direito fundamental. Sofrendo com a perda de confiança, o Facebook anunciou
recentemente que vai ampliar os gastos para reforçar a segurança e a
privacidade de seus mais de 2 bilhões de usuários no mundo. Além desse
episódio, a companhia sofreu acusações de que foi e continua a ser instrumento
de manipulação política por meio de perfis falsos que propagam fake news
— e tem buscado reagir bloqueando e excluindo páginas suspeitas. As denúncias
afetaram seu desempenho e as projeções para os próximos meses, com efeito
devastador sobre o valor de mercado da companhia: as ações chegaram a cair 20%
em um dia, o que gerou uma perda de 123 bilhões de dólares na bolsa.
Recuperar
a confiança é crucial para o Facebook. Quanto mais informações as pessoas
estiverem dispostas a ceder, mais valiosas serão as redes sociais para os
investidores e para as empresas parceiras, alimentando um círculo virtuoso que
amplia a sua relevância. Hoje, já é possível transferir dinheiro por meio do
Messenger entre pessoas amigas no Facebook. Trata-se de um modelo disseminado na
China, onde imperam os chamados superaplicativos, como o WeChat Pay, que
permitem o pagamento de serviços diversos. É curioso que a empresa, acusada de
fazer pouco-caso da privacidade de seus usuários, queira agora os dados
bancários deles. Mas o Facebook confia na estratégia. “Uma parte essencial das
parcerias é manter as informações das pessoas seguras e protegidas”, disse a
companhia. Que assim seja, para o bem dos usuários.
Hugo Gloss, o “influenciador digital” mais
cortejado pelas celebridades fala sobre truques usados por quem tenta parecer
importante nas redes sociais
Bruno
Rocha Fonseca, brasiliense de 32 anos, é um fenômeno na internet. Seus 12,2 milhões
de seguidores no Instagram superam a marca de famosos como a pop star Madonna
(11,5 milhões). Mais conhecido como Hugo Gloss (uma brincadeira com o
nome do estilista alemão Hugo Boss), ele chamou atenção com tiradas engraçadas
no Twitter, há cerca de dez anos. Acabou contratado como redator do programa Caldeirão
do Huck, da Rede Globo, emprego no qual passou seis anos, enquanto se
consolidava como o influenciador digital — pessoa que dita tendências de
consumo e comportamento na web — mais badalado pelas celebridades. Hoje, Hugo
Gloss produz um site com notas sobre famosos e tem mais de 20 milhões de fãs,
somando-se todas as redes sociais, nas quais a atração principal, com
frequência, é ele próprio, em viagens, festas e cenas de bastidores ao lado de
nomes que vão de Ivete Sangalo a Katy Perry.
12,2
milhões de seguidores no Instagram superam a marca de famosos como a pop star
Madonna (11,5 milhões). Mais conhecido como Hugo Gloss (uma brincadeira
com o nome do estilista alemão Hugo Boss), ele chamou atenção com tiradas
engraçadas no Twitter, há cerca de dez anos. Acabou contratado como redator do
programa Caldeirão do Huck, da Rede Globo, emprego no qual passou seis
anos, enquanto se consolidava como o influenciador digital — pessoa que dita
tendências de consumo e comportamento na web — mais badalado pelas
celebridades. Hoje, Hugo Gloss produz um site com notas sobre famosos e tem
mais de 20 milhões de fãs, somando-se todas as redes sociais, nas quais a atração
principal, com frequência, é ele próprio, em viagens, festas e cenas de
bastidores ao lado de nomes que vão de Ivete Sangalo a Katy Perry.
Quanto
custa um post no seu Instagram?
A partir de 35 000 reais. Tem todo tipo de
proposta: gente que quer se promover, sex shop, saco de lixo. Trabalho, no
entanto, para que meu site seja mais forte que qualquer rede social. Quem
depende do Instagram ou do Facebook está à mercê dos algoritmos, que fazem com
que os posts apareçam para um número restrito de pessoas que seguem você.
Seguidor não é sinônimo de dinheiro.
Nem
milhões de seguidores?
A internet não é a vida real, é uma edição da realidade, filtrada como
cada um bem entende. Não é à toa que o Stories (recurso do Instagram no qual
vídeos e fotos publicados desaparecem depois de 24 horas) tem esse nome,
porque ali você é autor da própria narrativa, que pode tanto ser fiel como
ficcional. Há agências que contratam posts para eu inserir no Stories e exigem
aprovação prévia. Isso significa que, ao contrário do que parece, os vídeos não
são necessariamente do momento. É preciso entender que existe um abismo entre
conquistar muitos seguidores e conseguir viver apenas do seu trabalho nas
redes. Desde 2008, quando comecei no Twitter, eu tinha números altos, mas só
pude sair do emprego na Globo e me dedicar exclusivamente a ser Hugo Gloss oito
anos depois. Vale ainda dizer que muita gente compra seguidores e curtidas das
tais fazendas de perfis falsos.
Como isso
funciona? Existem
empresas cujo negócio é criar e administrar perfis falsos, para vender
curtidas, fazer algo parecer muito maior, seja de um político, seja de um
artista. Nunca comprei nem me envolvi, mas sei que são adquiridos aos milhares.
Há cantores que inflam números de curtidas e visualizações no YouTube utilizando
esse recurso. As pessoas acham que a música está estourada, ficam curiosas, e
aquilo acaba eventualmente decolando de fato.
“Tem
gente que viaja por dois dias ao exterior, tira fotos com roupas diferentes
para que os seguidores achem que ficou mais tempo. Ou se hospeda por um dia no
Hotel Fasano e faz o mesmo”
Que
outros truques são usados nas redes?
É muito comum gente que viaja por dois dias ao
exterior, tira fotos com roupas diferentes para montar um arquivo e os
seguidores acham que a pessoa ficou muito mais tempo fora. Ou se hospeda por um
dia no Hotel Fasano do Rio e faz a mesma coisa. Tem gente que se hospeda, chama
um amigo e posa com sungas e biquínis variados para parecer habitué.
No seu
site você não fala de outros influenciadores. Por quê? Porque prefiro falar dos famosos
de verdade. O Brasil é gigante, e virar uma pessoa famosa requer passar pela
televisão ou pelo rádio, que chegam a áreas do país onde ainda não há internet.
Influenciador, então, não é celebridade. Por outro lado, a maioria dos atores e
atrizes não sabe ser influenciadora, fica presa ao arquétipo do galã ou da
mocinha, e isso não cola.
MATÉRIA COMPLETA em VEJA de 15 de agosto de 2018, edição
nº 2595